Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 20 de dezembro de 2020

coretos 47 - Samouco

 * Victor Nogueira



Coreto do Samouco, na Praça José Coelho


Samouco (aldeia do)- pequena e simpática povoação perto de Alcochete, de casas térreas ou de dois pisos, algumas com certa importância, com vários largos arborizados, um deles com uma igreja (de S. Brás) e outro ( Praça José Coelho) com um coreto, poço e a sociedade filarmónica. No poço com manivela para extrair água uma inscrição: Até 1957 - Aqui, se vinha buscar água | Aqui, se conversava | Aqui, se namorava... | E em Julho 1992 | Para memória do Povo | A Junta de Freguesia | fez a sua reposição.

A povoação parece alentejana e nela existem portões trabalhados, como se fossem de quintas, se é que o não foram, e as casas estão enfeitadas com desenhos em estuque.

Da toponímia  destaco as praças da República, da  Liberdade e do Movimento das Forças Armadas, os largos 25 de Abril, de S. Brás e do  Caldas, as travessas da Praia,  do Norte, e do Mercado, as ruas 1º de Dezembro, do Diário de Notícias (tal como nas Caldas da Rainha), do  Mercado e do Século, o beco Flores...

Caminhando pelo Largo 25 de Abril, o silêncio da noite é quebrado pelo falatório duma velha de negro a uma esquina, a mão na orelha, a cabeça inclinada ... Insólito, no largo deserto, a mulher de negro não estava louca, não, mas falava apenas pelo telemóvel! Modernices.

Nos muitos cafés, à noite, a freguesia era esmagadoramente masculina, talvez também operários da ponte Vasco da Gama, em construção.  (Notas de Viagem, 1998.01.09)

Rolo 215


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