Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Pontes (40) - Vila do Conde vista de Azurara

 * Victor Nogueira


Vila do Conde e Rio Ave, vistas do Outeiro de Sant'Ana



Capela de N. Sra do Socorro



Convento de Santa Clara e a ponte sobre o Rio Ave



Praça da República (antigo Campo da Feira do Gado), vendo-se a Igreja matriz de S. João Baptista, que teve o apoio do rei Manel I, tal como a de Santa Maria, em Azurara

Ponte sobre o Rio Ave, que substituiu as anteriores, em madeira e, posteriormente, em ferro. Em 2022 o Município de Vila do Conde anunciou uma nova ponte, paralela a esta, destinada a ciclovia e trânsito pedonal. (1)

Nos tempos medievais Azurara terá sido mais importante que Vila do Conde, pois não estava sujeita ao entrave que era o senhorio do Convento de Santa Clara  A burguesia vila-condense, ligada ao tráfego marítimo, ao comércio com o ultramar e á construção naval logrou autonomizar-se, mas o poderio das freiras impediu durante séculos a construção duma ponte que ligasse as duas povoações, pois era rendimento seu o imposto sobre as barcas que asseguravam o trânsito entre as duas margens. 

Este obstáculo apenas foi superado na sequência das revoluções liberais do século XIX e a consequente extinção das ordens religiosas, que marcou uma nova etapa no desenvolvimento de Vila do Conde em detrimento de Azurara. .

Dois templos religiosos marcam a afirmação simbólica das duas classes que então se defrontavam: o medieval Convento de Santa Clara (1318), onde professavam as filhas da Alta Nobreza, dominando a área circundante na colina onde se situara o castelo, e a Capela de Nossa Senhora do Socorro (1598 / 1603), numa elevação a cota mais baixa mas dominando a vila da burguesia e os estaleiros navais. 

Do primitivo Convento restam a igreja gótica e o claustro com a sua fonte, então alimentada pelo aqueduto proveniente de Argival, sendo o imponente edifício dos (novos) dormitórios uma obra inacabada, com início no século XVIII.

Em qualquer dos templos repousam os respectivos fundadores, em memória perpétua. Na Igreja do Convento  estão Afonso Sanches (filho bastardo do rei D. Dinis) e Teresa Martins, sua esposa) entre outros nomes ligados á alta nobreza. Na capela do Socorro encontram-se os túmulos de Gaspar Manuel, "piloto-mor da carreira da Índia, China e Japão que custeou as obras" , e de sua esposa, Bárbara Ferreira d’Almeida.

Fotos em 2012.12 (Canon 212_12)

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(1) «A Câmara Municipal de Vila do Conde anunciou a construção de uma nova ponte pedonal e ciclável sobre o rio Ave, que fará a ligação entre a margem direita – na Praça da República, junto ao monumento à Rendilheira – e a margem esquerda, no parque ribeirinho de Azurara.

Esta nova ponte "garantirá aos vilacondenses e aos seus visitantes condições de acessibilidade e mobilidade que promovem deslocações seguras, sustentáveis e amigas do ambiente", lê-se no comunicado. Tendo como fonte de inspiração a construção naval, a pesca e as delicadas rendas de bilros, a ponte será uma peça escultórica de considerável leveza, partilhando a sua singularidade com a imponência do Mosteiro de Santa Clara, a harmonia do edificado no núcleo antigo e a beleza natural do parque ribeirinho de Azurara, cumprindo a sua funcionalidade de forma integrada.» (in 

Vila do Conde vai ter uma nova ponte pedonal e ciclável ...

Do primitivo Convento restam a igreja gótica e o claustro., sendo o imponente edifício dos (novos) dormitórios uma obra inacabada, com início no século XVIII. «O Convento de Santa Clara da cidade de Vila do Conde, em Portugal, foi um convento feminino instituído em 1318 e extinto no século XIX. Da antiga instituição religiosa restam a magnífica igreja em estilo gótico e parte do edifício conventual, reedificada parcialmente no século XVIII. Do património edificado ao longo dos séculos, restam a bela igreja gótica, a imponente área residencial (noutros tempos chamada «dormitórios novos»), que é setecentista, os arcos do antigo claustro com o seu chafariz e o extenso aqueduto, em parte destruído.
Após o decreto liberal de extinção das ordens religiosas, a vida no convento foi-se apagando lentamente, até chegar ao seu termo, em 1892, com a morte da última freira. Em 1902 o antigo convento recebeu a Casa de Detenção e Correcção do Porto, depois Reformatório de Vila do Conde e Escola Profissional de Santa Clara, sendo hoje conhecido como Centro Educativo de Santa Clara, estabelecimento de tutela de menores que funcionou até 2007.


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