Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

fontenários e chafarizes 05 - Carregal

  Victor Nogueira


Nesta povoação do concelho de Óbidos os chafarizes não têm a monumentalidade de outros noutras povoações, antes são simples produtos da engenhosidade popular.  

Atravessamos o Carregal, pequena aldeia onde não deve haver água canalizada pois em cada rua e travessa há uma bica, muitas decoradas com azulejos com motivos figurativos. Um deles, no Largo do Jogo, tem uma quadra:  "O aluno que na Escola | Não souber bem as lições | Irá pela vida fora | Sempre à mercê d'empurrões. " Num dos extremos da vila uma fonte mais cuidada, com outro verso:   Carregal | Carregal | Que pena vou ter de ti | Quando um dia te deixar | Quando a vida me obrigar | Pois a vida é mesmo assim. [92.02.05] 

Como anteriormente, registo os nomes das ruas do Vale (onde existe um lavadouro público),  Direita, da  Capela, da  Fonte,  Trás da Roda, das Figueiras. Anoto também as travessas, como a do Jogo  e a das  Flores, e largos, como o do  Pinheiro, Adamásio, do Jogo (já referido),  do Centro Cultural... 

As casas têm barras azuis, como na Ericeira. Trata-se duma aldeia menos cuidada que a Vau, em cujos arredores cruzamos com caçadores. (Notas de Viagem, 1997.10.30) 

Na Foz do Arelho existem bicas pelas ruas, em menor quantidade que no Carregal e sem azulejos, as casas têm na frontaria azulejos com figuras de santos (registos) e nos telhados secam abóboras, umas maiores que outras. (Notas de Viagem, 1997.10.30) 


O aluno que na Escola | Não souber bem as lições | Irá pela vida fora | Sempre à mercê d'empurrões.



 Carregal | Carregal | Que pena vou ter de ti | Quando um dia te deixar | Quando a vida me obrigar | Pois a vida é mesmo assim. [92.02.05] 



Rolo 206 (fotos em 1997.10.30)

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