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Fotografia
No exercício do olhar
Começa no próximo dia 24, a quarta edição do
evento de fotografia mais significativo do estado. O deVERcidade -dentro
e fora do olhar discute questões como fotografia autoral, mercado de
arte, curadoria e os caminhos da fotografia contemporânea
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http://www.noolhar.com/opovo/vidaearte/955544.html
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De cima para baixo, os fotografias Prelúdio, de Adriana David;
Uma Panorâmica de uma Cidade Inventada, de Natalia Tonda; Voar é
Preciso, de Aziz Ary; e Despalavras, de Haroldo Saboia
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Nas paredes, o tijolo aparente, as pichações e resquícios de um
abandono distante. No lugar do teto, um céu amplo e sem limites. A
iluminação que brota das paredes é feita de pensamentos, ideias e
sentimentos. É nesse ambiente pouco convencional e ao mesmo tempo
inspirador que a partir da próxima quarta, 24, as ruínas de um galpão
abandonado na Praia de Iracema abrigam a quarta edição do deVERcidade. O
evento de fotografia, que durante cinco dias movimentará o entorno do
Mercado dos Pinhões, é capitaneado pelo Instituto da Fotografia &
IFoto e vem discutir questões sobre a fotografia contemporânea e sua
relação com o mercado de arte, a autoria, a Internet. Até o dia 28,
passam por aqui curadores, produtores e pesquisadores e uma mostra com
ensaios de 43 fotógrafos de 11 estados brasileiros e do Distrito
Federal. Serão expostas ainda obras dos artistas visuais José Tarcísio,
Alexandre Veras e Milena Travassos, dos coletivos Balbucio e
Alumbramento, além de uma homenagem ao fotógrafo baiano Mário Cravo
Neto, falecido em agosto de 2009. O evento, que conta com patrocínio do
Governo do Estado do Ceará e Prefeitura Municipal de Fortaleza, recebeu
seu primeiro apoio cultural da Oi Futuro.
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Com o tema ``Dentro e fora do olhar``, o deVERcidade traz na sua
programação questionamentos pertinentes à prática da fotografia atual.
Que imagens são criadas hoje? Quem são seus autores? Na efemeridade da
produção para a rede, o que permanece como memória? Que rumos a
fotografia contemporânea está tomando? ``A gente costuma dizer que o
deVERcidade não é um festival com caminhos fechados e definidos. É um
trabalho em progresso. O que tentamos fazer é questionar e intervir. É
um espaço inusitado e não convencional, que tem uma amplitude maior e
que dá acesso às mais diversas pessoas``, destaca o fotógrafo e curador
do Ifoto, Tiago Santana.
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Longe de buscar respostas, o deVERcidade lança interrogações para
que público e convidados botem em xeque questões como produção autoral,
lugar da fotografia no mercado de arte, curadoria. Enriquecendo o
debate, o evento convidou três dos mais importantes curadores de
fotografia do Brasil. Eder Chiodetto, que atua no cenário independente,
palestra no dia 25 sobre ``Curadoria e fotografia no Brasil``; Diógenes
Moura, curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo, fala
no dia seguinte sobre ``De como se faz um curador (?)`` seguido do
monólogo ``Eu quem? Um retrato em preto e branco``. No sábado, 27, a
curadora de fotografia especializada em mercado, Rosely Nakagawa,
detalha esta relação.
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Arte da fotografia
O jornalista, fotógrafo e curador independente Eder Chiodetto,
explica que a fotografia passa a merecer o status de obra de arte
colecionável a partir dos anos 1990. ``É quando museus como o MAM-SP e o
Masp, por meio da Coleção Masp-Pirelli, passam a formar um acervo
específico de fotografia. A criação do Instituto Moreira Salles também
tem uma importância fundamental. Esse período corresponde, em escala
global, à ampliação do interesse dos artistas pela fotografia, pela
forma como ela foi sendo reestruturada como linguagem a partir das novas
tecnologias``. A curadora Rosely Nakagawa, que coordena as mostras das
galerias Fnac Brasil, defende que a fotografia de arte é realizada pelos
fotógrafos que a pensam como tal. ``Mesmo nas áreas de fotografia
documental, jornalística ou de publicidade, a fotografia pode ser
pensada como arte. O tempo e sua força é que determinam se ela sobrevive
como imagem independente de um fato ou época``, sustenta.
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Embora se perceba que o espaço direcionado para a fotografia autoral
é mínimo diante de sua produção, a fotógrafa e diretora do IFoto, Bia
Fiuza, acredita que este direcionamento da linguagem tem espaço para ser
trabalhado no mercado de arte. ``Queremos discutir como a fotografia
autoral pode se viabilizar. O grande problema de quem desenvolve
projetos autorais é a dificuldade de se viver com isso. De não precisar
ter um trabalho paralelo para sustentá-lo. É importante a gente
apresentar as diferentes ferramentas e possibilidades para fazer isso
acontecer, porque hoje é possível. Existe um circuito, que envolve
críticos, curadores, galeristas, salões e publicações, que sustenta e
torna tudo isso possível``, defende. Quando o olhar se volta para o
cenário local, o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e
curador do IFoto, Silas de Paula, encara a possibilidade como remota.
``Falar sobre um mercado autoral para a fotografia no Ceará é um sonho
ainda distante. Os artistas visuais que estão aí há mais tempo continuam
sofrendo. Só alguns conseguem se manter. Porém, em outros locais isto é
uma realidade e espero que isto, algum dia, aconteça por aqui``,
analisa.
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