quinta-feira, 27 de maio de 2021

É a guerra, é a guerra!

  Victor Nogueira


Fausto - "A guerra é a guerra" do disco "Por Este Rio Acima"  

Há por esse país fora muitos largos, praças, ruas ou avenidas dedicadas aos Combatentes ou Mortos da Grande Guerra e aos Heróis ou Combatentes da Guerra do Ultramar. Lembrados também em monumentos escultóricos. Aqui se coligem os textos das minhas Viagens em que tal é referido, incluindo fotografias de minha autoria.


Alpedriz Pertencendo a Alpedriz, encontra-se a povoação de Montes, por onde andaram os romanos, sendo visível a Igreja de S. Vicente, de traça moderna, em cuja fachada se encontra gravada uma lista dos filhos da terra mortos na I Guerra Mundial. No interior do templo a via sacra está representada por baixo relevos polícromos, e no exterior, sobre um pilar de prata, encontra-se uma imagem de Santa Maria. (Notas de Viagem, 1998.02.22)


Batalha  De Fátima fomos à  Batalha ver o Mosteiro. Lembro-me das Capelas Imperfeitas, de quando cá estive em 49/50. Gostei bastante de ver o Mosteiro, que é de calcário. Vi os claustros, a Sala do Capítulo, onde se encontra o Túmulo do Soldado Desconhecido. É proibido dar donativos naquela sala, mas os visitantes metiam-nos no bolso do sentinela que lá estava perfilada. Vimos a sala de 14/18, mas à pressa. Eu gosto de ver as coisas calmamente. (1963.09.02 - Diário III)

Cós (Coutos de Alcobaça)  No adro da igreja, onde sobressaem palmeiras, uma lápide regista o nome dos filhos da terra mortos na Guerra de 1914/18. A pintora Josefa de Óbidos havia pintado alguns quadros para o Convento, dispersos após a extinção das Ordens Religiosas na sequência das Revoluções Liberais do século XIX. .(Notas de Viagem, 1997.10.31)


Covilhã Jardim principal - com miradouro debruçado sobre a Serra. Igreja de S. Francisco (da estrutura gótica primitiva restam duas capelas tumulares). Monumento aos mortos da grande guerra. (1998.07.08/12)


Évora - Jardim Público. Onde está uma oliveira com uma lápide que reza assim:  "Oliveira plantada em 14 de Julho de 1919 comemorando a Paz Universal após a Guerra dos Povos Aliados contra a Alemanha" (NSM - 1969.01.26)

Évora Dentro de momentos a Praça do Giraldo será cenário duma  manifestação [do 10 de Junho] que pretendem grandiosa e durante a qual se enaltecerá essa gloriosa e alegremente sacrificada juventude portuguesa que em terras de África defende a herança dos seus avoengos, numa guerra santa sobre cujos fundamentos se não admitem dúvidas.  (...) Está uma manhã cheia de sol, contrastando com o pluvioso e cinzento dia de ontem. Pela janela aberta chegam-me aos ouvidos o chilrear dos pássaros e os discursos transmitidos pelos autofalantes, na cerimónia que se realiza a dois passos daqui, entrecortados por salvas de palmas. (NSF - 1969.06.10)

Évora À minha direita dois velhotes conversam: um deles conta qualquer episódio relacionado com a sua estadia na Grande Guerra de 14/18. (…)  Mais velhotes sentam se ao lado da minha, iniciando amena cavaqueira. Agora reparo que esta é a mesa deles. Adeus, estudo. Um deles diz que os gajos da situação são os que mais maldizem o Marcelo [Caetano] e os que mais o homenageiam. (MCG - 1972.09.28)

Évora No Giraldo Square erguem-se bancadas e toldos, que vedavam ao trânsito automóvel a rua da Selaria (ou 5 de Outubro). O Giraldo é uma "bancadaria" para [comemorações d]o 10 de Junho, que este ano deve ser comemorado em grande, para compensar os desastres que se vão averbando na Guiné e no Norte de Moçambique. (...) Domingo próximo, em Portugal de lés a lés, viver-se-ão jornadas de fervor patriótico! (MCG - 1973.06.07)

