Depois de dias de muita luminosidade e de canícula - opressivos devido à elevada humidade relativa da atmosfera - e de ameaças de chuva e trovoada que os meus sentidos registavam e a meteorologia não previa, surdiu esta tarde de frescura insidiosa e de tempo cinzentonho com ameaças de chuva morrinhenta. rumo a Lisboa e à Estação Sul e Sueste para largar um amigo, o Gilberto, que ia apanhar o barco para o Barreiro. No caso dele seria o destino final e não encomboiar para Beja/Moura, Évora, Setúbal ou Algarve, no tempo do meu exílio em évoraburgomedieval ou no Barreiro como professor na chamada Escola Alfredo da "Selva" ou como Chefe do Serviço de Pessoal na Câmara Municipal do Barreiro.
Esta Estação Sul e Sueste e a do Barreiro eram a minha placa giratória enquanto estudante nas minhas viagens para e do Porto, Lisboa, Paço de Arcos, Setúbal ou Évora/Beja.e nela tive uma das minhas aventuras.Atrasado para apanhar o barco de Lisboa para o Barreiro e daqui o comboio para Évora, o barco prestes a zarpar, corri para apanhá-lo - depois de comprar o bilhete - mas tropecei no guarda.chuva, o corpo mole, rebolando pelo lagedo, a mala abrindo-se e espalhando o seu conteúdo por aqui e por ali. Foi nessa altura que terei perdido uma cassete cujo conteúdo era uma longa entrevista minha ao meu avô materno em que ele falava das suas memórias da aldeia minhota onde nascera e passara a infância. Uma outra cassete de audio que perdi nas minhas andanças registava as interpretações de órgão do meu colega e amigo Nunes da Ponte e as interpretações musicais à viola do meu colega - Aristides - que um dia destes me riscou da sua lista de amigos mas que tinha e tem uma bela voz.
Foi pois a Ribeira das Naus objecto de obras de requalificação de modo a permitir a fruição da zona ribeirinha pelos lisboetas e viajantes que por ela deambulam, qualquer que seja o estado do tempo que para o tempo há muitos gostos. Hoje não foi excepção, excepção foi apenas o "insólito" estacionamento dum carrinha azul da Polícia de Intervenção, que aos pares e em calmaria pachorrenta por ali circulavam.
Procuro dentro de mim
................a memória das naus que partiram
................nesse teu gesto de me
.........................................tocar o rosto
.........................................afagar os cabelos
.........................................ajeitar o kispoo
................toque das tuas mãos
................tocata ligeira e graciosa (...)
(...) Abro o riso e as mãos
as aves passam de longe e
os rios correm
silenciosamente para o mar
As vozes dos marinheiros passam no horizonte
enquanto sonho e luto e te procuro
mergulhado na multidão que está e permanece
para além de mim
Mas enquanto Ulisses sem Penélope ou Princesa no horizonte me não disponho a cirandar pela Ribeira da Naus renovada, falemos dela.
A Ribeira das Naus foi o nome dado a partir da construção do Paço da Ribeira às novas tercenas que o rei Dom Manuel I mandou edificar a ocidente do novo palácio real, construído sobre o local das tercenas medievais. Este Palácio Real foi derrubado pelo Terramoto de 1755 e subsequente maremoto ou tutsunami, cujos efeitos destructivos foram sentidos desde o Ribatejo até ao Algarve, incluindo Setúbal.
No século XVIII, a Ribeira das Naus passou a ser designada "Arsenal Real da Marinha" quando as novas instalações construídas no mesmo local, no âmbito da reconstrução da Baixa de Lisboa depois do Terramoto de 1755. Em 1910, passou a designar-se "Arsenal da Marinha de Lisboa".
O Arsenal da Marinha de Lisboa foi desactivado na sequência da construção do Arsenal do Alfeite, inaugurado em 1938. Nas escavações arqueológicas recentes foram descobertos vestígios das antigas tercenas ou estaleiros navais. (ver O Arsenal Real da Marinha de Lisboa in http://marinhadeguerraportuguesa.blogspot.pt/2014/10/o-arsenal-real-da-marinha-de-lisboa.html)
O Palácio dos Corte-Real, a Ribeira das Naus e o Torreão Terzi Detalhe da panorâmica de Lisboa com a partida de S. Francisco Xavier para a Índia Século XVIII [c.1715-65) atribuído a José Pinhão de Matos óleo sobre tela. 131 x 431 cm Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga
Arsenal Real da Marinha de Lisboa (séc XVIII)
Foi pois a Ribeira das Naus objecto de obras de requalificação de modo a permitir a fruição da zona ribeirinha pelos lisboetas e viajantes que por ela deambulam, qualquer que seja o estado do tempo que para o tempo há muitos gostos. Hoje não foi excepção, excepção foi apenas o "insólito" estacionamento dum carrinha azul da Polícia de Intervenção, que aos pares e em calmaria pachorrenta por ali circulavam.
Procuro dentro de mim
................a memória das naus que partiram
................nesse teu gesto de me
.........................................tocar o rosto
.........................................afagar os cabelos
.........................................ajeitar o kispoo
................toque das tuas mãos
................tocata ligeira e graciosa (...)
(...) Abro o riso e as mãos
as aves passam de longe e
os rios correm
silenciosamente para o mar
As vozes dos marinheiros passam no horizonte
enquanto sonho e luto e te procuro
mergulhado na multidão que está e permanece
para além de mim
Mas enquanto Ulisses sem Penélope ou Princesa no horizonte me não disponho a cirandar pela Ribeira da Naus renovada, falemos dela.
A Ribeira das Naus foi o nome dado a partir da construção do Paço da Ribeira às novas tercenas que o rei Dom Manuel I mandou edificar a ocidente do novo palácio real, construído sobre o local das tercenas medievais. Este Palácio Real foi derrubado pelo Terramoto de 1755 e subsequente maremoto ou tutsunami, cujos efeitos destructivos foram sentidos desde o Ribatejo até ao Algarve, incluindo Setúbal.
"Vista de Lisboa antes do Terramoto - Paço da Ribeira" e Ribeira das Naus
(Gravura francesa do séc XVIII)
Paço da Ribeira e Terreiro do Paço no início do século XVIII
Terreiro do Paço em 1662, por Dirk Stoop
No século XVIII, a Ribeira das Naus passou a ser designada "Arsenal Real da Marinha" quando as novas instalações construídas no mesmo local, no âmbito da reconstrução da Baixa de Lisboa depois do Terramoto de 1755. Em 1910, passou a designar-se "Arsenal da Marinha de Lisboa".
O Arsenal da Marinha de Lisboa foi desactivado na sequência da construção do Arsenal do Alfeite, inaugurado em 1938. Nas escavações arqueológicas recentes foram descobertos vestígios das antigas tercenas ou estaleiros navais. (ver O Arsenal Real da Marinha de Lisboa in http://marinhadeguerraportuguesa.blogspot.pt/2014/10/o-arsenal-real-da-marinha-de-lisboa.html)
As fotos deste post são o registo do dia de hoje, em Lisboa, e os quadros representações da zona antes do terramoto e maremoto de 1755.
Cais das Colunas
Antigo Arsenal da Marinha
Avenida da Ribeira das Naus
Estação Ferroviária do Cais do Sodré
Avenida 24 de Julho
A passagem do comboio
O "amarelo" da Carris
fotos em 2017.05.21
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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?