Painel de azulejos no antigo Palácio Salema
Auto-retrato de Bocage (1)
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades;
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.
Bocage, in 'Rimas'
*** Bocage (1765 / 1865 ), na Praça homónima. "A estátua de Bocage foi construída com o dinheiro de uma subscrição pública feita no Brasil e foi aqui (Praça do Bocage – Setúbal) colocada em 1871.
É da autoria do escultor Pedro Carlos dos Reis, da oficina de Germano José Salles, de Lisboa.
Por detrás da palmeira a medieval Casa do Corpo da Guarda, à esquerda, e à sua direita o edifício que substituiu aquele em que se situava o antigo Café Reno. À esquerda da palmeira ficava o Café Estrela d'Ouro. Ambos foram entretanto encerrados
O dissonante Edifício Bocage, de escritórios, na Avenida 5 de Outubro, substitui um antigo e gigantesco armazém de moagem
Entrada para a missa, na Igreja de S. Julião.
Igreja de S. Julião
Paços do Concelho de Setúbal, projecto de Raul Lino.O edifício primitivo, do século XVI, reformulado no século XVIII, com traça similar à da Casa do Corpo da Guarda, foi destruído por um incêndio quando da Implantação da República. Com efeito os Paços do Concelho em muitas terras albergavam também os serviços de cobrança de impostos e a cadeia comarcã, para além de aquartelaram a Guarda Municipal. De 4 para 5 de Outubro, cercada e encurralada pela população, a Guarda Municipal abriu fogo sobre os manifestantes, que vitoriavam a República e a Queda da Monarquia, não conseguindo impedir a invasão do edifício e o incêndio subsequente, que destruiu os Arquivos Municipais, reduzindo a cinzas grande parte da História documental do Município.
Foi no Congresso Republicano de Setúbal, realizado nos dias 23, 24 e 25 de Abril de 1909, no antigo Teatro Rainha D. Amélia – hoje o Fórum Luísa Todi – que se decidiu a via revolucionária para a conquista do poder, quando até aí era por muitos defendida uma perspectiva mais pacífica e evolucionista, da conquista deputado a deputado, câmara a câmara, como caminho para a implantação da República.
Igreja de S. Julião, arruinada pelo terramoto e tsunami de 1755, de que se conservaram dois pórticos manuelinos, um deles - o lateral - ricamente trabalhado
Vista aérea ds Praça do Bocage (Google Earth), projecto do Arqª Sérgio Dias. A Praça. onde se situava a Fonte do Sapal, transferida para o antigo Largo da Anunciada (actual Praça Teófilo Braga) denominava-se anteriormente Praça do Sapal ou Largo das Couves, por nela se situar o mercado de legumes local.
(1) AUTO RETRATO EM PASSATEMPO
Com nariz grande, olhar estrelado,
Baixo, cabelo negro, ondulado,
... Magro, moreno, mui desajeitado,
Nada ou p'la vida sempre perdoado.
Buscando amizade, mau achado,
Agindo calma ou mui despeitado,
O êxito logrou, mal torneado,
Com persistência e pouco alegrado.
Tolerante, mas não libertário,
Conduzindo, longe da multidão,
Na vida procurando liberdade.
Em tudo mal, buscando seu contrário,
Com ar sério ou risonha feição,
Mal sente, co'a razão, felicidade.
Victor Nogueira in "Retratos" - 1989.09.10 - Setúbal
Susana, Daniel Filipe e Rui Pedro
Dando milho aos pombos - Susana, Rui Pedro e Celeste
A Praça do Bocage nos anos '80
Salvo a 2ª e as duas últimas, todas as fotos são de 2016 / 2017
A Praça do Bocage nos registos fotográficos do setubalense Américo Ribeiro (1906 / 1992)
(1937)
A Fonte do Sapal antes da sua transferência para o Largo da Anunciada
Ao fundo, os armazéns da moagem (1930)
Igreja de S. Julião
Aqui, no piso térreo, se situavam o Café Reno (1945) e os escritórios de advocacia dos meus camaradas e amigos Carlos Marvão e Manuel Salazar, nos anos '80 / '90
Os Paços do Concelho após o incêndio de 1910
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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?