Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 26 de maio de 2021

fotos de capa em maio 26

 * Victor Nogueira


2021 05 26 foto victor nogueira - Mural na Rua António José Baptista, em Setúbal (2017.11.18 Canon 149_11)

Este mural da AJA - Associação José Afonso na Rua António José Baptista, com as palavras Liberdade / Utopia, homenageava José Afonso, tendo sido substituído em 2019 por um doutra temática, este executado pelo Colectivo Explicit Citizens.

VER

Murais em Setúbal 24 - José Afonso e Bocage

O Bairro [operário] Baptista, em Setúbal


2019 06 26 foto victor nogueira - setúbal e serra da arrábida - forte de santiago do outão


2015 05 26  Cartoon


2015 05 26 oto victor nogueira - Sintra - São 3 as janelas gradeadas com vista soalheira e verdejante, num amplo salão, que me dizem ter sido a cadeia de Sintra, talvez em tempos medievos, atendendo a um arco ogival cuja vetustez não garanto, perto das Escadinhas de Lord Byron (o poeta romântico), e do hotel Lawrence (fundado em 1764) - não o das Arábias e dos "Sete Pilares da Sabedoria", livro cuja leitura vivamente aconselho, onde o deserto surge cheio de vida e diversidade paisagística, nada tendo a ver com o do célebre filme de David Lean interpretado por Peter O´Toole.  

Hoje o que teria sido a cadeia é um local coberto e mal amanhado para estacionamento não de cavalgaduras mas sim de automóveis, através dum estreito acesso, em ruas sinuosas e de calçada irregular, polida pelos passeantes. Se cadeia  foi e se as vistas de então fossem semelhantes às de hoje, não teria o ar soturno e sombrio de outras enxovias, como as do Limoeiro, em Lisboa, ou daquela no Porto em que estiveram  presos Camilo Castelo Branco e Ana Plácido, estes cada um para sua banda porque  para escãndalo já chegavam os seus adúlteros amores e as tragédias do "Amor de Perdição".

Há muitas décadas que não ia a Sintra de comboio e a estação cheia de barreiras para controle de  blhetes dos passageiros já não é o que era. Mas adelante. 

Pela vila e na encosta do Castelo dos Mouros acima  -  que me faz lembrar Coimbra em torno da Sé Velha e da Calçada do Quebra-Costas - pelas estreitas ruas ou pelo amplo largo do Palácio da Vila, acotovelam-se turistas, incluindo brasileiros com seu falar cantante. Num banco um jovem alegre e risonho, colorido nas suas vestes e pele como se fosse uma estátua de bronze, toca viola e amealha uns cobres deixando-se fotografar junto às turistas.

Entramos na Igreja de S. Martinho, templo medieval completamente derrubado pelo terramoto de 1755 e muito descaracterizado. Insólito: pelos bancos algumas pessoas sentadas e duas delas  embrenhadas em ver talvez vídeos em tablets ou smartphones.  Uma placa publicita um Museu de Arte Sacra que não vislumbramos nem nos afadigamos a procurá-lo.

Voltando à "prisão" cuja janela ilustra este post, lembro-me do casarão duma amiga numa vila alentejana (Sousel), remontando aos tempos do senhor D. Manuel I, embora as janelas deste não tivessem grades mas sim uns banquinhos de pedra de cada lado, adossados à parede,  para as damas outrora apreciarem o movimento da ruas, talvez bordando e cavaqueando entre si, resguardadas embora e possivelmente por detrás das janelas com adufas, como  aquelas que ainda existem no Algarve, sobretudo em Tavira, e que foram preservadas nos balcões duma das ruas do centro histórico de Braga.

E se pachorra houver para ler, aqui se fala duma outra cadeia, a de Arraiolos, nos idos de 1973, e dum outro passeio a Sintra. 

