Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Pelourinhos 22 / Municípios 06 - Aljubarrota

 * Victor Nogueira


Aljubarrota - Pelourinho, Torre do Relógio e antiga Casa da Câmara, actual Junta de Freguesia (rolo 345)

«Aljubarrota foi uma das treze vilas dos coutos da abadia cisterciense de Alcobaça, fundados por D. Afonso Henriques em 1147. Fazia parte das terras doadas pelo monarca em 1153 e 1183, sendo então referida como Aljamarôta, talvez corruptela da palavra árabe Aljobbe (poço ou cisterna).

Recebeu a sua primeira Carta de Foral das mãos do então donatário, o abade D. Martinho I, em 1316. A sua localização estratégica, defendendo as ricas terras da Abadia de Alcobaça, junto dos itinerários principais para alcançar Lisboa, fizeram da localidade o palco da célebre batalha entre as tropas portuguesas e castelhanas, as primeiras sob o comendo de D. João I e de D. Nuno Álvares Pereira, resultando numa das mais importantes e mitificadas vitórias portuguesas. Alcobaça viria ainda a receber foral novo, outorgado por D. Manuel, em 1514, na sequência do qual terá sido construído o actual pelourinho.

Este levanta-se na praça do mesmo nome, em local central da vila, junto à antiga Casa da Câmara (hoje sede da Junta de Freguesia) e da torre sineira ou do relógio, da época de D. Sebastião.

Sobre um soco de três degraus circulares, de pedra aparelhada, levanta-se o conjunto da base, coluna, capitel e remate, em granito. A base é tronco-cónica, de planta octogonal, em três registos moldurados, com motivos vegetalistas de tradição gótica. A coluna tem fuste cilíndrico e liso, sobre o qual assenta um capitel oitavado, decorado com oito florões, que para alguns autores se assemelham a "cruzes de Avis estilizadas" (E. B. de Ataíde MALAFAIA, 1997, p. 85). Sobre o ábaco, ainda oitavado, assenta o remate tronco-piramidal, ornado de um escudo encimado por um chapéu, tradicionalmente considerado da "Padeira de Aljubarrota" (Idem, ibidem), muito semelhante a um chapéu cardinalício, por sua vez sobrepujado por esfera armilar.

Por esta via, associa-se por vezes o chapéu à figura do Cardeal D. Henrique, que foi abade comandatário em Alcobaça. Porém, D. Henrique apenas recebeu o chapéu cardinalício em 1546, que parece ser uma data demasiado avançada para a factura do pelourinho. A sua tipologia e elementos decorativos, incluindo o escudo e a esfera armilar, apontam para os anos imediatos à outorga de foral, ainda durante o reinado de D. Manuel. » (SML - DGPC) 

Sem comentários: