sábado, 3 de outubro de 2020

Óbidos, nas Terras da Rainha

 * Victor Nogueira / JJ Castro Ferreira

«Muitas das estações [da Linha do Oeste] tinham bonitos jardins. Em Óbidos vimos o Castelo, que é enorme. Salvo erro a vila ainda se encontra dentro das muralhas. (...)» (Diário III, 8/9 Setembro 1963, págs 348/351)

Do comboio e cá em baixo, foi esta a 1ª vez que vi Óbidos, lá no cimo, em 1963, depois dumas férias em Monte Real e a caminho duma breve estadia em Lisboa, antes do regresso ao Porto.

Há um erro na breve descrição. O que eu entendi então como castelo enorme, aqui e noutras localidades, eram as muralhas que cercavam a vila medieval. O castelo está frequentemente alcandorado numa penedia, normalmente a uma extrema. Terei voltado depois algumas outras vezes, duas ou três, nas minhas viagens para o Norte ou no regresso. Mas depois de 1990 e durante cerca de duas décadas voltei a percorrer as suas ruas. Sabia que estava a chegar às Caldas da Rainha quando pela Auto-estrada do Oeste avistava  à minha esquerda a vila muralhada. Um pouco mais adiante saía para as antigas Caldas de Óbidos, uma das terras onde vivi e fui feliz e bem acolhido, como se da família fosse.

A povoação medieval que hoje encontramos é uma encenação, pois o terramoto de 1755 transformou quase tudo em escombros e ruínas, obrigando à reconstrução dos edifícios. Óbidos fazia parte das terras da(s) Rainha(s), mas nos finais do século XV a rainha D. Leonor mandou edificar um hospital termal num ermo vizinho, de águas sulfurosas, fundando um lugarejo que a partir do século XVII se começou a desenvolver por aí passar a estacionar a Corte de D. Afonso VI. Deste modo se iniciou a decadência de Óbidos, hoje um lugar praticamente desabitado apesar das multidões que diariamente percorrem em visita as ruas empedradas e os edifícios públicos.

Na sequência de outras publicações sobre Óbidos, referidas no final, nesta recolhem-se fotos do meu tio José João, assinaladas com (*),  e outras de minha autoria.


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Rua Direita

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A Capela de S. Martinho é um templo funerário familiar mandado construir por Pero Fernandes, talvez entre 1320 e 1331

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Ao fundo a Porta da Vila

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À esquerda e ao fundo, o castelo, e à direita, a torre sineira da Igreja de Santa Maria

Em 1º plano, Igreja de Santa Maria e, à direita, o Santuário do Senhor da Pedra, nos arrabaldes

Vista geral

 

Muralhas




Pelourinho e, ao fundo da Rua Direita, a Igreja de Santiago, adjacente ao castelo


O telheiro à esquerda era o mercado medieval

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Porta de N.. Sra da Graça, datada do Século XVII, mandada construir por D. João IV, está forrada com azulejos do séc. XVIII e uma capela-oratório com varanda do século anterior. "A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original" é a inscrição que se encontra sobre a porta principal da vila de Óbidos.  


Igreja da Misericórdia, antiga Capela do Espírito Santo, mandada edificar em 1498 pela Rainha D. Leonor, sofreu múltiplas alterações ao longo dos tempos

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A Igreja de S. Pedro, dos séculos XII  - XIII,  foi arruinada pelo terramoto de 1755,  conservando dos tempos primitivos  apenas  vestígios do antigo portal gótico, a torre sineira e, no seu interior, o altar-mor em talha dourada com trono (1690-1705). No seu interior encontra-se o túmulo da pintora Josefa de Óbidos


Igreja de Santa Maria, vista do mercado medieval
  






Igreja de Santa Maria - Inicialmente um templo visigótico transformado em mesquita durante a ocupação árabe, foi sendo transformado ao longo de vários séculos,  apresentando elementos manuelinos, renascentistas, maneiristas e barrocos. No interior deste templo a guardiã increpava e proibia as fotografias dos visitantes, alertada pelos flashes, encrespando-se. Numa das minhas visitas, ajustada a abertura da lente, fui colocando a minha reflex em pontos estabilizados e ao retardador fui fotografando, sem que ela se apercebesse.



Junto às muralhas corre esta Rua da Talhada, que os turistas não calcorreiam


Fotos VN em 1997 (rolos 203 A e 206 e 1998.01.13 (rolo 216)

VER

Azulejaria - CP . Óbidos



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