* Victor Nogueira
«O atual edifício da Câmara Municipal de Barcelos é o resultado de uma série de anexações, reformas e acrescentos a partir do núcleo dos velhos Paços do Concelho, a que a grande remodelação e ampliação iniciada em 1849 procurou dar uma certa unidade.
Integra o antigo Hospital do Espírito Santo, que serviu de posto de assistência dos peregrinos a Santiago de Compostela e a antiga Capela de Santa Maria, ambos do século XIV. A Torre e Casa da Câmara são do século XV e a Igreja da Misericórdia do século XVI.» (in Visit Portugal)
«O pelourinho de Barcelos é um dos mais emblemáticos pelourinhos nacionais, pelo refinamento artístico da sua concepção. Como a generalidade destes elementos, divide-se em quatro partes fundamentais: plataforma (de quatro degraus), base (neste caso bastante volumosa), fuste hexagonal de grande altura e terminação em gaiola igualmente hexagonal, antecedida por um pequeno capitel decorado inferiormente por um encordoado.
A gaiola é, sem dúvida, o elemento de maior interesse, desenhado como se de uma micro-arquitectura se tratasse. Compõe-se de uma estrutura contrafortada rematada por pináculos, que delimitam o espaço interior da gaiola, esta aberta a partir de janelas. O conjunto é rematado por um pináculo multifacetado que prolonga ainda mais em altura o pelourinho.
Por estes dados, percebe-se como o pelourinho de Barcelos é um dos que melhor atestam o poder simbólico que presidia à construção destes marcos. Quer pela sua altura (hoje reforçada pelo local de destaque que ocupa), quer pela excelência do seu trabalho escultórico, ele testemunha o grau de importância e de carga simbólica da autoridade concelhia no amplo processo de renovação de forais passada por D. Manuel.
Ao longo da sua história, este pelourinho conheceu três localizações distintas. Originalmente, situava-se no amplo largo traseiro à colegiada, diante dos Paços Municipais e dando directamente para o declive que conduzia ao rio. No século XVII, mercê da radical mutação urbanística proporcionada pela capela do Senhor da Cruz e pelo terreiro da feira, este símbolo de autoridade municipal foi deslocado para o Largo da Porta Nova, onde permaneceu até ao século XIX. Nesta última centúria, foi desmontado e disperso, perdida a função para a que tinha sido concebido. O processo de monumentalização das ruínas do Paço condal, e a organização do Museu Arqueológico de Barcelos, determinou nova transferência, desta vez impulsionada por António Ferraz, um dos mais importantes investigadores locais (ALMEIDA, 1990, p.41). O local então escolhido foi o largo defronte da Colegiada de Santa Maria, sítio que ainda hoje ocupa, em posição dominante sobre a ponte medieval e a tradicional entrada na cidade, para quem se desloca do Sul. (PAF - DGPC)
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