Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Pelourinhos 42 / Municípios 24 - Póvoa de Varzim

  Victor Nogueira


2021 12 22 Fotos victor nogueira - Póvoa de Varzim - Paços do Concelho e pelourinho, na Praça do Almada

A Praça do Almada, centro cívico da cidade. está circundada por um conjunto arquitectónico de grande apuramento estético, onde ao granito presente nas fachadas se acrescentam o azulejo e o ferro forjado. Remodelada em 2007 para recuperar a sua memória e a tradição de ser um espaço privilegiado de encontro e passagem de pessoas, nesta praça estão símbolos que marcam a história da Póvoa de Varzim, como o Pelourinho (1514), o edifício dos Paços do Concelho (1807), o Coreto (1909) e o Monumento a Eça de Queirós (1952), célebre escritor aqui nascido em 1845. (CMPV)


A Praça do Almada teve outrora outras designações, como Rua da Calçada, Campo da Calçada, Campo da Feira, Largo da Feira, Praça Nova, Praça Nova do Almada. Painel de azulejos, c. 1900, (in https://www.wikiwand.com/pt/Pra%C3%A7a_do_Almada))


 Praça do Almada in 1900 - central square in Povoa de Varzim - Portugal -  photo: PedroPVZ (Wikipedia)

«Em 1308, D. Dinis outorgou a "Varazim" a primeira carta de foral, doando as terras realengas aos rendeiros da zona norte da povoação, com a condição de os novos habitantes aí fundarem uma póvoa, constituindo um concelho. Foi pois no início do século XIV, que se constituiu o concelho da Póvoa de Varzim, datando possivelmente do século XV a edificação do primitivo edifício dos Paços do Concelho, embora pouco reste da estrutura deste. O edifício quatrocentista assentava sobre uma estrutura de arcadas, que constituíam o piso térreo, encimada pelas duas janelas dos pisos superior, entre as quais estava colocado o brasão de armas da vila (Barbosa: 1937).

Nas últimas décadas do século XVIII a casa camarária da Póvoa de Varzim apresentava sinais de ruína, pelo que em 1791 a edilidade determinou que fosse construído um novo edifício para albergar os Paços do Concelho, sendo essa estrutura tardo-setecentista a que, grosso modo, chegou até à atualidade.  

No início do século XX, os antigos Paços do Concelho (Casa da Câmara, medieval, na Rua de S. Pedro, frente à Igreja Matriz de N. Sra da Conceição)  foram comprados por um particular, que executou obras de recuperação no edifício, transformando-o em residência privada, função que mantém até à data.» (Catarina Oliveira DGPC, 2016 (com a colaboração de Rui Pimpão, CM Vila Nova de Gaia)

Quando foi determinada a construção dos novos Paços do Concelho, em 1791, o edifício encontrava-se em mau estado de conservação. A arcada da frontaria, desenhada em 1790-91 pelo Engº francês Reinaldo Oudinot, sugere a estrutura arquitectónica e decorativa da Feitoria Inglesa do Porto. Inaugurada em 28 de Dezembro de 1807, sofreu, entre 1908-10, profundas obras de ampliação e decoração orientadas pelo etnólogo Rocha Peixoto e pelo pintor belga Joseph Bialman: torre e azulejamento interior e exterior do edifício.


«O primeiro foral das terras de Varzim foi concedido por D. Dinis, em 1308, determinando a constitução de uma pobra (póvoa) que funcionava como concelho independente. D. Manuel concedeu foral novo aos seus moradores no ano de 1514, em resposta às constantes reclamações contra a jurisdição do Mosteiro de Vila do Conde, que detinha direitos sobre o concelho desde 1318. Cerca de duas décadas depois do foral manuelino, em 1537, a Póvoa é incorporada na Coroa, e anexada à comarca do Porto, estabelecendo-se a sua autonomia plena.

O seu pelourinho foi construído na sequência do foral quinhentista, e esteve levantado na cidade, em implantação desconhecida, até 1854. Nesta data, a câmara determinou a sua destruição, por causar dificuldades à circulação automóvel. A coluna foi levada para uma casa particular, e o seu paradeiro é actualmente desconhecido. A esfera armilar do remate conservou-se, estando integrada no actual pelourinho, erguido em finais do século XIX na Praça do Almada, nas imediações dos Paços do Concelho oitocentistas. É a este último monumento que corresponde a classificação.

O actual pelourinho da Póvoa de Varzim assenta num soco de quatro largos degraus quadrangulares, de parapeito boleado, onde assenta um parapelepípedo com faces almofadadas, rematado superiormente por molduras crescentes, e ligando-se ao último degrau por meio de um largo enbasamento. Sobre este plinto repousa o conjunto da base, coluna, capitel e remate. A base da coluna é constituída por três molduras quadrangulares escalonadas, e o fuste é cilíndrico e esguio, sendo lisa a metade inferior, e canelada a superior. É directamente encimada pelo remate, composto por uma peça semelhante a um peão de xadrez, com base formada por três molduras lisas escalonadas e corpo em pináculo liso, encimado por dois aneletes circulares, onde assenta a esfera. Esta é supostamente herdada do pelourinho manuelino, conforme referido.» (SML – DGPC)


VER  coretos 13 - Póvoa de Varzim - Praça do Almada

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