Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 1 de março de 2010

Legado da fotografia operária


quarta-feira, 27 de Janeiro de 2010

Legado da fotografia operária

capa da revista Der Arbeiter Fotograf
nº 8, August 1931
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Em Março de 1926 a revista Arbeiter Illustrierte Zeitung (Jornal Ilustrado dos Trabalhadores]) publicou uma convocatória para os seus leitores - a classe operária mobilizada - para que se convertesse num fornecedor de imagens da vida quotidiana proletária, das condições objectivas do trabalho industrial e das organizações e actividade política dos trabalhadores
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Esta convocatória constitui o arranque de todo um movimento fotográfico que se expande pelo centro e norte de Europa e chega à América do Norte.
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Diferentes núcleos de documentalismo e fotografia social vinculados aos movimentos comunistas nascem no final dos anos 20 do século passado, na Hungría, Austria, Checoslováquia, Polónia, Holanda, Inglaterra, França, Estados Unidos e México.
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Esses núcleos promovem em cidades como Praga, Bratislava, Budapest, Zurique e Amsterdão, exposições e publicações de fotografía social e operária entre 1932 e 1936. 
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Um número significativo de fotógrafos participantes no movimento são obrigados a sucessivas migrações ou a exílios políticos em virtude da expansão dos regimes fascistas na Europa Central, sobretudo a partir de 1933. A própria revista AIZ muda-se nesse ano para Praga e pouco depois para París, até que deixa de ser publicada em e 1938.
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A principal missão do movimento era a representação da crise económica e dos seus efeitos sociais, particularmente entre as classes desfavorecidas. A pobreza, a exploração e o desespero eram algumas das condições estruturais da vida proletária que deviam ser mostradas. 
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Nesse sentido, o crítico alemão Edwin Hoernle definia um olho proletário específico, antagónico ao humanismo burguês, em que a compaixão é a expressão de superioridade de classe. Hoernle escrevia: “Devemos proclamar a realidade proletária em toda a sua repugnante fealdade, com a sua denúncia à sociedade (…) Devemos apresentar as coisas como são, com uma luz dura, sem compaixão”.

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