* Victor Nogueira
Ao fim duns vinte minutos foi a chegada a Évora. Após alguns infrutíferos telefonemas feitos dum barzeco existente junto à estação, consegui arranjar um quarto na Pensão Eborense. (...) O Largo do Marquês de Marialva, onde fica o Instituto. Tendo a Sé (1) à minha direita, este fica defronte, e o Templo de Diana num outro largo, mais à direita. De resto o ISESE dá para os dois largos. (NSF - 1968.09.09)
(1) Esta igreja situa-se no cimo da colina, em lugar desafogado, ao cimo da antiga rua da Selaria, sendo de estilo semelhante às sés de Braga e de Lisboa: com portal e galilé entre duas altas torres e ar de fortaleza poderosa. Uma das torres, a sineira, é encimada por um coruchéu central rodeado de outros mais pequenos, semelhante ao zimbório central, parecendo este um castelo em miniatura das histórias de princípes, princesas, fadas e bruxas malvadas. Tal como algumas outras igrejas do mesmo tipo, possui um riquísimo tesouro de caracter religioso, constituído por estatuária, alfaias, paramentos e vestes sacerdotais. Repousante é o belo claustro gótico, situado lateralmente. Dos terraços avista-se um belo panorama em redor.
Ao contrário do que sucede com a igreja do Mosteiro de Alcobaça, cuja nave central deslumbra pela sua leveza e claridade luminosa, o da Sé de Évora é sombrio e pesado na sua granitude.
Évora, uma ilha de pedra e calbranca no meio duma planície sem fim. Na foto nota-se o flagrante contraste entre a aridez dum lado e as verdejantes quintas. A Sé, com as suas três torres (2), um aqueduto, restos das muralhas, mais uns graníticos e frios e escuros e antigos e sagrados montes de pedra contrastam com a alvura dos edifícios. Assinalo com uma seta, ao lado do Templo de Diana e perto da Sé, o edifício do Instituto. (NSF - 1969.01.20)
(2) Na realidade são duas torres e um lanternim
Desta janela [da sala de aulas do Instituto em que me encontro] avistam-se telhados sujos, uma chaminé esbranquiçada e, lá ao fundo, muito ao longe, a verde campina alentejana, onde se destacam algumas manchas mais escuras, de oliveiras ou sobreiros. Pela outra janela, à minha esquerda, vêm-se as paredes brancas do edifício do Museu Regional, com as suas sacadas de ferro forjado. Há umas semanas atrás era a moldura dum dos quadros mais belos que tenho visto: os ramos das árvores do largo [Marquês de Marialva], agora descarnados, estavam cobertos de folhagem dourada. Quantas vezes, ao entrar para esta sala, os meus olhos se deliciaram neles. (NSM - 1969.04.09)
Aproveito a frescura da noite, que entra pela janela entreaberta, para escrever. Daqui a cerca de uma hora irei até ao Largo da Sé, em cujas escadarias se fará uma récita, integrada nas Festas dos Finalistas do ISESE, que têm brilhado pela falta de brilho e pela improvisação. (...) A cidade mais bela do mundo tornar-se-á insuportável, muitas vezes, para os desenraizados. (NSM - 1969.05.22)
Estava eu para aqui alinhavando estas linhas (...) quando o Carlos me entrou pelo quarto dentro, com um "Ah! Estou muito cansado. Imagina lá que andei com o Camilo a ver monumentos; pela milésima vez fui ao Museu e à Sé". Sabes, por causa do Camilo andar na fase cultural! ( O menino agora anda a estudar latim, não conseguiu convencer qualquer de nós - eu e o Carlos - a acompanhá-lo em tão profundos estudos, mas nem por isso consegui escapar às longas dissertações ali à mesa do Arcada, especialmente quando descobriu um interlocutor: o Régua, que também estudou latim! (MCG - 1972.10.07)
Esta livraria dos Salesianos) situava se no largo das Portas de Moura, no qual existe um chafariz mandado edificar pelo cardeal D. Henrique, que foi inquisidor e tio do rei D. Sebastião, falecido na Batalha de Alcácer Quibir. Aqui se situavam o edifício do tribunal e daqui se avistavam a janela manuelina da casa de Garcia de Resende e, mais para cima, a imponência da Sé medieval. Neste largo se situa também o mirante galeria da Casa Cordovil. (1998)
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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?