A finalidade era ir até Esposende e Apúlia mas como já era tardia a hora em que pus rodas a caminho e para evitar a morosidade do pára-arranca da Estrada Nacional resolvi seguir pela A28 e dou por mim na A11 rumo a Barcelos. Saio em "Barqueiros", que me parece uma povoação interessante e desafogada à beira da estrada, em cuja zona central se encontram uma igreja, uma bomba de gasolina e uma alameda ajardinada. Ignoro a razão de ser do nome dos lugares de Barqueiros e das Necessidades.
Conduzir para oeste nestes dias de longo entardecer e com sol baixo a encandear - mesmo que de óculos escuros - é incómodo e perigoso por estas estreitas e sinuosas estradas secundarias.
Conduzir para oeste nestes dias de longo entardecer e com sol baixo a encandear - mesmo que de óculos escuros - é incómodo e perigoso por estas estreitas e sinuosas estradas secundarias.
Estaciono junto à Igreja e dou início ao meu périplo fotográfico desde o Santuário de N. Sra das Necessidades até à alameda fronteira e ajardinada, com bancos a esta hora desocupados e um parque infantil onde brinca uma solitária criança acompanhada por um adulto. É neste jardim que se realizará dentro de poucos dias a Romaria e nele está uma escultura enaltecendo a vitoriosa luta das populações contra a extracção de caulino no que ficou conhecido como Guerra do Caulino ou Guerra dos Caulinos. O caulim ou caulino é um abundante minério composto de silicatos hidratados de alumínio, como a caulinita e a haloisita, e apresenta características especiais que permitem sua utilização na fabricação de papel, cerâmica, borracha, e tintas, entre outras aplicações,
Ladeando a alameda (Avenida Arcebispo Dr. Gaspar Bragança) - que é o Terreiro do Santuário - casas de dois pisos, a maioria bem-conservadas, algumas com a pedra aparelhada à mostra. Junto à Igreja há uma edifício brasonado mas nas pesquisas posteriores nenhuma referência a ele encontro. (...)
A festa em honra da Nossa Senhora das Necessidades é conhecida no país inteiro.As Festas atraem milhares de forasteiros que visitam Barqueiros nos dias 6, 7 e 8 de Setembro, destacando-se a procissão, a corrida de cavalos, as bandas de música e a queimada das Vacas de Fogo, cujo significado não consegui apurar.(...) No início do séc. XVIII, no local do primitivo povoado romano de Barqueiros só existia a igreja paroquial. Como estava decadente e em sítio ermo foi ordenada a sua transposição, em 1720, para a colina imediata a poente, para junto do povoado. Aí se situava o centro cívico de Barqueiros. A velha igreja de Barqueiros manteve-se igreja matriz até 1931. Neste ano passou para o Santuário das Necessidades, após uma década de lutas entre fações a favor e contra essa passagem.
A deslocação do centro da freguesia, do lugar de Igreja ou Barqueiros para as Necessidades, iniciou-se com a divulgação local do culto a Nossa Senhora das Necessidades e consequente construção do respetivo Santuário. A iniciativa deveu-se a Frei João Veloso de Miranda Matos Godinho e Noronha que trouxe de Lisboa uma imagem e a colocou num nicho próximo à Quinta da Torre de Bassar, quinta dos seus antepassados Velosos de Miranda que durante gerações foram escrivães do Couto de Apúlia.
Apregoadas as graças e virtudes gerou um grande movimento de peregrinos e avultadas esmolas que deu para iniciar a construção do Santuário por volta de 1746. A sagração deu-se em 1762, ainda sem retábulo-mor. Este foi projetado em 1774 pelo conhecido arquiteto bracarense, Carlos Amarante.
Construído em Bassar, junto aos limites de Barqueiros, num local de bouças pouco produtivas, era constantemente visitado por devotos, sendo o maior afluxo por ocasião da romaria, nos dias 7 e 8 de setembro e domingo seguinte a estes dias. Tal facto motivou a doação de uma vasta área de terreno – o atual Terreiro – para as romarias, por parte do Arcebispo D. Gaspar de Bragança. Estas festas foram, na segunda metade do séc. XVIII e séc. XIX, das mais afamadas da região, havendo registos de romeiros vindos da região costeira entre a Maia e Viana do Castelo.
Em 1812 o Terreiro aparece referenciado como rodeado de casas, havendo algumas destinadas ao apoio dos viajantes. Nas proximidades, aproveitando oportunidades de negócio com o movimento de peregrinos e romeiros, surgiu um importante centro produtor de telha e tijolo que deu origem ao atual lugar de Telheiras.
O Santuário, a nível regional, influenciou também o desenvolvimento de novas estradas. Logo em 1759, a confraria que ainda administrava o Santuário (ainda em construção) pede ao rei D. José uma ponte para a lagoa das Necessidades, entre Rio Tinto e Cristelo, em direção a Vila Seca e Barcelos. Mais tarde a importância desta via foi realçada com a nova estrada real (n.º 30), da Póvoa de Varzim a Valença, passando pelas Necessidades e Barcelos. Esta, em 1868, andava em construção na zona das Necessidades." (wikipedia)
fotos em 2016.08.28
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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?