* Victor Nogueira
Solar do Outeiro
ruas e casario
portal da antiga Igreja da Misericórdia
Igreja Matriz e Pelourinho
painel com o aviso Mouzinho de Albuquerque
Chafariz, "Obra da Ditadura"
Chafariz de Santo António, "Obra da Ditadura"
13 eram as vilas dos Coutos de Alcobaça, das quais 5 eram
portos de mar: Alfeizerão, Parede, Cela Velha, Pederneira, S. Martinho do
Porto, nos terrenos pantanosos e de fronteira oscilante cedidos à poderosa Ordem de Cister - entre o
reino Cristão e os Árabes , para serem
desbravados e em recompensa dos serviços
prestados a D. Afonso Henriques- Para atrair populações neles podiam “acoutar-se”
fugitivos à justiça real.
Cada vila era um concelho autónomo com sua Câmara, Pelourinho
e Hospital da Misericórdia, dependentes não da justiça d’El Rei mas sim do
Abade do Mosteiro de Alcobaça. Mas não seriam poucos nem pequenos os desmandos
da Justiça Abacial, de tal modo que durante a Revolução de 1383/1385 os “homens
bons” das vilas pediram em vão a D. João I que passassem a depender da Justiça
Real. Quando, no século XIX William Beckford visitou a Abadia, os monges há muito
haviam perdido a frugalidade e ascetismo iniciais, antes sendo opíparas e bem regadas as
refeições. Daí talvez a expressão “Comer que nem um Abade”, gordinho, rechonchudo e nédio.
Uma das vilas era Maiorga, onde num temo se situa o solar
do Outeiro, do século XVI, no cimo duma elevação, já muito degradado em 1999 e presentemente arruinado e à venda. Hoje não o compraria para restauro, mas na
altura da foto fiquei encantado por ele.
Um minúsculo largo
é o centro desta antiga vila, onde se encontram o pelourinho (que lhe dá o
nome), a antiga igreja da Misericórdia ou do Espírito Santo, com o seu portal
manuelino, hoje desactivada e que foi entretanto escola de música ([1]), mesmo ao lado da sede do clube da terra
(Sociedade Filarmónica de Maiorga) e do edifício da nova igreja, de S.
Lourenço, com o seu adro arborizado, templo despretensioso, com um relógio de
sol na fachada principal e um altar barroco.
Neste mesmo largo
um fontanário com azulejo de Santo António tem a inscrição de que se trata duma
Obra da Ditadura (1933), como aliás consta dum outro mais pobre
existente noutro largo, isto sem falar num cruzeiro dedicado Ao Portugal
Eterno e num memorial aos combatentes do Ultramar (1993), este no
Largo dos Combatentes.
Não obstante estes testemunhos,
a rua principal denomina‑se do 25 de Abril e nela existe uma casa em cuja
fachada figura um painel de azulejos representado o aviso Afonso de
Albuquerque, o que em combate inglório foi afundado na chamada Índia Portuguesa
quando da invasão pela União Indiana em 1961.
A povoação possui muitos cafés e três ruas com nomes de
maestros locais. No termo da povoação situa‑se o degradado Solar do Outeiro,
com escadaria exterior, varanda alpendrada e brasão de armas, que terá belas
pinturas nas salas, condenado à demolição de acordo com notícia lida num
jornal.
Numa papelaria compro dois postais ilustrados da povoação,
facto insólito porquanto é a primeira vez que encontro vista das vilas dos coutos de Alcobaça.
Da toponímia registo
o referido Largo do Pelourinho e as ruas da Filarmónica, do Passadiço, dos Loureiros e do Forno dos Frades, para além da azinhaga
dos Barreiros, a travessa Central e o beco do Torto. (Notas de Viagem, 1998.02.21/22)
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