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“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 20 de novembro de 2011

Fotografia de nus motiva investigação a Ai Weiwei por “pornografia"




Autoridades chinesas continuam a cercar artista


19.11.2011 - 19:45 Por AFP, Hugo Torres
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A fotografia “Um Tigre Oito Seios” é o motivo da nova investigação sobre Ai Weiwei
A fotografia “Um Tigre Oito Seios” é o motivo da nova investigação sobre Ai Weiwei (DR)

 A dissidência política e a evasão fiscal eram os motivos apontados pelas autoridades chinesas para investigar – e prender – Ai Weiwei. Mas, no final desta semana, o artista descobriu que também estava a ser investigado por espalhar pornografia. Wei Wei ainda se riu, até um assistente ter sido levado para prestar declarações.

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O problema está numa fotografia feita por Zhao Zhao, o assistente que na quinta-feira, segundo o próprio Weiwei, foi levado para uma esquadra da polícia na capital, Pequim, de onde o artista está proibido de sair. “Disseram-lhe claramente que se tratava de investigação que agora estavam a fazer sobre mim, por pornografia”, disse, à AFP.


A fotografia, intitulada “Um Tigre Oito Seios” (tradução livre do inglês) mostra Ai Wei Wei rodeado por quatro mulheres, os cinco nus, num interior aparentemente vazio. “Quando me prenderam, disseram ‘isto é pornografia’, mas eu ri-me e disse: ‘sabem o que é pornografia?’”, contou. “Nudez não é pornografia”, afirmou, nesta sexta-feira.



O artista recordou, em declarações àquela agência, por telefone, a história da fotografia: “Quando internautas vieram ter comigo para tirar fotografias, perguntámos por que não fazíamos fotografias de nudez. Como toda a gente concordou, fizemos e publicámo-las na Internet. E foi isso. Nunca mais pensámos no assunto.”



Mas onde Ai Weiwei vê apenas nudez, as autoridades chinesas vêem obscenidade – e avançaram com mais uma investigação sobre o artista, que ainda este ano esteve 81 dias preso, em parte incerta. Weiwei diz tratar-se de um mero subterfúgio, que esta é mais um episódio da perseguição política de que tem sido alvo.



O artista chinês ainda recentemente pagou 8,45 milhões de yuans (9,87 milhões de euros) de um total de 15 milhões de yuans que, segundo as autoridades do seu país, Ai Wei Wei devia em impostos atrasados. A quantia paga pelo activista foi recolhida numa acção de angariação de fundos, para a qual contribuíram muitos chineses.



Ai Weiwei disse ainda que o nível de participação nesta campanha o fez perceber que “não está sozinho” e, consequentemente, a sentir-se motivado para esta nova investigação.

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