Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 27 de setembro de 2020

Porto Covo e Vila Nova de Milfontes

 * Victor Nogueira

Porto Covo

Fiquei apaixonado por Porto Covo desde a 1ª vez que lá fui, como agente de Censos e do Inquérito Permanente ao Emprego, do INE, no Distrito de Setúbal, de 1977 a 1981: a rectilínea estrada, qual istmo pelo mar dentro, desvio no caminho para Sines, desembocava num largo quadrangular de casas brancas e barras azuis, embora para lá dele a aldeia não tivesse a mesma beleza, bem pelo contrário. Esta povoação do século XVIII, aldeia de traçado pombalino, tem defronte a Ilha do Pessegueiro, com ruínas romanas e um forte filipino, defronte dum outro erguido na costa.

Por volta de 1920/1930 era uma praia de pobres, de acesso difícil, posteriormente facilitado pela construção duma estreita e comprida estrada asfaltada, língua de areia estendendo se pela planície até à aldeia. Aldeia que entrou na moda depois duma canção de Rui Veloso, intitulada precisamente Porto Covo. (Memórias de Viagem, 1997)


Vila Nova de Milfontes

1984

Estamos acampados neste parque; a vila fica na foz do Rio Mira e tem praias de rio e de mar, uma destas com grandes cavernas (furnas). Hoje não fomos à praia, ficamos no pinhal. Há sempre gente a entrar e a sair, muitas tendas e poeiredo. Algumas tendas têm quartos, salas e despensa; outras, como a nossa, só albergam duas pessoas que não podem andar em pé lá dentro. São tendas mesmo só para dormir [canadianas]. Está fresquinho aqui no pinhal; daqui a pouco vamos até à "cidade". (SNS - 1984.08.18)

1997

De Lagos, ainda mais para Norte, a caminho de Vila Nova de Mil Fontes, o alcantilado Cabo Sardão§, os esgotos desaguando no areal, a praia alcançada por estreito carreiro iniciado cá em cima junto ao característico incaracterístico barraco de comes e bebes. (Memórias de Viagem, 1997.08.21)

Em Vila Nova de Mil Fontes, no verão cheia de forasteiros, o centro primitivo tem algum interesse, algumas casas com gelosias nas janelas. O castelo, que outrora protegia das invasões dos piratas argelinos, em busca de aguada, escravos e saques, foi transformado em pousada. A povoação situa se na foz do rio Mira. Vastas praias, algumas sem muita gente, de águas quentes, sabendo a sal e sol, [as únicas que me cativaram em Portugal e me fizeram lembrar as de Luanda]. Nos arredores encontram se o alcantilado Cabo Sardão e as praias da Zambujeira, das Furnas, do Almograve e do Malhão, arenosas com afloramentos rochosos e nudistas na das Furnas. Rochas estratificadas. (Memórias de Viagem, 1997)

Situa-se a vila no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Nossa Senhora da Graça é a padroeira de Milfontes, realizando-se anualmente no dia 8 de Agosto uma festa em sua honra, sendo a procissão fluvial o ponto alto das celebrações. 

Porto Covo



Largo Marquês de Pombal



Ilha do Pessegueiro

Vila Nova de Milfontes


Rio Mira


Vista geral


O Forte de São Clemente ou Castelo de Vila Nova de Milfontes foi edificado em 1602 sobre as ruínas doutra fortificação, em posição dominante sobre a vila piscatória, na margem direita da foz do rio Mira, tinha a função de protecção do seu porto e o acesso a Odemira das incursões de piratas oriundos do Norte d'África.


A Igreja de Nossa Senhora da Graça de Vila Nova de Milfontes foi construída no início do séc. XVI, tendo pertencido Ordem de Santiago da Espada, cuja cruz está gravada na porta principal.



Foz do Rio Mira e praias



Praia do Almograve





Praia das Furnas, onde se pratica windsurf




Com a Custódia e o Faustino




Praia do Malhão



Cabo Sardão

fotos em 1984 (rolo 77)



Parque de campismo de Vila Nova de Mil-Fontes – postal ilustrado VN

Sem comentários: