* Victor Nogueira
O actual edifício dos Paços do Concelho de Setúbal, é projecto de Raul Lino. O edifício primitivo, do século XVI, reformulado no século XVIII, com traça similar à da Casa do Corpo da Guarda, foi destruído por um incêndio quando da Implantação da República. Com efeito os Paços do Concelho em muitas terras albergavam também os serviços de cobrança de impostos e a cadeia comarcã, para além de aquartelaram a Guarda Municipal. De 4 para 5 de Outubro, cercada e encurralada pela população, a Guarda Municipal abriu fogo sobre os manifestantes, que vitoriavam a República e a Queda da Monarquia, não conseguindo impedir a invasão do edifício e o incêndio subsequente, que destruiu os Arquivos Municipais, reduzindo a cinzas grande parte da História documental do Município.
Foi no Congresso Republicano de Setúbal, realizado nos dias 23, 24 e 25 de Abril de 1909, no antigo Teatro Rainha D. Amélia – hoje o Fórum Luísa Todi – que se decidiu a via revolucionária para a conquista do poder, quando até aí era por muitos defendida uma perspectiva mais pacífica e evolucionista, da conquista deputado a deputado, câmara a câmara, como caminho para a implantação da República.
Programada para ser proclamada a República em 4 de Outubro de 1910, ela veio a acontecer nesse dia nos Municípios de Loures, Moita e Setúbal. A resistência das forças militares fiéis á Monarquia quase fez malográ-la em Lisboa, na sequência do assassinato de Miguel Bombarda por um alienado no hospício e pelo suicídio doutro dos líderes, o Almirante Cândido dos Reis, convencido do fracasso da revolta. Contudo, a resistência dos revoltosos na Rotunda, chefiados pelo comandante Machado dos Santos, em Lisboa, acabou por conduzir á vitória e á implantação da República, proclamada da varanda dos Paços do Concelho de Liboa em 5 de Outubro.
Anteriormente e na sequência do Ultimato Inglês a propósito do Mapa Cor-de-Rosa e partilha de África pelas potências coloniais, ocorrera no Porto a Revolta de 31 de Janeiro, em 1891, o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta fracassou e os implicados foram alvo de violenta repressão pelas forças da Monarquia.
O pelourinho de Setúbal esteve inicialmente colocado na Praça da Ribeira Velha, sendo depois deslocado para o actual Largo do Marquês de Pombal, no Bairro do Tróino.
O pelourinho de Setúbal data do século XVIII, sendo uma estrutura em cantaria de mármore, composta por soco quadrangular de dois degraus, onde se ergue um pedestal prismático com inscrições, sobre o qual assenta coluna de fuste cilíndrico, capitel coríntio encimado por pinha cónica, com ferro terminal trespassando três esferas muito deterioradas. No pedestal lêem-se as seguintes inscrições: A S.: "Este pelourinho se mudou da Praça Ribeira para esta real no Anno de 1774"; a N.: "E por decreto de S.M.F. nomeado inspector das obras públicas desta villa José Bruno de Cabedo Coronel do Regimento e governador da praça Director destas João Vasco Manuel de Braun sargento-mor da mesma Engº e comandante d'artilharia"; a E.: "Por ordem do Illmo. e Exmo. Sor. Marquez de Pombal do Conc. de Estado"; a O.: "Tudo Executado por despeza da Camera desta Villa, sendo juiz de fora, Liandro de Souza da Sylva Alcoforado".
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