Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

fotógrafos na família

 


fotos victor nogueira - fotógrafos na família, em Paço de Arcos, Setúbal e Évora4

* Victor Nogueira

Estes são dois dos fotógrafos da família - o Manuel e o Zeca Jones. que registaram  muitas cenas e acontecimentos, especialmente da família, mas não só.

O José João, no seu início em Luanda, registava os parâmetros das fotos e anotava no verso, mas com o correr dos anos deixou-se disso, pelo que muitas vezes é tarefa mais ou menos árdua identificar os locais em que foram tiradas as imagens. Também no início .tinha um pequeno laboratório fotográfico, onde revelava as fotos, a preto e branco.

Enquanto o José João era rápido a fotografar, algumas instantaneamente, o Manuel, para as fotos de grupo em que ele também queria figurar, armava o estendal no tripé,  em complicados preparativos, que impacientavam as "vítimas" em prolongadas esperas, como se vê na segunda imagem..

Outrora em Luanda os estúdios fotográficos só revelavam fotos a preto e branco. As fotos coloridas, incluindo diapositivos, da Kodak e da Agfa, para revelação tinham de ser enviados para a Europa, creio que Alemanha, por correio. Os rolos com negativos eram depois devolvidos em caixinhas cilíndricas de alumínio e, posteriormente, de plástico, com o nome da marca fotográfica, de que conservo alguns no meu pequeno museu de antiguidades e velharias. 

Por vezes eu e o José João fotografávamo-nos em simultâneo e mutuamente, como mostra a foto da direita.

Para além destes, merecem referência como fotógrafos na família o  meu bisavô Castro, o meu avô Luís, o meu tio avô Jorge, o meu irmão Zé Luís  a minha mãe e os meus filhos Susana e Rui Pedro. sem esquecer a navegadora, anotadora, ajudante de fotógrafo  e script girl Fátima, durante anos companheira de  vida e viagens em Portugal de lés a lés, por mim convertida à 8ª arte.

Naqueles tempos da fotografia analógica, o suporte era de papel. Escolhiam-se as fotos que eram para partilha, encomendavam-se as cópias numa casa fotográfica e entregavam-se pessoalmente ou pelo correio à família ou aos amigos, neste último caso exigindo a deslocação a uma estação dos CTT para expedir a encomenda. Ou mostravam-se as fotos em suporte de papel aos amigos ou família ou aos colegas de trabalho, se e quando fosse caso disso.

O advento da fotografia digital desmaterializou e despersonalizou estes ritos e gestos. Paradoxalmente, num mundo virtual e de correio electrónico instantâneo, ao alcance dum simples "clic", a partilha é feita anodinamente na internet, nas redes sociais, blogs ou sites.  Sem que haja na maioria dos casos o "clic", gesto atencioso embora virtual de compartilhar e de entregar pessoalmente, quer por correio electrónico, quer por chat, como o Messenger.

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