Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Bahia - Exposição resgata imagens do início da carreira de Pierre Verger

Correio - O QUE A BAHIA QUER SABER

entretenimento |16.09.2009 - 13h31

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Dóris Miranda | Redação CORREIO

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Os baianos já suspeitavam que, quando aportou na Bahia para morar, em 1946, aquele francês acumulava muitas histórias para contar. Coisas que Pierre Verger (1902-1996) guardou no fundo das gavetas porque aqui encontrou seu universo particular. O etnógrafo que era não resistiu à urgência da negritude que exalava das ruas de Salvador e foi direcionando seu olhar fotográfico já formado para os terreiros, os saveiros da rampa do Mercado, as feiras livres, as ruas. Agora, o público tema chance de conferir o trabalho do Verger, que viajou o mundo na década de 30, no período em que se iniciou na fotografia, apontando a Rolleiflex para cenas prosaicas flagradas no cotidiano estrangeiro.


O Campo de Marte, no centro de Paris, ainda sem o verde de hoje,
visto do alto da Torre Eiffel, em 1937

Foto: Pierre Verger/ Divulgação

Uma vasta amostragem disso está na exposição De um mundo ao outro - Pierre Verger nos anos 30, montada no Palacete das Artes Rodin Bahia (Graça) e na Aliança Francesa (Ladeira da Barra), com visitação aberta ao público a partir de hoje.

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A mostra, que tem curadoria de Cláudia Pôssa e Alex Baradel, segue até 18 de outubro, sempre de terça a domingo, das 10h às 18h. A entrada é gratuita. “É um outro Verger, que estava formando seu olhar de fotógrafo. Por isso, não são seus trabalhos mais importantes, que foram desenvolvidos posteriormente, na Bahia. Mas vale muito a pena conferi-los até para se ter ideia do que viria depois”, avalia Cláudia Pôssa, que selecionou 180 fotografias, 30 documentos originais, 11 reproduções em grande formato e um audiovisual.

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Pescador na saída para o mar da Polinésia (1937)
Foto: Pierre Verger/ Divulgação

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Em conjunto, esse material resgata o ambiente cultural e artístico da época entre a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial. Os curadores vão ministrar palestra gratuita sobre a exposição e a pesquisa que gerou o material no dia 24, às 19h30, na Aliança Francesa (Ladeira da Barra).

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Olhar humano
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Além do Verger propriamente dito, a exposição apresenta obras de outros artistas contemporâneos a ele, que o influenciaram diretamente, como Pierre Boucher (que iniciou Verger na fotografia), René Zuber, Emeric Feher e Maurice Baquet. Todos, frequentadores do estúdio de Zuber, onde discutiam a extensão daquela nova objetividade pregada pelos alemães. Mas, sem querer teoria apenas, eles saíram para o mundo.

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Nas feiras filipinas, um flagrante de relaxamento
Foto: Pierre Verger/ Divulgação

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Como o húngaro Robert Capa ou o conterrâneo Cartier-Bresson, Pierre Verger publicou suas fotorreportagens em revistas de peso, como a francesa Regards e a americana Life. “Essa época é marcada pelas descobertas de outras culturas por ele, é um momento de ruptura, quando deixa de viver a vida burguesa da família e passa a olhar o mundo de outra forma. Por isso, escolhemos esse período da vida do artista para montar essa exposição”, explica o curador Alex Baradel.

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O que se vê, então, são instantes imortalizados de Paris no auge de sua efervescência cultural, das colônias francesas nas Antilhas, África e Polinésia. O processo de trabalho era simples: ele saía às ruas e seguia na direção que o instinto pedia. Pierre Verger já apresentada ali, intuitivamente ou não, a perfeita simetria entre a técnica e o elemento humano que transformaria suas imagens em arte.

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“Apesar da inexperiência como fotógrafo, o Verger etnógrafo já manifesta o traço principal que iria pontuar sua trajetória posterior, que se tornaria sua marca na Bahia”, arremata a curadora.

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Serviço
Evento - De um mundo ao outro - Pierre Verger nos anos 30
Local - Palecete das Artes Rodin Bahia e Aliança Francesa
Quando - De hoje até 18 de outubro, de terça a domingo, das 10h às 18h

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(Notícia publicada na edição impressa do dia 16/09/2009 do CORREIO)

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