sábado, 24 de julho de 2010

Grazia Toderi inaugura mostra no Museu de Serralves

Artes Plásticas

Luis Braga da Cruz, Presidente do Conselho de Administração da 
Fundação de Serralves, 2010

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A mostra "De Babel a Atlante: As declinações do Mundo segundo Grazia Toderi" assinala o regresso da italiana Grazia Toderi, ao Museu de Serralves, nove anos depois da sua primeira exposição, com dois trabalhos criados especificamente para esta mostra.
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O Museu de Serralves recebe, de 24 de Julho a 31 de Outubro, a primeira exposição que reúne todas as instalações de vídeo realizadas depois de 'Rosso Babel' (2006) e que incluiu 'Atlante' e 'Diafragma', duas obras criadas pela artista italiana que recolhem imagens de Portugal.
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'Atlante foi a primeira impressão que tive quando cheguei aqui. Levaram-me para junto do mar para conversarmos, quando cá estive há nove anos. Senti imediatamente a diferença entre a nossa posição [dos italianos], e a vossa. Vocês estão mesmo na ponta', contou à Lusa Grazia Toderi.
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Fascinada pelo que descobriu, a artista italiana ficou surpresa ao ver que as pessoas em Portugal olhavam imediatamente para o horizonte à sua frente, o que é "totalmente diferente daquilo que os italianos fazem quando estão junto ao mar".
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'Aqui há um sentimento de respeito', o mesmo sentimento que sentiu pela 'energia incrível' proporcionada pelo céu e pelo posicionamento do país.
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'O primeiro pensamento foi 'onde é que eu estou neste momento?', confessou a artista sobre a inspiração que esteve por detrás de 'Atlante', obra que resultou de uma viagem de três meses entre Santiago de Compostela e Sagres.
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Grazia Toderi viajou, tirou fotografias, visitou sítios com mar, onde esperou pelo sol, para ver o seu reflexo no mar. 
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'Quando acabei tudo e empreendi a minha viagem de regresso ao Porto, estava a conduzir quando olhei para o céu e vi um estranho anel à volta do sol', disse. 
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'Diafragma', a segunda obra que criou especificamente para a exposição no Museu de Serralves, nasceu dessa descoberta inesperada: 'Não era como se fosse um anel de luz, mas sim uma sombra, seguida de luz. Era como se fosse um grande olho no céu. Comecei a tirar fotografias porque estava perto daquela luz prateada que eu vi aqui. Também a vi no mar, mudando constantemente'.
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'Há algo que se move muito lentamente e que é um circulo de sombra negra que é como um buraco negro, que se assemelha à íris do nosso olho', explicou, destacando que a própria disposição da exposição foi pensada para inserir o vídeo numa sala escura, rodeada de um espaço cheio de luz.
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Para a artista italiana, a sua obra reflecte a luz do universo, até porque a luz é o mais importante no seu processo de criação. 
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'Para fazer algo tenho de usar a técnica mas para mim o mais importante é luz', afirmou, confessando que para si não há 'nenhuma diferença' entre o vídeo, a fotografia ou o desenho.
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Diário de Notícias'Eles são instrumentos. Quando falo estou a usar um instrumento, o meu olho é um instrumento. O meu trabalho é criar algo usando para isso um instrumento qualquer. Não é importante se é vídeo ou foto, porque quando chego para ver o trabalho, não vejo diferença entre a realidade e a imaginação', concluiu.
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Assumiu ainda que 'nunca sabe o que a realidade é'.
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Serralves: As cidades de Grazia Toderi em exposição até Outubro
A parte esquerda de "Orbite Rosse" [2009]
Foto: Grazia Toderi *

Serralves: As cidades de Grazia Toderi em exposição até Outubro

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Exposição abre as portas este sábado, no Museu de Serralves. É a primeira apresentação individual da artista na instituição.
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Ao Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Grazia Toderi traz as suas obras mais recentes, entre as quais "Rosso Babele" (2006). A primeira apresentação individual da artista na instituição abre as portas ao público este sábado e decorre até 31 de Outubro.
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Nas suas obras, a artista italiana recorre ao vídeo e à fotografia como "instrumento" para transmitir a sua mensagem. "Não sabemos, não sei o que é a realidade, e utilizo o instrumento que me ajuda a transmiti-la: pode ser vídeo, desenho ou fotografia", disse Toderi, em declarações aos jornalistas, esta quinta-feira.
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Duas obras foram feitas especialmente para esta exposição: "Atlante" e "Diaframma". Em "Atlante", o mar, as rochas e restantes pormenores da costa portuguesa surgem em duas placas dispostas como um livro aberto. Projectadas, as fotografias animadas com novos pontos de luz são representadas dentro de círculos - "órbitas" - que, em conjunto, personificam os olhos da artista através dos quais podemos ver a realidade.
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O director do Museu e comissário da exposição, João Fernandes, explica que estas duas obras são uma espécie de presente da artista: "é um trabalho que Portugal lhe deu e ela agora devolve as imagens ao país que lhas ofereceu". "São reflexos do sol, da luz. [Portugal] é um país que está na borda, em que as pessoas chegam à praia e olham o horizonte. Existe um respeito pelo mar", refere a artista.
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"Orbite Rosse" e "Rosso Babele" são outras obras em exposição. A primeira (ver imagem principal) foi criada para a Bienal de Veneza do ano passado, em resposta ao convite lançado à artista para participar na exposição conjunta Making Worlds. Já "Rosso Babele" trata-se de um cruzamento de imagens de várias cidades que constitui uma Torre de Babel que se constrói e desfaz. É, para João Fernandes, "uma das grandes imagens produzidas na arte do nosso tempo". 
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Grazia Toderi nasceu em Pádua, Itália, em 1963. Estudou na Academia de Belas-Artes em Bolonha e começou a expor os seus trabalhos há cerca de vinte anos. 
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Artigo corrigido às 16h53
*Imagem: Cortesia da artista
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