Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

De súbito ... clic Já está

 Victor Nogueira


O meu amigo Carlos,  jornalista, disse-me uma vez que quando conseguimos fortuitamente uma boa foto, o photographo não deve admitir perante outrem que se tratou dum acaso, mas sim o resultado duma elaborada preparação mental. Não sei se assim será sempre. As fotos seguintes foram puro acaso. Claro que poderia ter estado à espera que o comboio passasse ou a cegonha ....

...Não, foram puro acaso: olhei, apercebi-me da situação e "disparei".

Nunca mais consegui fazer um instantâneo como o desta foto; ouvindo o aproximar do comboio, voltei-me e ficou esta imagem, na linha das Praias do Sado, com a Serra da Arrábida  ao fundo.


Em Mértola preparava-me para fotografar um ninho de cegonhas quando me apercebi do gesto desta.



Em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, a menina passou e ficou.



Quase a chegarmos ao Porto, a Campanhã, a minha mãe resolveu retocar a maquilhagem e pronto, o seu cuidado com a "imagem" ficou registado.



Em Setúbal o propósito encenado era fotografar o carrinho do lixo e o guarda-chuva. Só depois de revelado o rolo constatei que ficara um transeunte, como se equilibrista no manípulo.


Em Paço de Arcos, este é um daqueles momentos fugazes, que o olho do fotógrafo para a posteridade registou.. Estava o sinal vermelho para os peões, na estrada marginal, aparentemente para que o veleiro pudesse passar.










Em Setúbal, quando o porto fluvial não havia ainda sido alargado para montante do Rio Sado  as pessoas estavam no paredão à chamada beira-mar pescando, passeando, conversando ou nele sentados ou dentro dos automóveis contemplando a paisagem,  Numa dessas tarde ao pôr-do-sol vi a mulher passando e fotografei. A foto original não tem este colorido, flamejante, que propositadamente lhe deu a Antónia, empregada na Foto Cetóbriga e minha amiga de longa data.



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