* Victor Nogueira
Nos tempos medievais Azurara terá sido mais importante que Vila do Conde, pois não estava sujeita ao entrave que era o senhorio do Convento de Santa Clara A burguesia vila-condense, ligada ao tráfego marítimo, ao comércio com o ultramar e á construção naval logrou autonomizar-se, mas o poderio das freiras impediu durante séculos a construção duma ponte que ligasse as duas povoações, pois era rendimento seu o imposto sobre as barcas que asseguravam o trânsito entre as duas margens.
Este obstáculo apenas foi superado na sequência das revoluções liberais do século XIX e a consequente extinção das ordens religiosas, que marcou uma nova etapa no desenvolvimento de Vila do Conde em detrimento de Azurara. .
Dois templos religiosos marcam a afirmação simbólica das duas classes que então se defrontavam: o medieval Convento de Santa Clara (1318), onde professavam as filhas da Alta Nobreza, dominando a área circundante na colina onde se situara o castelo, e a Capela de Nossa Senhora do Socorro (1598 / 1603), numa elevação a cota mais baixa mas dominando a vila da burguesia e os estaleiros navais.
Do primitivo Convento restam a igreja gótica e o claustro com a sua fonte, então alimentada pelo aqueduto proveniente de Argival, sendo o imponente edifício dos (novos) dormitórios uma obra inacabada, com início no século XVIII.
Em qualquer dos templos repousam os respectivos fundadores, em memória perpétua. Na Igreja do Convento estão Afonso Sanches (filho bastardo do rei D. Dinis) e Teresa Martins, sua esposa) entre outros nomes ligados á alta nobreza. Na capela do Socorro encontram-se os túmulos de Gaspar Manuel, "piloto-mor da carreira da Índia, China e Japão que custeou as obras" , e de sua esposa, Bárbara Ferreira d’Almeida.
Fotos em 2012.12 (Canon 212_12)
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(1) «A Câmara Municipal de Vila do Conde anunciou a construção de uma nova ponte pedonal e ciclável sobre o rio Ave, que fará a ligação entre a margem direita – na Praça da República, junto ao monumento à Rendilheira – e a margem esquerda, no parque ribeirinho de Azurara.
Esta nova ponte "garantirá aos vilacondenses e aos seus visitantes condições de acessibilidade e mobilidade que promovem deslocações seguras, sustentáveis e amigas do ambiente", lê-se no comunicado. Tendo como fonte de inspiração a construção naval, a pesca e as delicadas rendas de bilros, a ponte será uma peça escultórica de considerável leveza, partilhando a sua singularidade com a imponência do Mosteiro de Santa Clara, a harmonia do edificado no núcleo antigo e a beleza natural do parque ribeirinho de Azurara, cumprindo a sua funcionalidade de forma integrada.» (in
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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?