Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 24 de julho de 2010

Grazia Toderi inaugura mostra no Museu de Serralves

Artes Plásticas

Luis Braga da Cruz, Presidente do Conselho de Administração da 
Fundação de Serralves, 2010

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A mostra "De Babel a Atlante: As declinações do Mundo segundo Grazia Toderi" assinala o regresso da italiana Grazia Toderi, ao Museu de Serralves, nove anos depois da sua primeira exposição, com dois trabalhos criados especificamente para esta mostra.
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O Museu de Serralves recebe, de 24 de Julho a 31 de Outubro, a primeira exposição que reúne todas as instalações de vídeo realizadas depois de 'Rosso Babel' (2006) e que incluiu 'Atlante' e 'Diafragma', duas obras criadas pela artista italiana que recolhem imagens de Portugal.
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'Atlante foi a primeira impressão que tive quando cheguei aqui. Levaram-me para junto do mar para conversarmos, quando cá estive há nove anos. Senti imediatamente a diferença entre a nossa posição [dos italianos], e a vossa. Vocês estão mesmo na ponta', contou à Lusa Grazia Toderi.
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Fascinada pelo que descobriu, a artista italiana ficou surpresa ao ver que as pessoas em Portugal olhavam imediatamente para o horizonte à sua frente, o que é "totalmente diferente daquilo que os italianos fazem quando estão junto ao mar".
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'Aqui há um sentimento de respeito', o mesmo sentimento que sentiu pela 'energia incrível' proporcionada pelo céu e pelo posicionamento do país.
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'O primeiro pensamento foi 'onde é que eu estou neste momento?', confessou a artista sobre a inspiração que esteve por detrás de 'Atlante', obra que resultou de uma viagem de três meses entre Santiago de Compostela e Sagres.
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Grazia Toderi viajou, tirou fotografias, visitou sítios com mar, onde esperou pelo sol, para ver o seu reflexo no mar. 
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'Quando acabei tudo e empreendi a minha viagem de regresso ao Porto, estava a conduzir quando olhei para o céu e vi um estranho anel à volta do sol', disse. 
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'Diafragma', a segunda obra que criou especificamente para a exposição no Museu de Serralves, nasceu dessa descoberta inesperada: 'Não era como se fosse um anel de luz, mas sim uma sombra, seguida de luz. Era como se fosse um grande olho no céu. Comecei a tirar fotografias porque estava perto daquela luz prateada que eu vi aqui. Também a vi no mar, mudando constantemente'.
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'Há algo que se move muito lentamente e que é um circulo de sombra negra que é como um buraco negro, que se assemelha à íris do nosso olho', explicou, destacando que a própria disposição da exposição foi pensada para inserir o vídeo numa sala escura, rodeada de um espaço cheio de luz.
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Para a artista italiana, a sua obra reflecte a luz do universo, até porque a luz é o mais importante no seu processo de criação. 
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'Para fazer algo tenho de usar a técnica mas para mim o mais importante é luz', afirmou, confessando que para si não há 'nenhuma diferença' entre o vídeo, a fotografia ou o desenho.
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Diário de Notícias'Eles são instrumentos. Quando falo estou a usar um instrumento, o meu olho é um instrumento. O meu trabalho é criar algo usando para isso um instrumento qualquer. Não é importante se é vídeo ou foto, porque quando chego para ver o trabalho, não vejo diferença entre a realidade e a imaginação', concluiu.
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Assumiu ainda que 'nunca sabe o que a realidade é'.
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Serralves: As cidades de Grazia Toderi em exposição até Outubro
A parte esquerda de "Orbite Rosse" [2009]
Foto: Grazia Toderi *

Serralves: As cidades de Grazia Toderi em exposição até Outubro

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Exposição abre as portas este sábado, no Museu de Serralves. É a primeira apresentação individual da artista na instituição.
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Ao Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Grazia Toderi traz as suas obras mais recentes, entre as quais "Rosso Babele" (2006). A primeira apresentação individual da artista na instituição abre as portas ao público este sábado e decorre até 31 de Outubro.
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Nas suas obras, a artista italiana recorre ao vídeo e à fotografia como "instrumento" para transmitir a sua mensagem. "Não sabemos, não sei o que é a realidade, e utilizo o instrumento que me ajuda a transmiti-la: pode ser vídeo, desenho ou fotografia", disse Toderi, em declarações aos jornalistas, esta quinta-feira.
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Duas obras foram feitas especialmente para esta exposição: "Atlante" e "Diaframma". Em "Atlante", o mar, as rochas e restantes pormenores da costa portuguesa surgem em duas placas dispostas como um livro aberto. Projectadas, as fotografias animadas com novos pontos de luz são representadas dentro de círculos - "órbitas" - que, em conjunto, personificam os olhos da artista através dos quais podemos ver a realidade.
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O director do Museu e comissário da exposição, João Fernandes, explica que estas duas obras são uma espécie de presente da artista: "é um trabalho que Portugal lhe deu e ela agora devolve as imagens ao país que lhas ofereceu". "São reflexos do sol, da luz. [Portugal] é um país que está na borda, em que as pessoas chegam à praia e olham o horizonte. Existe um respeito pelo mar", refere a artista.
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"Orbite Rosse" e "Rosso Babele" são outras obras em exposição. A primeira (ver imagem principal) foi criada para a Bienal de Veneza do ano passado, em resposta ao convite lançado à artista para participar na exposição conjunta Making Worlds. Já "Rosso Babele" trata-se de um cruzamento de imagens de várias cidades que constitui uma Torre de Babel que se constrói e desfaz. É, para João Fernandes, "uma das grandes imagens produzidas na arte do nosso tempo". 
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Grazia Toderi nasceu em Pádua, Itália, em 1963. Estudou na Academia de Belas-Artes em Bolonha e começou a expor os seus trabalhos há cerca de vinte anos. 
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Artigo corrigido às 16h53
*Imagem: Cortesia da artista
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