* Victor Nogueira
(texto e fotos)
Ás 17 horas já era noite fechada e foi quando comecei a minha perambulação a partir da Rua de Santa Catarina, até regressar à de Fernandes Tomás. As ruas quase desertas, esparsas as iluminações natalícias, as montras na sua maioria sem graça na decoração ou com os painéis metálicos protectores corridos, alguns grafitados, o comércio encerrado, salvo lojas de bric-a-brac para turistas, com mostruário de postais ilustrados à porta e pretensas "recordações" de Portugal ...
No Café Majestic o porteiro deixa-me entrar porque lhe digo que quero apenas fotografar o interior - os empregados também têm direito à Ceia de Natal com a família, apesar de raros clientes nas mesas que teimam em não sair. Em Santa Catarina uma mulher com ar "perdido" e de casaco imitando pele de onça dirige-se-nos em inglês para lhe dizermos onde é a estação de metropolitano e lá segue rua acima. hesitante. Tudo é escuridão na Rua 31 de Janeiro, na Praça da Liberdade, na Avenida dos Aliados, na Rua de Sá da Bandeira, na Praça D. João I, raros edifícios iluminados na fachada, quase tudo sem "féerie", como se o centro histórico nobre do Porto fosse o largo duma qualquer vila ou aldeia do interior. Mais luminosa estava a zona dos Clérigos, de que falo em no Porto, entre Cedofeita e os Clérigos, mas não só.
O Café A Brasileira encontra-se em obras de recuperação e para ser mais uma unidade hoteleia, ao lado de outros encerrados e ao abandono. Na Rua Sampaio Bruno e na Praça dos Poveiros os passeios são em calçada portuguesa trabalhada, naquela reproduzindo uma caravela, um carro de bois, um barco rabelo ... Na Praça da Batalha, onde outrora vinha expedir a minha numerosa correspondência, a esta hora deserta, destaca-se um carrocel e o que será mais uma pista de gelo.
"Hoje tentei pôr a correspondência em dia, mas aquilo está tão atrasado que devem ser necessários uns longos serões. A partir da recepção deste postal devereis começar a escrever‑me para Évora. Espero que tenhais recebido o SDS que enviei na véspera de Natal.. Que mais dizer? Estou na estação dos CTT da Batalha; a escrivaninha treme que se farta com o esforço que um "hominho" faz para fechar um envelope. Uma mulherzinha procura quem lhe preencheu um telegrama para dar‑lhe qualquer coisa. E ao contar‑me isto poisa‑me a mão no braço. Gosto da gente do Porto; parece‑me mais humana que a de Lisboa e de Évora." (NSF - 1970.12.26)
Rua de Santa Catarina
Centro Comercial Via Catarina
Café Majestic
antigo Café Palladium (actual loja da FNAC)
Relojoaria Ourivesaria Marcolino
Livraria Latina, uma das mais antigas do Porto
Praça da Batalha
pista de gelo e carrocel
Teatro de S. João
Rua 31 de Janeiro (antiga Rua de Santo António)
Joalharia Machado
Caixa Geral de Depósitos
Praça da Liberdade
Estação de S. Bento
Passeio das Cardosas
antigo Banco Nacional Ultramarino
Rua Sampaio Bruno
Rua de Sá da Bandeira
Teatro Sá da Bandeira
Relojoaria Ourivsaria Marcolino
Rua Passos Manuel
antigo cinema Olympia, ao lado do Coliseu
Praça dos Poveiros
Rua de Santo Ildefonso
montra de loja de artesanato
Largo do Padrão
A este Café do Padrão, agora encerrado, vinha muitas vezes depois de almoço com o meu avô Luís
Farmácia do Padrão
ao fundo a Rua Formosa
Rua D. João IV
palacete do banqueiro Pinto de Magalhães
fotos em 2016.12.24
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