Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Fotos de capa em fevereiro 22

 * Victor Nogueira


2022 02 22 Foto jj castro ferreira - Na Praia do Bispo, em Luanda

Na 2ª vivenda geminada a nossa casa era a da esquerda, Presumo que o grupo de pessoas, á esquerda, no areal, é constituído pela minha mãe pelo Zé Luís e pelo escriba. Vê-se também uma parte do paredão que protegia a avenida das investidas das alterosas calemas, isto é, das marés vivas.
Nesta altura a praia já não era límpida nem salubre, pois no areal desembocavam os esgotos em enormes canos que na maré baixa ficavam a descoberto, esventrados nalguns dos troços.
Presentemente o braço de mar está completamente assoreado, pelo que as vivendas deixaram de estar á beira-mar.
« (...) Longo era o bairro ao longo da marginal
Longo era o bairro do morro de S. Miguel ao morro da Samba
Grande era o bairro e grandes as casas
No meio o bairro operário e a igreja de S.Joaquim,
estreitas as ruas, pequenas as casas.
Nas traseiras, o morro,
no alto o Palácio,
Na frente a larga avenida,
o paredão, as palmeiras e os coqueiros
a praia que já não era do Bispo
mas das pedras, dos limos e dos detritos.
Mais além a ilha que era península
com a sanzala dos pescadores
casas de colmo no areal
da extensa e boa praia
o mar sem fim.
(...) »


2022 02 22 Auto-retrato seis dias depois da tosquia (2022 02 22)


2021 02 22 Foto victor nogueira- Póvoa de Varzim - porta com postigos, aldraba e campainha eléctrica


2020 02 22 Foto victor nogueira - réplica duma nau quinhentista, em Vila do Conde (foto em 2019.10.12)
Neste local eram outrora os estaleiros navais, presentemente transferidos para a margem esquerda do Rio Ave, em Azurara.
Esta nau que faz parte dum conjunto museológico dos "Descobrimentos" é visitável. Trata-se duma casca de noz, com camarotes exíguos: os do capitao, dos oficiais e do padre.

VER  Viagem à Rosa dos Ventos - zona ribeirinha de Vila do Conde


2020 02 22 Foto jj castro ferreira - baía de Luanda - c. 1959

Em 1961 para a disciplina de Português escrevi uma redacção sobre Luanda, semanas depois do 4 de Fevereiro e do 15 de Março, que marcam o início da Guerra Colonial ou de Libertação, então ausentes deste texto, como sendo de menor ou nenhuma consciência das futuras implicações e consequências.
Sendo na altura um adolescente, o texto de então não reflecte nem regista que praticamente desde o início Luanda era um porto de saída do tráfico negreiro para as plantações e engenhos das Américas e que a finalidade de Salvador Correia e da sua Armada era simplesmente colocar o tráfico esclavagista nas mãos do Brasil, com a expulsão dos Holandeses. Nada disto era dito ou dado a conhecer nas aulas de Português ou de História ou referido nos livros que tinham de passar pela "censura" Nem há qualquer referência à outra Luanda, a dos musseques, sem condições de habitabilidade e salubridade.
VER  

Luanda

Luanda, parte II 

1958 - Luanda pelo olhar do meu tio Castro Ferreira



2019 02 22 Foto victor nogueira 2019.02 - Convento de Brancanes, em Setúbal


2017 2 22 Foto victor nogueira - Lisboa e cais das colunas, em 1975. No horizonte a Ponte 25 de Abril e na outra margem - a esquerda - o Cristo-Rei.
Com Ermelinda Duarte (letra e música) , nos idos de 1974 / 75, "Somos Livres"


Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.
Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.
Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.
Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.
Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.


2017 02 22 auto-retrato em Paço de Arcos - 2017 02 22 - Os dias vão aumentando, de céu límpido, azul e cintilante, com temperatura amena, um pouco fria a partir do entardecer.É tempo de ir aliviando o vestuário. No horizonte não há Penélope,My Fair Lady, Maria dos Mil-Sóis Rendilhados, Miquelina, Maria do Mar ou Joana Princesa que des(a)perte o meu sorriso. e faça em mim renascer a Primavera
😛


2013 02 22 Foto Victor Nogueira - Cascais (Praia do Guincho)

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