Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 20 de maio de 2021

fotos de capa em maio 20

 * Victor Nogueira 

2021 05 20 Fotos victor nogueira (montagem) - No Bairro da Liberdade ou da Cova do Canastro, uma das zonas de barracas e habitações precárias que o Projecto SAAL, post 25 de Abril, reconverteu, encontram-se estes dois murais, um no logradouro dum edifício socialmente polivalente (esquina da Rua dos Salgueiros com a Rua Adriano Correia de Oliveira) e outro numa escadaria (Praceta da Sociedade Arqueológica Lusitânea), ambos executados em 2017 pelo Explicit Citizens Colectivo no âmbito do Projecto Setúbal Mais Bonita. O primeiro, com os Simpsons, personagens de filmes de animação, é dedicado ao LATI (Liga dos Amigos da Terceira Idade)

VER   Murais em Setúbal 11 - Bairro da Liberdade


2019 05 20 foto jj castro ferreira - em cojmbra com as minhas tias lili e esperança , cerca de 1975 

2018 05 20 Ciranda a Évora entre mim e o Rui deambulando pela casa, por vezes com a sua cama e cobertor atrás. Um dia destes enquanto via uma das minhas séries policiais apercebi-me de movimentos ao meu lado: era ela tentando e conseguindo tapar-se com o cobertor.  Não gosta que a fotografem e levanta-se e segue-me mesmo que pareça adormecida. Por vezes senta-se ao lado da cadeira em que estou sentado e fica a olhar para a TV. Que verá ela? Em que pensará, tão sossegada?

2018 05 20 foto jj castro ferreira - Luanda vista geral a partir das barrocas ; a meio o Palácio do Comércio e ao fundo a Baía, a fortaleza de S. Miguel, e a Ilha do Cabo.


2014 05 20 Foto victor nogueira - monte da arouca (unidade colectiva de produção soldado luís)

O catrelas, como diz o zé pinto, em frente à casa do feitor  todas iguais, como a da professora e do "mais que tudo" (este nas férias ou aos fins-de-semana) como as dos restantes trabalhadores - telha vã, 3 "quartos" sem portas  interiores e paredes a pouco mais de meia-altura, com uma lareira/cozinha, moscas durante o dia e muitos mosquitos dos arrozais, hordas deles, ao cair da tarde. Lama por todo o lado no tempo das chuvas,nuvens de  pó nos restantes. Uma "santa" vida, água acartada em bilhas desde a fonte junto ao lavadouro público, um pouco mais adiante, iluminação a petróleo, banhos num enorme alguidar de zinco e necessidades satisfeitas ao ar livre. O avio provinha da aldeia defronte, duas travessias de bote, em cais de palafitas. Avio transportado à cabeça ou naa mão, para quem não tinha senão os pés. Eram os "bons" tempos do latifúndio.

Algumas das casas tinham um alpendre com videira, como as da foto, outras canteiros com flores, como a nossa. O resto eram aridez, ervas, estevas, sardinheiras e cactos, para além dos arrozais, de pinheiros mansos e de sobreiros. Na primavera ficava tudo de verde coberto, com pequenas flores campestres, umas brancas, outras amarelas, como as dos tremoceiros, ou vermelhas, das malvas.

O acesso de carro  - o R4 da professora ou o jipe dos agrários - fazia-se por um trilho desde a Barrosinha, paralelo à vala de irrigação, intransitável no inverno, ou através dum labirinto de trilhos não sinalizados a partir da estrada de alcácer do sal a montemor-o-novo.

O agrário, que morava na vila, tinha neste monte uma casa, com mais comodidades, mas fechada. Embora a mulher do agrário e a Celeste fossem ambas professoras e nos encontrássemos por vezes em Alcácer do Sal, só quando começaram as ocupações da Reforma Agrária se lembraram de no-la oferecer, o que nunca havíamos solicitado. A casa viria a ser ocupada por uma família mais numerosa que a nossa, na herdade.


2012 05 20

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