domingo, 18 de outubro de 2020

moinho de maré de Corroios e não só

 * Victor Nogueira

Embora haja fotos minhas dos moinhos de maré de Alhos Vedros, Barreiro e Corroios apenas deste último tenho digitalização parcial. Seguem-se estas fotos e textos com referencias a moinhos de maré na Península de Setúbal, estes não só de minha autoria

.

O moinho de maré de Corroios






Os textos

De Setúbal à Atalaia o percurso ainda é feito por estreita e movimentada estrada, passando por povoações à beira da estrada sem algo de notável para assinalar. O Santuário da N. Sra da Atalaia era a primeira agradável surpresa, lá no cimo da escadaria que parte do amplo terreiro onde existe um cruzeiro. Depois a ponte das Enguias, periclitante, onde se situava um arruinado edifício que outrora fora caiado de branco, que não confirmei se teria sido um moinho de maré, para além de salinas e arrozais.  (Memórias de Viagem, 1997)


A parte antiga do  Barreiro possui um passeio arborizado ao longo do rio Tejo, com arruamentos em quadrícula. As três igrejas antigas concentram-se à beira-rio (N.Sra do Rosário, Misericórdia e Santa Cruz), onde também existem uma praia fluvial, poluída, os moinhos de vento da Alburrica, um deles acentuadamente cónico (naquele onde funciona uma Ludoteca), e moinhos de maré, que são testemunhos de processos de fabrico que pertencem ao passado. Avenida Alfredo da Silva,  fundador da CUF (Quimigal) é uma importante artéria onde se concentra variado comércio, com um jardim. O edifício da Câmara é pobre, com vitral na escadaria. Junto ao rio Tejo um dédalo de linhas férreas, com Lisboa na outra margem.  (Memórias de Viagem, 1997)


A vila de Alhos Vedros possui pelourinho, coreto e um desactivado moinho de maré, com um muito degradado palácio com varandas de sacada. Estes dois edifícios situam-se no Largo do Descarregador, ao qual se chega pela rua do Marítimo, perto dum esteiro  mal cheiroso, onde vogam ainda algumas embarcações. (Notas de Viagem, 1997) 


Seixal é uma pequena povoação. uma rua central e duas laterais, transversais para o rio, dois pequenos jardins, um em cada extremo, e um passeio alameda ao longo do rio. O Ecomuseu tem vários núcleos, como o da construção naval, moagem (moinho de maré de Corroios) e romano. Situa-se num esteiro do rio Tejo, denominado Rio Judeu, em cujas margens ficam também Arrentela, Amora e Corroios. Barcos recuperados: um varino e dois botes de fragata. O moinho de maré de Corroios, o único de dez que se mantém em funcionamento; no século XVI ascendiam a 60, que abasteciam Lisboa com farinha. (1) À entrada do Seixal impõe se o edifício da fábrica corticeira da Mundet, hoje encerrada, em processo de degradação.  (Notas de Viagem, 1997) 

~~~~~~~~~~~~~~~~

(1) Outros moinhos são os da Quinta da Palmeira e do Zemoto (aldeia de Paio Pires), do Breyner (Arrentela), da Torre, do Capitão, do Galvão e da Passagem (Amora), Velho e Novo dos Paulistas (Seixal).


Outros textos, de outrem

Os moinhos de maré da Margem Sul do Tejo

2019

Das muitas dezenas de moinhos de maré que outrora funcionaram no Estuário do Tejo, ainda há vários na Margem Sul que resistiram ao passar dos séculos.

Destes, escolhemos quatro que, por si só, justificam um passeio até ao Seixal, Montijo, Moita ou Barreiro. Ora vê a nossa lista, junta a família e prepara já uma visita com muito para contar.


1 – Moinho de Corroios, no Seixal

Foi edificado em 1403, por ordem de Nuno Álvares Pereira, dono da maior parte dos terrenos à volta do rio Coina, o afluente do Tejo que entra no Seixal. Um ano depois, o Santo Condestável acabou por doá-lo aos frades carmelitas do Convento do Carmo, que o utilizavam para a moagem de cereais.

Reconstruído após o terramoto de 1755, começou a perder importância nos anos 70 do século passado, mas a Câmara do Seixal transformou-o num ecomuseu que faz as delícias de visitantes de todas as idades. Hoje é um dos poucos exemplos de moinhos de maré (no mundo) a trabalhar para o público.

2 – Moinho do Cais, no Montijo

Ex-líbris do concelho do Montijo, este moinho de maré tem origens documentadas em meados do século XVII, mas a cruz da Ordem de Santiago que existe na fachada denota uma história anterior. Também ele utilizava as águas do Estuário do Tejo para moer os cereais e transformá-los em farinha.

Pertenceu à mesma família durante vários séculos e mudou de mãos no século XX, antes de ser adquirido pela Câmara Municipal, em 1995, que assumiu a sua preservação. Está aberto a visitas durante o fim de semana.

3 – Moinho de Alhos Vedros, na Moita

Construído no século XVII, é um moinho de maré cheio de história, já que a farinha que produzia abastecia não só a população local da zona da Moita, como a própria cidade de Lisboa. Além disso, era também utilizado pela Fábrica de Vale do Zebro, de onde saíam os biscoitos utilizados durante as viagens marítimas dos Descobrimentos.

Esteve em laboração até 1940 e agora pertence à autarquia da Moita, que o reconverteu em espaço cultural para dar a conhecer o modo de funcionamento dos antigos moinhos de maré. Aqui, poderás descobrir, por exemplo, alguns equipamentos de moagem, como as cambeiras, os teigões e as pás da farinha.

4 – Moinho de Maré Pequeno, no Barreiro

Dos 12 moinhos que o Barreiro chegou a ter por todo o concelho, ainda é possível observar cerca de meia dúzia, alguns bem conservados, outros já em ruínas. Entre eles, destaca-se o Moinho de Maré Pequeno, que esteve em funcionamento até ao primeiro quartel do século XX. Depois, chegou a ser armazém de produtos que chegavam do Ribatejo (via fragatas) e hoje é um centro interpretativo, aberto a visitas pela câmara Municipal.

O Moinho de Maré do Braamcamp, no Bico do Mexilhoeiro, o Moinho de Maré de Coina, o Moinho de Maré do Duque, e o Moinho Grande, em Alburrica, são outros testemunhos deste tipo de construções que aproveitavam as águas do Tejo.

Os moinhos de maré em Setúbal

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma Photographia por si só vale por mil palavras?