Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 12 de junho de 2011

A religião e as graúdas reverências mais os pilares do Fascismo em Portugal

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Carregado por  em 15 de Out de 2009
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S A humilhação leva á morte


2009_DVD loop_cor / p/b_14' 46''




Instalação com vídeo e fotografias sobre livro de contas


Compilação em vídeo de 144 fotografias de um Álbum em depósito no Museu que regista a visita em 1969 do Cardeal D. Manuel Cerejeira e de um enviado do Papa, o Cardeal D. Maximiliano de Furstenberg, à então Casa do Comendador Nogueira da Silva.
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Sobre a secretária do antigo escritório de Nogueira da Silva, num livro de contas, encontram-se duas fotografias, uma retrata o discurso de Salazar em 1966 em Braga nas comemorações do 40º aniversário do 28 de Maio e onde questionava O que é a verdade?. A outra fotografia retrata o ataque á sede do PCP em Braga em 1974.
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Este vídeo foi apresentado originalmente na exposição S de Saudade, au hasard Salazar no Museu Nogueira da Silva em Braga em 2009 onde foram apresentados a totalidade dos diferentes trabalhos desta série - S de Saudade - já realizados para as três exposições que decorreram entre 2007/2008. Simultaneamente foram produzidos novos trabalhos em vídeo relacionados com a história especifica desta Casa / Museu e também uma série inédita de trabalhos fotográficos - O Senhor S.


Os trabalhos desta exposição foram instalados na zona museográfica, cruzando-se com os elementos arquitectónicos e decorativos desta Casa-Museu, onde nos anos 60 o próprio Presidente do Conselho Oliveira Salazar e o Cardeal D. Manuel Cerejeira foram convidados de honra. 
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O que é a verdade? questionava Salazar em 1966 no seu discurso em Braga nas comemorações do 40ºaniversário do 28 de Maio.
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O seu rosto já envelhecido desafiava a assistência no seu habitual tom professoral. Restavam os aplausos concordantes de uma elite instalada e fora de tempo que enunciava o início da agonia do Salazarismo. 
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Este projecto foge a um realismo mimético para criar uma distância crítica em relação á época. 
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È uma confrontação crítica e subjectiva, não existe uma preocupação pelo passado em si mesmo mas uma aproximação crítica. 
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Não é a pessoa do ditador que é questionada mas o simbolismo em si concentrado figura do absurdo como representante de um passado colectivo. 
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Este trabalho relaciona-se com as formas, os meios e os métodos, as imagens e as suas histórias e concepções que se transformaram num património comum. 
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A imagem criada por Salazar não é realista mas hiper-realista, esquecendo a singularidade e incorporando todos os males de um país provinciano e conservador. 
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(p.m. 2009)
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PAULO MENDES, O PASSADO E O PRESENTE

 


Carregado por  em 15 de Out de 2009
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S de Saudade, O Passado e o Presente


2008_DVD loop_cor / p/b_som_10 min.


Só temos o passado à nossa disposição.
É com ele que imaginamos o futuro.
 Eduardo Lourenço, 1997


A série - S de Saudade apresenta uma série de novos trabalhos onde a fotografia, a pintura e o vídeo se complementam em imagens que questionam o papel das artes plásticas na representação e ao serviço do poder político.
O retrato foi sempre um tema recorrente na pintura. Que valor iconográfico e de relevância politica podemos hoje retirar ao olhar para retratos de Salazar e de outras figuras da sociedade portuguesa de diferentes épocas?


A invisibilidade constitui o próprio estado de Salazar. Ele é invisível e quer-se como tal. Só raramente se mostra em público e ainda menos em manifestações de massas. A sua pessoa física, a sua presença corporal não se expõem aos olhares (). Esta forma pouco habitual de presença de um Ditador não escapou a António Ferro: E este nome, Oliveira Salazar, () começou a diminuir-se, a encurtar-se, até se engrandecer na sua redução à expressão mais simples, até ficar sintetizado nesta palavra sonora Salazar. Esse nome, com essas letras, quase deixou de pertencer a um homem para significar o estado de espírito dum país, na sua ânsia de regeneração, na sua aspiração legítima duma política sem política, duma política de verdade.
 José Gil, 1995


Ultrapassadas pelo avanço da história essas representações estão agora armazenadas em esquecidos acervos de museu ou em arquivos esquecidos de televisão, como adereços ou fragmentos de uma peça fora de cena.
Abandonados os lugares da sua exposição pública, arrastados pela perda da importância política dos representados ficam agora depositados entre outros retratados actualmente anónimos, entre cartões e máquinas de climatização na tentativa de preservar a representação de uma história pública.


Numa sociedade de brandos costumes, este lento apagar da memória corresponde a uma amnésia colectiva.

(p.m. 2007)







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