Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fotografias “Portugal 75”, de Elisabeth Lennard

Galeria Pente 10 - Fotografias “Portugal 75”, de Elisabeth Lennard.

Lisboa S.O.S. Publicado em 04 de Abril de 2011
    A Galeria Pente 10 – Fotografia Contemporânea inaugura no dia 7 de Abril, quinta-feira, a exposição “Portugal ‘75”, de Elizabeth Lennard.




    Boy on tank.


    Vintage hand painted silver gelatin print, ed 1/3, 28 x 36 cm


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    “Em Agosto de 1975, a fotógrafa Elizabeth Lennard passou três semanas em Portugal a recolher impressões de um povo recentemente libertado:
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    Portugal estava totalmente impreparado para uma revolução. É um país perigosamente desorientado, economicamente deprimido e tecnologicamente e socialmente atrasado – especialmente nas zonas rurais. Nas aldeias a Igreja Católica continua a deter o poder. A maior parte dos camponeses viveu de uma certa forma durante centenas de anos e não é capaz de mudar. Um dia, numa pequena vila, vimos um grupo de mulheres ajoelhadas à porta de uma igreja. No centro da igreja havia uma estátua de um santo coberta de dinheiro. A Igreja é tão rica e no entanto esta gente faminta continua a dar o pouco que tem. Nas cidades as pessoas são mais sofisticadas mas a pobreza continua a ser extrema. Enquanto que as zonas rurais lembram a América dos anos 50, os centros urbanos evocam mais São Francisco em 1967. O ambiente é enérgico – como se as ruas tivessem sido injectadas de adrenalina. Cartazes coloridos e panfletos escondem uma economia em degradação e um desvanecer da elegância do Velho Mundo. Num café da moda local jovens fumam erva angolana, e um dos mais elegantes restaurantes de Lisboa foi “libertado” transformando-se num ponto de encontro informal e descontraído para trabalhadores e revolucionários. A pornografia é agora legal mas a censura política na imprensa continua. Na Praça do Rossio, a praça central de Lisboa onde as pessoas costumavam reunir-se para discutir futebol, debate-se agora política – por vezes até às duas ou três da madrugada. E todos os cartazes partidários e os graffitis que se encontram por toda a praça – e em todos os outros sítios –supostamente um barómetro da situação, rapidamente são cobertos pelos miúdos de rua com a retórica de uma facção oposta. Ninguém parece saber o que vai acontecer a seguir. É como estar preso no tempo; um povo atrasado e desorientado com um governo progressista e desorganizado. De acordo com um lisboeta, até os hábitos de condução foram afectados. As pessoas costumavam ser razoavelmente civilizadas e conscientes, mas agora conduzem como loucas”.
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    in revista Rolling Stone, Novembro 1975




    Miners with their dogs, interior of Portugal, 1975


    Vintage hand painted silver gelatin print, ed 1/5, 25 x 35 cm













    Stairway, Lisbon, 1975


    Digital pigment print on Hannemuhle paper, ed. 1/15, 29 x 42 cm




    Biografia




    Fotógrafa e realizadora americana, Elizabeth Lennard vive e trabalha em Paris. Participou em numerosas exposições individuais e colectivas, em França e no estrangeiro, nomeadamente no Centro Georges Pompidou, Art Cologne, Caixa Nacional dos Monumentos Históricos e dos Sítios em Paris. Entre os seus filmes importa referir Tokyo Melody – sobre Ruichi Sakamoto, Rencontro avec Gisèle Freund ou Mardis Gras d’après Blaise Cendrars.




    A exposição consiste em 22 imagens a cores, obtidas em 1975.




    Galeria Pente 10 - Travessa da Fábrica dos Pentes, 10 (ao Jardim das Amoreiras)


    1250-106 Lisboa


    Tel. 91 885 15 79 /21 386 95 69


    Contacto: Catarina Ferrer catarina@pente10.com http://www.pente10.com/


    Inauguração quinta feira, 7 de Abril, às 19H00.


    A exposição estará patente até 14 de Maio de 2011


    Horário: 3ª a Sábado, 15H00 às 19H30


    Metro: Rato

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