Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Fotografia artística e fotojornalismo - Manuel Correia

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sábado, 18 de Dezembro de 2004  

Fotografia artística e fotojornalismo

Todos os objectos que não exigem ser experienciados esteticamente são objectos práticos, veículos de comunicação e funcionais. Para ser fotografia artística implica ser experienciada esteticamente, com olhar desprendido da intelectualidade e não emocionalmente relacionada com realidades exteriores. Sendo representação artística, pode conter aspectos práticos e de funcionalidade, mas estes são secundários. Um juizo emitido pelo vulgo ou senso comum, não é suficiente para se considerar "arte". É preciso um juizo que ultrapasse o limite da subjectividade individual. Assim sendo, o fotojornalismo será uma linguagem prática e um veículo de comunicação funcional? A resposta é sim, embora tenha de se considerar aspectos colaterais que, somados aos primeiros, fazem da fotonotícia uma composição tanto mais rica quanto maior for o número de elementos que a compõem. Mas sem desviar a atenção dos leitores daquilo que é primordial: o registo da essência da condição humana, em imagens capazes não só de informar os leitores como também de lhes trazer esclarecimentos, a nível racional. No fotojornalismo, é obrigatório algo mais: um determinado olhar pirrónico, a visão crítica do fotógrafo-jornalista e a certeza de que nem todos os acontecimentos são notícia. O fotojornalista e o fotógrafo-artista, embora lidando com géneros diferentes, têm, pelo menos, um ponto comum: ambos não deixam de pressupor um diálogo entre aquilo que representam e o observador. Tal é suficiente para se justificar uma interrelação disciplinar, porque o destinatário dos seus trabalhos é comum - o Homem.
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in Perspectiva(s) e Fotojornalismo de Manuel Correia


© Gonçalo Lobo Pinheiro - Script
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