* Victor Nogueira
«Porto de Mós é um concelho muito antigo, tendo recebido primeiro foral da chancelaria de D. Dinis, em 1305, e foral novo de D. Manuel, em 1515. (…)Este cruzeiro, de "coluna chanfrada oitavada, lanternim de oito faces com edículas preenchidas por figuras hagiológicas e rematado por uma cruz trevada" (Informação n.º 545/DRCC/2019, p. 10) esteve implantado naquele espaço urbano desde, pelo menos, a década de 20 do século XVI e 1895, quando foi desmontado para que se construísse a Estrada de São Jorge à Chamusca (…) Em meados do século XX, este renovado cruzeiro também não estava já no local, em virtude dos novos traçados viários de Porto de Mós. O remate original do cruzeiro quinhentista, "de forma oitavada, com arcaturas góticas que abrigam ainda restos de imagens", era identificado em 1955 por Gustavo de Matos Sequeira, no decorrer do Inventário da Academia Nacional das Belas Artes, como estando depositado na Igreja de São Pedro (SEQUEIRA, Gustavo de Matos, 1955).
Em 1969 iniciou-se um movimento cívico a favor da reposição do antigo cruzeiro do Rossio de Porto de Mós. Baseando-se numa gravura integrada na obra Portugal de Ferdinand Denis, de 1846, o semanário O Mensageiro propunha à Comissão Regional de Turismo de Leiria que promovesse novamente a montagem do cruzeiro. Em sequência, alguns estudos regionais estudaram as gravuras onde era representado o cruzeiro na sua forma original, concluindo-se que a sua estrutura era efectivamente quinhentista, sendo o remate com escudos de quinas semelhante aos que a Casa de Bragança utilizava no período pós-Restauração (RAMOS, Luciano Justo, 1971, p. 64).
Porém, a estrutura subsistente, que correspondia à remontagem executada em finais do século XIX com o capitel de volutas, permanecia desmontado na Igreja de São Pedro.
No início da década de 1980 a Câmara de Porto de Mós intenta "(re)erguer o monumento no rossio", considerando que este cruzeiro de volutas correspondia ao pelourinho original de Porto de Mós. No ano de 1985 a edilidade optava por executar uma réplica do pelourinho primitivo, embora novos estudos locais feitos à época reafirmassem que nunca havia existido um pelourinho - e sim um cruzeiro, cujos vestígios estavam guardados na Igreja de São Pedro - e tanto o IPPC como a DGEMN se pronunciassem contra a reconstrução de um pelourinho que nunca havia existido.
Depois desta data a Câmara terá então procedido à remontagem do cruzeiro de capitel de volutas, sendo este que se encontra, até ao presente, erigido no Rossio de Porto de Mós, e que está classificado como de interesse público.
Assente sobre um soco de quatro degraus, o cruzeiro de Porto de Mós corresponde a uma coluna de fuste estrido com capitel compósito, encimada por remate superior composto por pináculo vegetalista com dois pequenos escudos e uma cruz.» (Catarina Oliveira - DGPC, 2021»
Santa Marta de Penaguião - «A antiga povoação de Santa Marta de Penaguião teve primeiro foral dado por D. Afonso III, em 1256, e foral novo manuelino, em 1519. Conservou o seu estatuto concelhio até à actualidade, e com ele o velho pelourinho, erguido no largo fronteiro ao edifício da actual Câmara Municipal.
O pelourinho, muito singelo, assenta numa plataforma de três degraus circulares, de aresta, estando o térreo quase totalmente embebido no terreno. A coluna encaixa directamente no degrau superior, elevando-se em fuste cilíndrico e liso, encimado por pequeno anel rebordante. O remate é constituído por uma pinha de base quadrangular, com arestas ligeiramente afeiçoadas, cujo topo se adelgaça em cone truncado, de faces côncavas. A simplicidade do conjunto não permite datá-lo com precisão, embora seja provável que tenha sido construído na sequência do foral manuelino, conservando feição medieval.» (Sílvia Leite – DGPC)
Sernancelhe - «Existindo já no século X, e possivelmente construída sobre as ruínas de um povoado fortificado de altura da Idade do Ferro - castro -, Sernancelhe obteve foral em 1124, durante o governo de D. Teresa (1092-1130), por iniciativa de dois ricos-homens, de seus nomes Egas Gosende e João Viegas, que incentivaram o seu repovoamento, num século em que se construíram outras estruturas marcantes do seu centro, a exemplo da igreja Matriz, de traçado românico. A localidade veria, entretanto, confirmado o primeiro foral nas regências de D. Afonso II (1185-1223), em 1220, e de D. Dinis (1261-1325), em 1295, para ser renovado com D. Manuel I (1469-1521), decorria o ano de 1514.
(…) Erigido no centro das actividades da povoação, fronteiro à residência da família Fraga de Azevedo que foi, há muito, utilizada para outras finalidades, designadamente camarárias e judiciárias, o pelourinho inscreve-se, do ponto vista arquitectónico e decorativo, no denominado estilo manuelino, resultando de uma reformulação conduzida no tempo de D. João III (1502-1557), assim como de uma pequena intervenção de restauro efectuada já na década de cinquenta de novecentos.
De "gaiola" estilizada e afeiçoado numa das matérias-primas mais abundantes na zona - granito -, o pelourinho, com mais de nove metros de altura, é constituído por plataforma de três degraus octogonais sobre a qual assenta base de um único degrau de igual configuração, como octogonal é o fuste (com seis metros de altura) que nele se eleva, e em cujo capitel, tronco-piramidal oitavado, foi gravado o sobredito ano. Quanto ao remate, ele é formado por oito colunelos cilíndricos e lavrados ligados à parte superior da "gaiola" sustentada por esteio interior, e sobre a qual se eleva pináculo composto de gola encimado por pomo no qual se crava grimpa de ferro com cruz.» ([AMartins – SGPC)
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