Na cadeia e no tribunal de Arraiolos

Photoandando por Sintra




2014 05 26 Foto victor nogueira - évora 1975 - feira dominical no rossio de s. brás

As feiras de Évora, Setúbal e Lisboa

O Rossio de S. Brás está praticamente livre de feirantes. Restam apenas as barracas de louças e bugigangas. Depois do meu regresso de Beringel comprei um copo, uma caneca, colheres, um prato e uma tigela, que seria para o "Nestum" mas acabou por ficar para a fruta. (MCG - 1972.07.10)
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Hoje será a noite de S. João, de festa para os eborenses, que passearão lá pela Feira.  Este ano há dois circos; o resto é como nos anos anteriores, com a novidade de haver barracas dos partidos políticos, onde comprei umas publicaçõezitas. (1975.06.24)
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Hoje é o último dia oficial da Feira de S. João em Évora.  A Feira estava em decadência, cada ano que passava. Mas desta feita, para além de muitas tendas de comerciantes (vestuário, calçado, plásticos, louças, mobiliário), havia as tradicionais de comes e bebes bem como os divertimentos. Não vi o poço da morte - creio ser o 1º ano  que não vem - mas em contrapartida havia 3 pistas de carros eléctricos e nada mais nada menos que 3 circos, acontecimento inédito: o Billy Smart, o Royal e o Mariano. A Celeste foi ao 1º e diz que é igual ao que vimos em Lisboa, no Coliseu. (NSF - 1976.07.05)
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(...) Quando era estudante, em Évora, a Feira de S. João era um alvoroço - embora coincidisse com a época apertada de exames - onde a malta ia nas frescas noites, em grupos, passear ou "espairecer" pelas diversões e movimento. Depois, bem, depois a Feira de S. João, como a Santiago, deixaram de ter o encanto de outrora, tal como o circo, maravilha, delícia e alegria sempre renovada da infância. Hoje, do circo, gosto dos palhaços e dos ilusionistas, (embora nem sempre), ao contrário do que sucede nos programas que a TV por vezes transmite. Das feiras, hoje em dia, vejo as exposições e um ou outro espectáculo, extasiando-me nas tendas das vergas e olaria, que jamais compro. (MMA - 1986.07.28)
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No regresso passámos por uma feira ali na Luz, em Lisboa, defronte ao Colégio Militar. (1) Era uma feira praticamente de louça e bugigangas, quase todas feias para o meu gosto. Comprei dois bonecos de barro (artesanato). Havia lá umas canecas de barro, em forma de sorridentes e rechonchudos monges (dispunha bem olhar para eles, tinham um ar simpático) Estou arrependido de não ter comprado um. Ficará para a próxima. Aquilo é uma roubalheira. Um tipo tem mesmo de regatear. Chegam a fazer abatimentos de 50 % sobre o preço inicial. Safa! (MCG - 1973.09.19)
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A Feira Popular de Lisboa é muito sem graça. Nada nos saiu nas rifas. Não encontrámos as barracas das farturas (seguir o cheiro não foi suficiente). Joguei nas máquinas dos carros de corridas. As pistas dos carros de choques estavam quase vazias e assim não tinha piada andar nelas. De resto são mais caras que em Évora (também alguma diferença deveria haver entre os provincianismos de Évora e de Lisboa). Ah! mas o que gramei, onde apanhei dois valentes sustos, donde saí gelado mas com uma vontade enorme de repetir a proeza, foi na montanha russa. Aquilo é que é emoção! Ao menos enquanto um tipo não se habitua, Duas descidas bruscas (um tipo até trava com os pés, o coração a saltar lhe pela boca), uma curva a grande velocidade, toda inclinada (e um tipo, esquecendo -se da força centrípeta, agarra -se desnecessariamente para não ser projectado)... Também no outro "comboio fantasma", que afinal nada tinha de especial, salvo os ruídos (bater as portas e chiadeira) e a escuridão. Não tem qualquer emoção. (MCG - 1973.09.22)
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Começando naquela Igreja e estendendo-se quase até ao Rio, passando ao lado da Igreja de Santa Engrácia, Panteão Nacional, estende-se a Feira da Ladra onde se encontra um pouco de tudo. (2) Especialmente roupa, mas também fardas, sapatos, capacetes de aço e caixas vazias de munições (relíquias da I Guerra Mundial ?), malas, sacos, carteiras, ferro-velho, antiguidades, móveis, moedas... enfim. De tudo o que vi, no entanto, só me interessava um par de candelabros. Mas não cheguei a perguntar o preço. Havia um jardim com vista para o rio e para a parte baixa da Feira. As ciganas vendiam roupa e tinha a sua piada ver as pessoas experimentarem calças por cima das que traziam vestidas. Havia de ser uma grande experimentação! Já eram 17 horas quando lá chegámos. Havia um mar de gente modesta (mais alguns hippies e estrangeiros), que se acotovelava e furava, enquanto os automóveis passavam tangentes aos peões e buzinavam. (3)
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Não comprei nada. Só me interessavam antiguidades, mas receio ser facilmente enganado, pois não sei avaliar aquela mercadoria. Mas estendais de antiguidades havia poucos; a maioria era ferro-velho: dobradiças, fechaduras, chaves enormes, bicos de fogões a gás... Ouvi lá um negociante de antiguidades dizer a outro que à 3ª feira o negócio é melhor. (XXX - 1973.09.23) 
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Cheguei há pouco da Feira [de Santiago], onde fui dar uma volta e dois dedos de conversa com o pessoal conhecido após o jantar lá em baixo no Centro, única maneira de variar o cardápio, pois ao almoço não tenho tempo para grandes variações e aprendizagens. Tal como as mulheres, os homens, desde pequeninos, deviam ser ensinados a cozinhar coisas variadas e saborosas, embora simples. Felizmente que em tempos descobri um livrito acessível que posso consultar e seguir sem necessidade de ter ao lado, para consulta permanente, um dicionário da especialidade, para decifrar os termos técnicos como "refogado" ou "esturgido" e quejandos. (XXX - data ?) (4)
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Em Setúbal é tempo da Feira [de Santiago] onde fui duas ou três vezes e onde sempre vou encontrando gente conhecida para dois dedos de conversa. Este ano há apenas uma exposição dedicada a uma das celebridades cá da terra, que foi a cantora lírica Luísa Todi. Falta me ver a parte da cerâmica e olaria, embora este ano já tenha comprado o "recuerdo", cerâmica dum país andino ou como tal vendida. Mais uma "bonecada" ali para uma das estantes, para dificultar a limpeza do malfadado pó que mal acabado de limpar logo renasce dum modo que faria inveja à capacidade reprodutora dos coelhos! (MMA - 1993.08.03)

