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“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 10 de junho de 2009

As fotografias míticas de Robert Capa no Dia D

Especial Dia D

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São apenas 12, mas o fundador da Magnum fez no desembarque da Normandia das melhores imagens da história do fotojornalismo

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Luiz Carvalho
10:00 Sábado, 6 de Jun de 2009
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As imagens de Capa fazem parte da história do fotojornalismo
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As imagens de Capa fazem parte da história do fotojornalismo
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Têm todos defeitos para serem das piores fotografias de uma reportagem. Estão tremidas, desfocadas, com uma luz difusa, e para uma reportagem completa não se pode dizer que dêem uma grande possibilidade de escolha, pois são apenas 12 fotografias. Mesmo assim são consideradas - apesar de todos estes defeitos técnicos e editoriais -, das melhores imagens da história do fotojornalismo.

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Trata-se das fotografias míticas do mítico Robert Capa, o mesmo que imortalizara a morte em combate do republicano espanhol na Guerra Civil, o mesmo que dois anos depois do desembarque dos americanos na Normandia, fundou a agência fotográfica Magnum.

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A história dessa dúzia de fotografias, também elas sobreviventes da guerra, é contada pelo então director de fotografia da delegação da "LIFE " em Londres, 24 Upper Street Wimpole, John G. Morris no seu livro "Des Hommes d`Images". Morris descreve com dramatismo e humor os dias difíceis em Londres, entre bombardeamentos persistentes e a necessidade de furar o controle da censura, o arranjar formas de fazer chegar a Nova York fotografias da luta contra o domínio nazi. A "LIFE " tinha a trabalhar para a delegação em Londres os então mais cotados fotojornalistas do mercado. Destacavam-se Bob Landry, George Rodger, Frank Scherschel e o já famoso Robert Capa.
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A preparação da reportagem do desembarque na Normandia foi meticulosamente preparada pela "LIFE ", que fazia questão em concorrer taco-a-taco com as agências noticiosas, o que deixava algum mal estar junto destas. A "LIFE " considerava que as suas fotografias deveriam ser as melhores e as mais exclusivas. Por isso destacou seis fotógrafos, contra outros seis das outras três agências presentes.

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Com a influência política que a "LIFE " tinha, e graças ao prestígio de fotógrafos seus junto das entidades militares (caso de David Seymour que chegou a trabalhar como sargento-fotógrafo para a Força Aérea americana), John G. Morris conseguiu que Robert Capa pudesse entrar a bordo com o 16º Regimento da 1ª divisão, designada de "Easy Red" numa operação com o código "Omaha".
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Foi um desembarque dramático, segundo relatou Capa, e esses minutos onde havia mortos e feridos por todo o lado, foram testemunhados pela câmara fotográfica Leica de Capa em quatro filmes de 36 fotos cada um.

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Em Londres, John G. Morris, ansiava pelas fotografias, mas naquele dia não se soube nada. Nem se havia fotografias, nem no que teria acontecido a Robert Capa. Só ao fim da tarde do dia seguinte, chegou um motociclista com um pacote à sede da "LIFE ". Havia um nervosismo enorme. Havia que revelar rápido os filmes, imprimir as fotos e ir a correr com elas à censura para depois poderem seguir para a sede de "LIFE " em Nova York.

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Os filmes começam a ser revelados por um assistente (diz-se que seria o estagiário David Burnett, hoje um decano do fotojornalismo) que decide fechar a porta do laboratório enquanto a estufa secava os filmes. Passados minutos, o estagiário corre para Morris e diz-lhe apavorado que os filmes derreteram com o excessivo calor da estufa. Morris constata que três dos filmes estão esturricados mas que no quarto se conseguem salvar 12 fotografias, aquelas que hoje conhecemos.

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A cena é tão desagradável que Robert Capa nunca quis comentar com John G. Morris este acidente. Estas fotos ficaram para a História como testemunhos de um momento extraordinário. Há outras fotografias de outros fotógrafos de agência e mesmo da "LIFE ", fotografias tecnicamente perfeitas e que até mostram bem todo o aparato militar mas que não têm a emoção nem o sentido da história das de Capa.

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Clique para ver no site da revista LIFE as imagens de Robert Capa
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expresso.pt/as-fotografias-miticas-de-robert-capa-no-dia-d


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