1997
Terra natal de D. António [de
Sousa] Barroso", Bispo do Porto nos alvores da República, onde, no
cemitério local, se encontra a sua capela tumular, local de peregrinação.
Defronte um monumento à mesma personalidade, no largo onde tem início uma
"avenida" com o seu nome. É uma aldeia modesta, numa zona acidentada
e verdejante. (Memórias de Viagem, 1997)
2014
A caminho de Barcelos
inesperadamente a placa toponímica indica Remelhe e resolvo fazer um desvio.
Sem indicações, perco-me num labirinto de estreitos caminhos vicinais,
deparando-me com um tanque de lavagem público e com algumas latadas sobreviventes
do que no Minho era característica desaparecida, a uva para o vinho substituída
pelo milho matéria-prima para as rações do gado bovino. Finalmente dou com o
lugar, um café numa esquina da estrada e ao fundo da rua o cemitério, a
igreja paroquial e o monumento ao mais ilustre filho da terra. À entrada do
cemitério a capela tumular de D. António Barroso, com vitrais narrando passos
da sua vida, e no exterior múltiplas placas evocativas na fachada
principal e painéis de azulejos figurando as casas onde nasceu e viveu (suponho
que durante os seus dois exílios na I República), para além dum mapa mundi com
os locais onde exerceu a sua actividade religiosa. A pequeníssima Capela
do Senhor dos Passos, é a que se encontra ao lado da estrada, no cruzamento
desta com a Avenida que dá acesso à Igreja Paroquial.
Nas Inquirições de 1220 Remelhe vem com a
designação “De Santo Jacobo de MoInes”, nas Terras de Faria. Ainda existe a sua igreja Matriz,
no lugar de Santiago. Nesta capela, antiga Igreja
Paroquial, conferiu por vezes ordens sacras o bispo do Porto D. António
Barroso, quando do seu exílio da diocese.
Capela de Santiago (século XVII)
ANTÓNIO DE SOUSA BARROSO
jazigo da família
VEM DE Barcelos
http://kantophotomatico.blogspot.pt/2014/08/barcelos.html
7. - Engano muito propagandeado e mentiras, com algumas verdades sobre D.
António Barroso, Bispo do Porto
A matança dos «inocentes», segundo a História do
Senhor M. Lima
* Victor Nogueira
(...)
7. - Engano muito propagandeado e mentiras, com algumas linhas sobre D.
António Barroso, Bispo do Porto
E vamos ao que
me levou a escrever esta longa crónica - D. António Barroso, Bispo do Porto e
que foi primo do meu avô materno. O então Bispo do Porto, corajosa e
conscientemente, foi o único Bispo Português que mandou ler na sua diocese, a
do Porto, a «Pastoral do Episcopado Português» e por isso foi exilado, tal como
posteriormente D. António Ferreira Gomes, também Bispo do Porto, mas este por
ordem de Salazar.
Sei da história
e dos escritos de D. António Barroso, filho de camponeses pobres, embora
houvesse na família lavradores abastados, como os pais do meu avô materno. D.
António era, ao que me consta, conhecido como o «pai dos pobres». Como D.
Manuel Martins, também proveniente da diocese do Porto, 1º Bispo de Setúbal,
era o Bispo Vermelho, tal como D. Helder Câmara, no Brasil. E que dizer de
Oscar Romero, Arcebispo de Santiago, em El Salvador, onde a Ditadura apoiada
pelos EUA fuzilou 1500 sacerdotes católicos que estavam do lado dos pobres, nem
escapando Óscar Romero, defensor do Direitos Humanos e do Povo e dos
miseráveis, de ser deliberadamente morto a rajadas de metralhadora, a mando da
ditadura, cujo mandante nunca foi julgado nem condenado?
Pois é, senhor
M. Lima. Voltemos a D. António Barroso. Depois do 25 de Abril tive oportunidade
de calcorrear Portugal inteiro.
Em Remelhe,
continua lá uma avenida com o nome dele, que termina na porta do cemitério. Cá
fora, um cuidado memorial com o busto em bronze, Lá dentro, logo à entrada, a
capela com o seu caixão, bem cuidada e com exemplares dum folheto periódico
livremente distribuído, relativo ao Bispo, tendo o pároco a meu pedido
oferecido-me uma colecção quase completa. Por detrás da capela, um cuidado
obelisco onde primitivamente fora colocado o caixão.
