Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Museologia das Minas de S. Pedro da Cova ?

Quarta-feira, 11 de Março de 2009


Com base na obra de Maria Lamas, As mulheres do meu país, a Biblioteca da Escola Secundária de S. Pedro da Cova e a Junta de Freguesia promovem uma mostra fotográfica inspirada na recolha efectuada por aquela autora na primeira metade do século XX, nas Minas de S. Pedro da Cova. Maria Lamas percorreu o país de Norte a Sul, incluindo Açores e Madeira. Deslocou-se às mais remotas aldeias, entrevistou e fotografou as mulheres, os seus trajes, os seus rostos marcados pelas agruras de um trabalho pesado e parcas condições de vida.





Nestas fotos que retiram do silêncio as vozes de Maria Tagarela e outras trabalhadoras das Minas de Carvão de S. Pedro da Cova, as mulheres britam o carvão, transportam-no à cabeça e empurram enormes e pesadas vagonetas, como se vê na magnífica fotografia que se segue e que pode ser apreciada, entre muitas outras, até 13 de Março, no átrio da Escola Secundária de S. Pedro da Cova.

EVV
pinholeiro disse...
.

Decorria o ano de 1975 quando por obrigação militar fui a primeira vez ao coração de S.Pedro da Cova. Era Oficial Miliciano e tinham-me entregue vários "Processos de Amparo" de soldados filhos e netos de gente que a mina tinha enviado para um fim de vida duro e em que a morte era já companheira de todos os dias. A "silicose" estava instalada e esses jovens eram quase sempre amparo dos que os antecederam numa mina que já não os recebeu. Não foram passados muitos anos e lá regressaria não me recordo do ano sei que utilizando a minha câmara fotográfica recolhi imagens de um tempo vencido, de muitas lutas e dores que permaneciam na representação das fotografias que agoram aqui são mostradas. Se o tempo que estas fantásticas fotografias tinham passado o arranque do museu mineiro tornava possível a permanência histórica. Lá voltaria muitas e diversas vezes com pretextos vários. Os gemidos das vagonetes já não se ouviam, o dos Homens esse ecoava ainda pelo poço.

.
.
.

Sem comentários: