Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Óbidos 1998

* Victor Nogueira










 

Muralhas da Vila e Capela de Capela de Nossa Senhora do Carmo ou do Mucharro, igualmente denominada de S. João de Moxarro, foi outrora um templo dedicado a Júpiter.

 

Auditório Municipal Josefa de Óbidos - Mostra de doçaria


(junto à Porta da Vila)


 Capela ou Ermida de Nossa Senhora de Monserrate - de origem medieval, foi totalmente reconstruída no Século XVI. Em meados do século XVIII a capela foi ampliada e acrescentada a torre sineira, obra que, possivelmente, esteve a cargo do arquitecto do Santuário do Senhor Jesus da Pedra, Capitão Rodrigo Franco.


Linha ferroviária do Oeste  e Várzea da Rainha (anterior Veiga do Mocharro)

Muitas das estações [Linha do Oeste] tinham bonitos jardins. Em Óbidos vimos o Castelo, que é enorme. Salvo erro a vila ainda se encontra dentro das muralhas. (1963.09.8/9 - Diário III)

A vila, esguia, está cercada pelas muralhas e numa das extremas situa-se o castelo medieval, altaneiro, com as suas torres quadrangulares ou cilíndricas. As casas, brancas na sua maioria, com os cunhais pintados de ocre ou de azul, estão engalanadas de flores naturais.  

A povoação na prática tem um único largo desafogado, a Praça de Santa Maria, alargado ao longo dos tempos com terrenos penosamente conquistados aos particulares. Nela se situam a Igreja de Santa Maria, a (antiga) Câmara e Cadeia (actual Museu), o pelourinho, o chafariz, o telheiro do antigo mercado e os solares da praça (inicialmente dos Sanhudo e depois dos Brito Pegado) e dos Aboim (actual CTT). Acerca deste último se conta que era um barracão, que impediria o seu proprietário de nele receber o rei D. João V, pelo que este lhe concedeu um subsídio para que edificasse um palácio condigno.

Perto, fora das muralhas, encerrado em capela mas não oculto das vistas, situa se o Cruzeiro da Memória comemorativo da conquista de Óbidos aos mouros, com duas faces: numa, Cristo crucificado, noutra, Cristo deposto nos braços de N. Sra. da Piedade, Sua Mãe, tal como em Atouguia da Baleia ou Cabeço de Vide. Noutra encosta, a poente, visitei e fotografei a Ermida de N. Sra do Carmo ou do Mucharro, arruinada e ao abandono, devido ao terramoto de 1755, e que teria sido edificada sobre um templo romano dedicado a Júpiter. O seu interior, escavacado e escavado, está protegido por um gradeamento de ferro que substitui o primitivo portal gótico; desligado do corpo da igreja está o campanário, triplo, tendo ao centro uma pequena sineira, ladeada pelas outras duas. Esta zona, sobranceira à Várzea da Rainha (anterior Veiga do Mocharro), foi deixada ao abandono devido aos maus ares.

Merece visita a desactivada estação ferroviária de Óbidos, muito longe da povoação, com interessantes painéis de azulejos com motivos da vila. (1)  (Notas de Viagem, 1997.06.28 e 1998)

(1) VER  

Azulejaria - CP . Óbidos


imagens captadas em 1998.06.03
rolos 344 e 345

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