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“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 1 de janeiro de 2017

Fotógrafo consegue novas imagens de tribo amazónica isolada

Sabe-se muito pouco sobre esta tribo, estudada quase exclusivamente a partir de fotografias. Estas novas imagens vão ser analisadas por peritos e podem trazer mais informação sobre a tribo.




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Um fotógrafo brasileiro conseguiu fotos inéditas de uma tribo da Amazónia que vive em completo isolamento. Estas fotos mostram detalhes sobre estes índios até aí desconhecidos, como as pinturas corporais que usam e a maneira como cortam o cabelo.

Esta tribo foi encontrada porque o helicóptero em que seguia Ricardo Stuckert, fotógrafo brasileiro, com destino ao Peru teve de fazer um desvio para evitar uma tempestade. Sobrevoando a floresta amazónica a baixa altitude, o fotógrafo conseguiu identificar um conjunto de cabanas de colmo – e o seu primeiro instinto foi fotografar: “Peguei na câmara e comecei a fotografar”, disse ao Guardian “Não tive muito tempo para imaginar o que estava a acontecer”.

“Fiquei surpreendido”, contou Ricardo Stuckert ao PÚBLICO: "Em pleno século XXI, temos homens que já foram à Lua, mas ainda existe um povo que nunca esteve com o homem branco ou com índios de outras aldeias, com um mundo que não fosse o seu”.

As fotografias, em alta resolução, mostram uma tribo que vive em total isolamento no estado do Acre. “Esta tribo já tinha sido fotografada, mas não com a qualidade das imagens que eu fiz por conta do alcance da lente que eu usava”, explica o fotógrafo.

Ricardo Stuckert fotografa índios desde 1996 e estava em viagem para retratar outra tribo para o livro Índios Brasileiros. Seguia no helicóptero com um especialista em tribos indígenas brasileiras, José Carlos Meirelles. O especialista, que estuda estas tribos há 40 anos, identificou esta em 1980, enquanto sobrevoava o local, num voo da BBC.

Sobre eles, não se sabe muito e estas novas imagens, em alta definição, vão ser estudadas por peritos. Para já, sabe-se que a forma elaborada como pintam os corpos e cortam os cabelos são novidade: “Pensávamos que cortavam o cabelo todos da mesma maneira”, disse José Carlos Meirelles à National Geographic. “Não é verdade. Pode ver-se que têm vários estilos diferentes. Alguns são muito alternativos”.

Caçam, pescam e cultivam bananas, batata-doce, mandioca e amendoins. Usam alguns utensílios de metal para cozinhar e preparar a terra. No entanto, não se sabe em que língua falam nem quem são. 

“Quando fiz o registo dos isolados estava acompanhado do sertanista [nome dado a quem participa em expedições para explorar o território brasileiro] José Carlos Meirelles que ressaltou, em diversos momentos, a importância de divulgar tais imagens. Como disse em diversas ocasiões: ‘o mundo precisa saber que eles existem e que precisamos de políticas para conservá-los’”, lembra Stuckert.

O fotógrafo conta que Meirelles defende essa tese devido às constantes ameaças que as tribos isoladas sofrem na região: os madeireiros e garimpeiros invadem o seu espaço em busca de lucro e matérias-primas. No entanto, para Meirelles, saber onde essas tribos estão localizadas e divulgar essa informação já é meio caminho andado para dissuadir esse tipo de comportamentos. “Quando as pessoas sabem que esses índios existem, esses madeireiros, cocaleiros e garimpeiros não invadem o território dos índios por medo de represálias”, explica o fotógrafo.

“Não penso fotografá-los novamente”, afirma Ricardo Stuckert. Apesar do seu fascínio pela “beleza, brasilidade, pureza e inocência dos índios” o fotógrafo diz que só está a pensar nas imagens que foram feitas agora. Quanto à repercussão destas imagens, Stuckert diz que foram “diversas”: “Muitas pessoas elogiaram, outras nem tanto. Faz parte”.  

Mas a importância destas fotografias, para ele, é enorme: “Eles foram os primeiros povos que habitaram o meu país. Devemos-lhes tudo. Os índios são os guardiões da floresta, da terra, dos rios, dos mares. A nossa dívida para com eles é imensa”.

Esta tribo começou a ganhar atenção mediática quando a Fundação Nacional do Índio brasileira divulgou, em 2008, imagens deles tiradas de outro avião que os sobrevoou a baixa altitude. 

Texto editado por Hugo Daniel Sousa







https://www.publico.pt/2017/01/01/mundo/noticia/fotografo-consegue-novas-imagens-de-tribo-amazonica-isolada-1755922

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