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“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ansel Adams Trust processa coleccionador que diz ter comprado parte da obra do fotógrafo

Para impedir venda de imagens com nome do artista

26.08.2010 - 17:05 Por Ana Dias Cordeiro
O Ansel Adams Publishing Trust, grupo que controla os direitos da obra de um dos mais célebres fotógrafos do século XX, Ansel Adams (1902-1984), processou o coleccionador Rick Norsigian, o mesmo que no mês passado reclamou estar em posse de 61 negativos em placa de vidro da autoria do fotógrafo, comprados por acaso numa venda de garagem em Fresno, na Califórnia, há dez anos.
Uma das imagens cuja autoria foi atribuída a Adams e que agora está no centro do debate  
Uma das imagens cuja autoria foi atribuída a Adams e que agora está no centro do debate (DR/Cortesia Rick Norsigian)


Apoiado por uma equipa de peritos, que iniciou uma investigação em 2003, Norsigian anunciou que 17 negativos do conjunto de 61 estariam à venda e criou um espaço na Internet (www.lostnegatives.com) para vender essas imagens, com preços até 7500 dólares (perto de 6000 euros). O conjunto dos 61 negativos valeria 200 milhões de dólares (150 milhões de euros), disse então a equipa de especialistas.

O caso judicial visa agora impedir o coleccionador e a firma de advogados que o representa, a PRS Media Partners, de vender as imagens sob o nome do fotógrafo - que trabalhava em São Francisco e no Yosemite Park, na Califórnia - sem a autorização ou a aprovação do Ansel Adams Trust.

Na altura em que a autenticidade das imagens foi defendida pelos especialistas, no final de Julho, Matthew Adams, neto do fotógrafo Ansel Adams, disse ao PÚBLICO não perceber como se chegou ao valor anunciado de 200 milhões de dólares. A família diz, por exemplo, que o facto de não haver em lado algum registos destes negativos, como acontecia com todo o trabalho de Adams, levanta sérias dúvidas sobre a sua autoria.

“Pensamos que é irresponsável emitir este parecer com tão poucas provas”, afirmou então Matthew Adams por telefone, considerando que as dúvidas sobre a autenticidade dos negativos em posse de Rick Norsigian viriam a dificultar a venda das imagens, mas sem adiantar com toda a certeza se a família iria ou não tentar resolver o caso judicialmente. Essa seria uma decisão do grupo que controla os direitos de toda a obra de Ansel Adams, disse então Matthew Adams. Essa decisão acaba de ser tomada.

Ao mesmo tempo, também a exposição das imagens reveladas a partir dos negativos em posse de Rick Norsigian, prevista para Outubro, estará comprometida. A Universidade Estatal da Califórnia, em Fresno, anunciou que o espaço estava reservado mas que a exposição não teria lugar.

Entretanto, veio a público que um dos peritos envolvidos na avaliação dos negativos, David Streets, tem cadastro por roubo e fraude em dois estados dos EUA e que Marian Walton, residente em Oakland, tinha em casa uma foto muito semelhante aos negativos que Norsigian pôs à venda e que o autor da imagem era o seu tio, já falecido, Earl Brooks. Dois antigos assistentes de Adams, John Sexton e Alan Ross, analisaram as imagens e são de opinião que a fotografia em causa e os negativos comprados por Norsigian são do mesmo autor, revelou o "New York Times".
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