1 - Realiza-se anualmente, durante o mês de Setembro.
2 - Realiza-se todas as 3ªs feiras e sábados, de manhã. Trata-se duma feira cujas raízes remontam aos tempos medievais.
3 - Outra feira que merece referência é a do Relógio, no bairro de Chelas, aos domingos de manhã.
4 - Passe a publicidade, trata se do Guia Prático de Cozinha, da autoria de Léone Bérard, editado pela Livraria Bertrand em 1977.



2014 05 26 - às 10:54 do dia seguinte às eleições europeias  jornais de "reverência" on line  informam que todas as freguesias estão apuradas mas continuam a "faltar" 4 deputados - assim, indicam PS 7 - PSD 6 - CDU 2 - MPT 1 BE 1, o que totaliza apenas 17 dos 21 lugares em disputa. Porque sucede e o que significa isto ? Alguém me explica ?

Ahhhhhhhhhhhhhhh. Afinal a fonte é o site da Comissão Nacional de Eleições que diz - 3.092 freguesias apuradas de 3.092 (0 por apurar)  (12 votações não realizadas) 55 consulados apurados de 71 (16 por apurar) FALTANDO APURAR  0,51 % dos votos !  

Pois .... mas então como se sabe que o MPT elegeu apenas 1 deputado e a CDU 3 ? Continuam a faltar .... 2

2012 05 26 Foto Victor Nogueira ~ Vila do Touro - ruínas do castelo (Beira Baixa)

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