Castro Barroso Gato Nogueira - Blog Photographico - lembrança da moça do Alentejo
Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui
“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)
«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973
sábado, 29 de agosto de 2015
floreandando
* Victor Nogueira
Duas ou três das roseiras ainda florescem e as granjas ou
hortênsias secas estão. Nos dias cinzentos e chuvinhentos as dálias viram as
corolas para o chão, como que alquebradas, arrebitando e erguendo as hastes com
a soalheira. Em dias ventosos as perpétuas ficam de rojo, soerguendo-se com o
bom tempo. Os malmequeres brancos sobressaem entre a folhagem verde mas não
adianta desfolhá-los em busca de Penélopes ou Miquelinas.
Para lá da janela desta sala e do muro mais além - ainda sem espigas formadas que se distingam daqui - o milheiral matiza-se de variados
verdes desde o baço e mortiço ao dourado,de acordo com a luminosidade dos dias.
Oh, malmequer mentiroso! Quem te ensinou a mentir? Tu dizes que me quer bem Quem de mim anda a fugir!
Desfolhei o malmequer No lindo jardim de Santarém! Malmequer, bem-me-quer, Muito longe está quem me quer bem!
Um malmequer pequenino Disse um dia à linda rosa: Por te chamarem rainha, não sejas tão orgulhosa!
Malmequer não é constante, Malmequer muito varia! Vinte folhas dizem morte Treze dizem alegria!
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