Évora Num ápice o Arcada enche-se. Terminaram as condecorações, os toques de clarim e o desfilar das forças em parada. Já ontem se notavam muitos forasteiros que de longes terras vieram até ao povoado. Aqui à minha direita, muito ternos, uma moça conversa com o namorado e deixa entrever um grande pedaço da pele das costas, entre as calças e a blusa. Questões de posição! À esquerda, um marinheiro com familiares (?) exibe a sua condecoração de fresca data. Além o senhor Jaime abre e fecha os braços, como asas, enquanto vai dando lustro aos sapatos de um cliente. Passam empregados com as bandejas cheias de chávenas, copos e comes. (...) O marinheiro levanta-se e parte. Afinal a bengala não é dele mas do amigo que o acompanha. O senhor Tenente e o senhor Coronel cumprimentam-se, batem a pala e apertam as mãos, enquanto as respectivas esposas se beijam. Na carequinha do senhor Coronel o vinco na pele assinala a presença do boné, agora sobre a cadeira. Entram pessoas de luto e há cumprimentos de mesa a mesa. Precisava duma câmara de filmar. ( MCG - 1973.06.10)

Évora Levanto os olhos e vejo muitos magalas, na sua farda verde oliva. Andam também pelas ruas, aos grupos, espalhafatosos, como quem já tem o seu grão na asa. "Cheira-me" que haverá dentro em breve mais um contingente para a guerra em África. Alguns escrevem, curvados sobre o papel, a caneta firme na mão, como quem não está habituado a frequentes escrituras. Parecem rapazes muito novinhos; uns conversam, irrequietamente, outros têm um ar absorto, ausente.(MCG - 1973.11.26)

Os magalas ainda não embarcaram, continuando a encher ruas e cafés.(MCG - 1973.11.27)
 

Lisboa Após o almoço fomos ver o Museu Militar, de que também gostei. No Museu de Angola, em Luanda, também temos algo, mas não se pode comparar a este. Gostaria de tê-lo visto com mais vagar. Seguimos pela Avenida Marginal até à Torre de Belém.  (Diário III 1963.09.10 págs. 354/355)

Lisboa No dia 21 de Fevereiro os estudantes de Lisboa pretenderam fazer uma  manifestação de protesto contra a guerra no Vietname, não aceitando a pesada responsabilidade que os americanos pretendem dividir com o mundo ocidental. Essa manifestação culminaria com a entrega dum abaixo assinado. (...) A manifestação estava marcada para defronte da Embaixada dos EUA, na Av. Duque de Loulé, para a mesma hora da chegada do Almirante Américo Tomás da sua visita à Guiné. Pelo que me contaram a polícia de choque e os cães polícias (para quê tanto aparato ?!) obrigaram os estudantes a dispersar. Estes foram até à Avenida Almirante Reis e ali, encurralados, foram presa fácil para a  Polícia de Inducassão e Defesa dos Estudantes. Apenas a RTP e um dos jornais diários falaram do incidente. (...) 

(Ao slogan "Abaixo a Guerra no Vietname" seguiram-se "Abaixo o Fascismo" e "Abaixo a Guerra Colonial". ...)  Semanas antes, na Universidade do Porto,  s estudantes boicotaram a visita do Embaixador dos EUA aquela Universidade. (NSF - 1968.03.21)

Lisboa Começando naquela Igreja e estendendo-se quase até ao Rio, passando ao lado da Igreja de Santa Engrácia, Panteão Nacional, estende-se Feira da Ladra onde se encontra um pouco de tudo. ( ) Especialmente roupa, mas também fardas, sapatos, capacetes de aço e caixas vazias de munições (relíquias da I Guerra Mundial ?), malas, sacos, carteiras, ferro-velho, antiguidades, móveis, moedas... enfim. De tudo o que vi, no entanto, só me interessava um par de candelabros. Mas não cheguei a perguntar o preço. Havia um jardim com vista para o rio e para a parte baixa da Feira. As ciganas vendiam roupa e tinha a sua piada ver as pessoas experimentarem calças por cima das que traziam vestidas. Havia de ser uma grande experimentação! Já eram 17 horas quando lá chegámos. Havia um mar de gente modesta (mais alguns hippies e estrangeiros), que se acotovelava e furava, enquanto os automóveis passavam tangentes aos peões e buzinavam.  

