* Victor Nogueira
Outrora, enquanto estudante, viajava muito de comboio, nas minhas deslocações entre Évora, Beja, Lisboa, Porto e Setúbal ou Paço de Arcos e algumas vezes a Sintra. Depois, durante anos, nas minhas deslocações de e para o Barreiro, onde trabalhei, ou entre Lisboa / Porto (Mindelo) e regresso. Dalgumas dessas viagens ficaram registos epistolares e fotográficos, como os que transcrevo.
Nesses tempos a CP anualmente organizava o Concurso das Estações Floridas, posteriormente substituído pelo Concurso das Estações Ferroviárias Bem Cuidadas, que englobava também apeadeiros.
Em 1960 e em 1962 o 1º prémio foi atribuído à Estação ferroviária de Elvas. Nas minhas andanças em Portugal de lés-a-lés tive ocasião de visitar inúmeras estações ferroviárias, fazendo registos fotográficos dos painéis de azulejos de muitas delas: Avis, Bombarral (não), Cabeço de Vide-Vaiamonte, Caldas da Rainha, Castelo de Vide, Elvas, Estremoz, Évora, Fronteira, Marvão (Beirã), Montemor-o-Novo (não), Óbidos, Outeiro (Torres Vedras), Pinhal Novo, Portalegre, Marvão, Porto (S. Bento), Ribeira de Santarém, Rio Tinto, S. Mamede Infesta, Setúbal, Sines.
Estação ferroviária de Elvas - prémios
Muitas das estações da CP por esse Portugal fora tinham pequenos jardins floridos e painéis de azulejos com cenas de vida, paisagens e edifícios da região circundante. Nesse tempo apenas encontrei uma degradada e com os painéis de azulejos arrancados, a de Cabeço de Vide-Vaiamonte o que me causou tristeza, pois fora a 1ª que assim encontrei.
Setúbal - Igreja de Santa Maria da Graça (postal ilustrado - colecção VN)
Foto victor nogueira - Na estação ferroviária de Vila Nova de Gaia - 1975 12
Foto victor nogueira - Ponte ferroviária D. Maria II, sobre o Rio Douro - Vila Nova de Gaia / Porto 1975 12
Fotos victor nogueira - Estação ferroviária de Campanhã, no Porto
Foto de família - Zé Luís, c. 1980
Linha Porto / Póvoa de Varzim
Foto victor nogueira - Mindelo - antiga estação ferroviária suburbana, actual estação do metro de superfície do Porto
1. - Gosto de ir até ao Mindelo (...). Fica a poucos metros da estação, com ligações ferroviárias ao centro do Porto (a Sul) ou a Vila do Conde e Póvoa de Varzim (a Norte), em viagens que não ultrapassam os vinte minutos. Para além disso a praia fica a 2 quilómetros.
E depois sempre há pessoas que me vão reconhecendo ao fim destes anos. No centro da aldeia o homem dos jornais, o talhante, os donos do minimercado, a rapariga da padaria. Mais adiante, junto à praia, a dona de outra loja, um pouco maior e com maior variedade de mercadoria. (...)
Gosto da casa e do sítio, mas fica demasiado longe para se ir lá durante o ano. (MMA - 1993.08.20)
O Mindelo é para mim um quartel-general donde parto para as minhas explorações paisagísticas e turísticas. Para o interior e ao longo dos rios dão-se belos passeios, com protestos da Susana, que não aprecia ver pedras e monos. (MMA - 1993.08.21)
2. - Faço no metropolitano o percurso entre o Mindelo e a Fernandes Tomás, no Porto. Na ida embrenhado na re-leitura de "A Oeste Nada de Novo", de Erich Maria Remarque, e no regresso, já noite cerrada, atento ao que ao meu redor se passava; o ondear sinuoso das carruagens, o casal chinês com o miúdo ao colo do pai, a mãe semi-adormecida, miúdo que num balanco do comboio se desequilibra e se magoa de encontro ao carrinho de bébé. Os orientais raramente sorriem, transportando aquele ar sério e para nós imperscrutável. Defronte a mim, sentados, um casal jovem, ela absorta, com ar vagamente sério e triste, a cabeça encostada ao vidro, inclinada e apoiada na mão, o braço flectido, olha para o negrume para lá da janela; a páginas tantas ele debruça-se sobre ela, que permanece indiferente, ele força beijos, mas ela retoma com ar contrariado e ausente a posição anterior, de olhar para fora da carruagem. Ele sai antes do Mindelo, ela prossegue talvez para a Póvoa de Varzim, com o mesmo ar distante, frágil e ausente, sem sorriso ou gesto de agrado.
As estações do metro no Bolhão e no Campo 24 de Agosto estão a grande profundidade, Naquela um painel de azulejos ilustra cenas do mercado vizinho, recuperado, enquanto no Campo as estações rmitiram pôr a descoberto um edifício, centenário de séculos, onde existiu a “
Mãe d’ Água de Mijavelhas”, que na ribeira, à entrada da “
Estrada para Valongo e Além”, de “
Chafariz” do Fernão Lopes passou a “
Arca” dos Homens-Bons do Porto Renascentista” e de “
Arca” a “
Reservatório do Campo Grande” . (2014.09.03
Porto: a rua Fernandes Tomás, entre o Bolhão e o Campo 24 de Agosto)
Títulos de transporte
Linha do Estoril (Cais do Sodré / Cascais) Bilhetes em 1ª, 2ª e 3ª classes
Linha do Estoril - Passe mensal
Bilhetes das Linhas do Norte (auto) e suburbanas do Barreiro e da Póvoa de Varzim
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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?