Em Barcelos, em
lugar de destaque, uma cuidada estátua dele, em corpo inteiro, no Largo com o
mesmo nome, entre o edifício da Câmara e o antigo Palácio Ducal./Museu
Arqueológico, ao lado da Igreja Matriz. A principal rua comercial de Barcelos
(antiga Rua Direita), lá continua com o seu nome. Nas férias de Verão, quando
vou ao Norte, em Barcelos as lojas ostentam cartazes impressos para avisar da
romagem no final de Agosto até Remelhe, com inscrições, para assistir à missa
pelo seu falecimento. Cordialmente, peço sempre um cartaz numa das lojas e
simpaticamente mo oferecem quando digo que sou da família do Senhor D. António.
No Porto é que
fia mais fino. No tempo de Salazar só encontraram uma ruela esconsa para lhe
dar o nome. Lá continua triste, feia, bem perto da Rotunda da Boavista. Ah! E
junto ao Convento de Santa Clara (é este o nome, parece-me) há um memorial
recente e bem cuidado, salvo erro mandado edificar por uma associação de
benemerência com o seu nome. E uma Associação ou Comissão para a sua
beatificação, mas esse processo anda parado, não por causa do 25 de Abril, mas
porque Roma tem dado prioridade ao fundador da Opus Dei, aos padres fuzilados
pela República Espanhola ou aos pastorinhos de Fatima, os do Santuário.
Mas pelo Código
Postal verifica-se que o nome de D. António Barroso figura em artérias de
outras localidades – Águas Santas (Maia), Ermesinde (Valongo), Cernache de Bom
Jardim (Sertã), Valejas (Oeiras), Ronfe (Guimarães), S. Miguel da Carreira
(Barcelos). E participou no Concurso do Maior Português de Sempre, foi
modestamente votado e lá tem a sua biografia no site da RTP.
O site da
eb1-remelhe faz-lhe referência. Há um site na internet - http://www.remelhe.bcl.pt/antoniobarroso.htm.
e livros sobre ele podem ser adquiridos. Regularmente leio nos jornais referências
a ele e ao seu processo de canonização. E no site da diocese do Porto lê-se «
A sua memória nunca foi esquecida. Provam-no a Capela-jazigo no cemitério
de Remelhe, erguida por subscrição pública, logo após a sua morte; o I
Congresso Missionário Português, em Barcelos, no ano 1931; a sua estátua
imponente no centro de Barcelos; os painéis de azulejo com cenas da sua vida
missionária, no Seminário de Cernache do Bonjardim (hoje, da Sociedade
Missionária da Boa Nova); as romagens ao seu túmulo dos "Amigos de D.
António Barroso", através dos anos, até aos nossos dias; a fama
persistente de santidade, que levou a Diocese do Porto a introduzir o seu processo
de canonização, em 1993, e que está em curso nas instâncias do Vaticano.
Para mim é-me
indiferente a canonização de D. António Barroso. Não fico mais rico ou mais
pobre nem acredito em milagres e santuários nem no regresso de D. Sebastião,
seja numa manhã de nevoeiro ou num dia de sol. E só falo disto porque neste
caso o senhor M. Lima está ou foi mal informado.
.
8. – Em jeito de conclusão
(...)
Regressando a D.
António Barroso, que foi Bispo do Porto, este não foi ostracizado pela 2ª
República, iniciada a 25 de Abril de 1974, que também não proíbe a organização
de colóquios nem de romagens, nem apagou o seu nome ou destruiu os monumentos
nem inibe que a imprensa fale dele ou extinguiu a Obra de Benemerência com o
seu nome ou proibiu a venda e circulação dos seus escritos.
(...) 2008.11.15
http://daliedaqui.blogspot.pt/2008/01/matana-dos-inocentes-segundo-histria-do.html
ELEGIA PELA MINHA
FAMÍLIA DISPERSA
Meu avô António Barroso
primo de Bispo
de S. Salvador do Congo e do Porto,
a quem puxaram as barbas nos alvores da República
filho de lavradores abastados de Barcelos
casado jovem
guarda
livros num banco
passando noites
somando
intermináveis colunas de cifras
e o
dinheiro que faltava para tantos filhos.
(...) 1985.11.13
http://aoescorrerdapena.blogspot.pt/2007/11/elegia-pela-minha-famlia-dispersa.html
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