Não comprei nada. Só me interessavam antiguidades, mas receio ser facilmente enganado, pois não sei avaliar aquela mercadoria. Mas estendais de antiguidades havia poucos; a maioria era ferro-velho: dobradiças, fechaduras, chaves enormes, bicos de fogões a gás... Ouvi lá um negociante de antiguidades dizer a outro que à 3ª feira o negócio é melhor. (XXX - 1973.09.23) 


Maiorga Um minúsculo largo é o centro desta antiga vila, onde se encontram o pelourinho (que lhe dá o nome), a antiga igreja da Misericórdia ou do Espírito Santo, com o seu portal manuelino, hoje desactivada e que foi entretanto escola de música, mesmo ao lado da sede do clube da terra (Sociedade Filarmónica de Maiorga) e do edifício da nova igreja, de S. Lourenço, com o seu adro arborizado, templo despretensioso, com um relógio de sol na fachada principal e um altar barroco. Neste mesmo largo um fontanário com azulejo de Santo António tem a inscrição de que se trata duma Obra da Ditadura (1933), como aliás consta dum outro mais pobre existente noutro largo, isto sem falar num cruzeiro dedicado Ao Portugal Eterno e num memorial aos combatentes do Ultramar (1993), este no Largo dos Combatentes. Não obstante estes testemunhos, a rua principal denomina se do 25 de Abril e nela existe uma casa em cuja fachada figura um painel de azulejos representado o aviso Afonso de Albuquerque, talvez o que foi afundado na chamada Índia Portuguesa quando da invasão pela União Indiana. . (Notas de Viagem, 1998.02.21/22)


Pederneira Aqui, no cimo do promontório a sul, esteve a primitiva povoação, com o edifício da antiga câmara - com torre sineira e brasão de armas - e o pelourinho, entretanto roubado e substituído pelo tronco petrificado duma árvore. (...)  A Igreja Matriz, de N. Sra. das Areias, tem o interior coberto de azulejos não figurativos, e uma lápide recordando os nomes dos três filhos da terra mortos na I Grande Guerra  (Notas de Viagem, 1997.10.31)


Porto Na 2ª feira [10 de Junho] fui, com o avô Luís, assistir [na Avenida dos Aliados] às condecorações militares que se distinguiram no Ultramar. Estava muito povo a assistir. Em seguida fomos ao café e voltámos para casa. . (Diário III, 1963.06.10/13)


Vendas Novas, no caminho de Évora para Setúbal, nada tem de relevante: uma povoação de casas dum ou dois pisos, uma larga avenida de passagem com comércio e alguns cafés, para além dos canhões na parada fronteira ao quartel, espécie de museu militar que desperta a tenção do viandante apressado. (Notas de Viagens, 1997)


Vila Real Rua Sarmento Pelotas, herói da I Guerra Mundial, que vai dar ao rio. Varandas de madeira e cruz em madeira do Senhor dos Desamparados. Portal com almofadas e ombreira superior trabalhadas. (1999.09.02)

Coimbra 1976 08 - Estátua em bronze erguida em homenagem aos "Heróis do Ultramar", da autoria de Cabral Antunes, foi inaugurada a 10 de Junho de 1971, pela Câmara Municipal de Coimbra, e representa um soldado a empunhar uma arma e a transportar uma criança aos ombros. 


Lisboa - Museu do Combatente Forte do Bom Sucesso)


Lisboa - Memorial junto ao Forte do Bom Sucesso


Oeiras - Aos mortos da Grande Guerra 1914 / 1918 -   Aos combatentes mortos pela Pátria







Oeiras - Aos filhos do Concelho de Oeiras caídos na Guerra do Ultramar 1961 / 1975 - (21 de Junho de 1997)




Oeiras - Monumento Presença do Soldado Português em África, de autoria de Maria Morais (10 de Junho de 2013)

Oeiras - Cemitério - Talhão dos mortos da Grande Guerra - a inserir




Porto - Praça Carlos Alberto - Monumento aos Mortos da Grande Guerra, da autoria de Henrique Moreira, "1914. Aos Mortos da Grande Guerra. A cidade do Porto. 1918"




Porto - Cemitério de Agramonte - Talhão dos Mortos da Grande Guerra







Setúbal - Cemitério de N Sra da Piedade - Memorial e talhão dos mortos da Grande Guerra e da Guerra Colonial



Setúbal  - Largo Almirante Reis - Monumento aos mortos da Grande Guerra

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