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“É uma exposição que não é una, nem pretende ser. São quatro propostas de jovens artistas, abaixo dos 30 anos, quatro artistas que tiveram comissões para fazer uma pesquisa, um trabalho, ou para consolidar uma pesquisa que já vinha sendo feita há muitos anos”, explicou hoje à Lusa a comissária da mostra.
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Margarida Mendes destacou a particularidade dos trabalhos em exposição se basearem em métodos e formas de trabalho muito diferentes, referindo que o concurso não se cinge, nem pretende ficar pela fotografia.
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Ainda assim, ela está presente, praticamente em todo o lado, seja nas fotos cinematográficas da ficção criada por Mónica Baptista, seja em “The Radiant City”, de Carlos Azeredo Mesquita, uma série de fotografias panorâmicas de Budapeste.
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“As fotos apelam a projetos utópicos, realizados ou não, ou mal incorporados. Fala de uma distopia da Europa de Leste e de um socialismo zombie”, concretizou Margarida Mendes, encontrando uma “estranheza” proveniente de um serialismo minimalista.
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Se na obra de Carlos Azeredo Mesquita, a fotografia está estática, na de Mónica Baptista movimenta-se para fazer parte de um todo cinematográfico: a artista parte de fotografias de uma máquina que tem a particularidade de poder fotografar em formato cinema e constrói um filme.
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“Como pomos três anos em 20 minutos de filme?”, pergunta a única mulher premiada, descrevendo a sua obra como um filme, que nunca é em tempo real e deixa sempre algo para trás.
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Para Mónica Baptista, o seu “filme”, que compila cerca de 4000 imagens, não chega a ser uma ficção, mas sim algo em que as pessoas podem projectar-se: “Acredito que haverá um mecanismo de identificação e inscrição do público nas minhas fotos, através da memória comum”.
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Miguel Ferrão “esqueceu” a fotografia e criou uma instalação em três partes, com uma peça de som, com vozes de pássaros, uma peça de slide, e uma peça de vídeo, criada a partir da sua experiência enquanto ornitólogo.
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O “concílio de estátuas” que é visível no trabalho de Ferrão encontra correspondência na sala ao lado, onde Eduardo Guerra montou uma peça que parte da teoria das cores de Goethe.
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Nela cruzam-se excertos, ou melhor, cerca de 15 axiomas que falam em tons diferentes de experiências da cor ou verificação do sujeito enquanto pessoa que a experiencia.
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Para o artista, o prémio Revelação BES supôs mais responsabilidade, mas também a necessidade de ser mais assertivo na tomada de decisões.
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Eduardo Guerra agarra assim, até 16 de janeiro, uma hipótese única no seu percurso na escultura, fundamentada numa bolsa “útil para subir a qualidade e a vontade”, de dialogar com um espaço que tem características “muito próprias”.
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