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São 27 fotografias em preto e branco no formato 50 cm x 75 cm; sete fotografias panorâmicas (40 cm x 440 cm); seis no tamanho 30 cm x 40 cm, além de dois mapas, painéis de textos e legendas. A mostra tem fotos, por exemplo, do grupo quilombola Mocambo, na comunidade Porto da Folha, em Sergipe; da comunidade Tapuio, em Queimada Nova (PI); da comunidade Cafundó (SP). "Lá encontrei três pessoas que ainda falam uma língua africana; umalíngua fluente, mas que só existe ali. A tribo deles inclusive já foi extinta".
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O principal problema das comunidades visitadas, atesta Cypriano, ainda é a questão da legalização dos seus territórios. "Além disso, é interessante notar o quanto a realidade é distinta da nossa, principalmente nos quilombos que não tem tanto acesso à urbanização. São comunidade mais felizes. De tardinha, ao invés de estarem na frente da televisão, brincam ciranda, jogam futebol", diz. A escolha por fotos em preto e branco, explica o fotógrafo, é por conta da "impressão mais forte. Vejo o preto e branco como uma interpretação e o colorido como reflexo da realidade".
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André Cypriano abraçou o projeto a convite da curadora da exposição, Denise Carvalho. Além da mostra, as fotos também viraram livro (R$ 78), com textos, mapas e pesquisa de Rafael Sanzio Araújo dos Anjos. A mostra já percorreu mais de 15 cidades brasileiras, oito cidades da América Latina e depois do Recife ainda deve seguir para lugares como Macapá, Teresina e Natal.
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Lugares remotos - "Aceitei de primeira esse projeto porque é um tema que tem muito a ver com o meu trabalho, lugares remotos e ainda uma tendência para o raro e extraordinário", comenta. Com o livro sobre os quilombos, já são quatro na carreira do fotógrafo. O último deles é O caldeirão do diabo, sobre um presídio já extinto na Ilha Grande. Cypriano também fotografou a favela da Rocinha e favelas da América Latina, e a capoeira. "Fiz imagens dos grandes mestres do Brasil, inclusive em Pernambuco. É uma exposição que também deve ser levada ao Recife", aposta.
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Apesar dos temas sociais sempre terem permeado as imagens de Cypriano, "os problemas sociais acabam sendo uma consequência, mas não é a minha intenção retratá-los. Meu projeto não é promover mudanças. A Rocinha, com todos os problemas que ela tem, pra mim, naquele momento da foto, é o ideal". O mais importante é que a fotografia retrate emoção. "Se ela mexer com as emoções, é uma boa foto. Os americanos tem até uma expressão, it's all about emotion". (Pollyanna Diniz)
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Serviço
Quilombolas - Tradições e cultura da resistência, até 18 de abril
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Local: Centro Cultural Correios (Av. Marquês de Olinda, 262, Recife Antigo)
Visitação: De segunda a sexta, das 9h às 18h; e sábados e domingos, das 12h às 18h
Entrada franca
Exposição fotográfica – Quilombolas – tradições e cultura da resistência
Quilombolas – Tradições e Cultura da Resistência Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999 - Centro Cívico Ver Mapa Datas e Horários Ingressos |
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Projeto patrocinado em 2005
Trata-se da edição de um livro sobre as comunidades negras remanescentes dos quilombolas, enfocando suas relações com a terra e a idéia de territorialidade, o desenvolvimento sustentável dessas comunidades e os principais programas realizados: turismo étnico, resgate da cultura de criação, promoção de artesanato local, resgate da atividade agrícola, resgate da cultura e preservação do meio ambiente.
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Desde 2000, o pesquisador e coordenador do Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica (Ciga) da Universidade de Brasília (UnB), Rafael Sanzio Araújo dos Anjos, trabalha no mapeamento das comunidades quilombolas existentes no Brasil.
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A atualização do mapeamento tem por objetivo preservar a cultura quilombola, auxiliar o desenvolvimento da comunidade em auto-sustentabilidade, além de guardar uma parte da história brasileira e de resistência dos antigos quilombos. O trabalho foi realizado com os quilombolas de Cafundó (São Paulo), Itamatatiua (Maranhão), Oriximiná (Pará), Kalunga (Goiás), Mocambo (Sergipe), entre outros.
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ver também no D'Ali e D'Aqui -
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