* Victor Nogueira
A "misericórdia", como
benevolência, perdão e bondade é uma das virtudes de três grandes
religiões monoteístas: a Judaica, a Cristã e Islamista ou
Maometana. A "misericórdia" concretiza-se
em actos, na doação de esmolas, no cuidar dos doentes e noutras obras. No
Cristianismo essas obras são referidas como Bem-aventuranças, no
Evangelho segundo Mateus 5:1- 48. Enquanto que para os Cristão Cristo é o filho de Deus feito homem, para os Judeus e Maometanos Cristo é apenas um Profeta.
Na Idade Média cristã constituíram-se Confrarias ou Irmandades com a
finalidade de prestarem assistência aos peregrinos, aos pobres, as viúvas e órfãos, aos doentes, aos desvalidos e aos cativos,
beneficiando de donativos particulares, com instalações próprias em muitas
cidades e vilas de Portugal, por mais pequenas e modestas que fossem.
Como Santa Casa da Misericórdia surgem
primeiro em Lisboa (Irmandade de Invocação a Nossa Senhora da Misericórdia), por acção da rainha D. Leonor (1498), viúva de D. João II,
como modelo que depois se propagou pelo território português ou sob seu
domínio, aquém e além mar, Conjuntamente com as Confrarias de
artesãos e mesteirais e mais tarde as Associações Operárias de Socorros Mútuos, as Misericórdias tinham
uma enorme importância em tempos nos quais não havia uma rede estatal laica, universal e
pública de Segurança Social, Hospitalar e de Cuidados de Saúde, Note-se: enquanto as Mutualidades Operárias, são laicas e surgem no século XIX, na sequência das revoluções burguesas e do triunfo do capitalismo sobre o feudalismo, as Confrarias e as Irmandades Cristãs, surgidas na Idade Média, são essencialmente religiosas e têm muitas vezes entre as suas finalidades o sufragar a alma dos mortos, sejam os confrades, sejam os "piedosos" e temerosos/tementes crentes que lhes façam ou deixem donativos monetários e bens imobiliários,, sobretudo por disposições testamentarias.
A Misericórdia de Vila do Conde foi fundada em
1510, prestando ainda hoje serviços nas áreas da saúde e assistência social. A
título de curiosidade refira-se que tem dois salões de chá abertos ao público,
onde se vende doçaria de acordo com as receitas culinárias do Convento de Santa
Clara de Vila do Conde, omnipresentes na cidade. Excessivamente doces são as especialidades,
mas logo ali ao lado pode encontrar assistência médica e hospitalar.
A Igreja da Misericórdia e o edifício anexo remontam ao sec.
XVI, com intervenções nos dois subsequentes. A edificação implicou a demolição
da Capela de S. Miguel. O Cruzeiro, barroco, é de 1713. O conjunto
encontra-se cerca da Praça Nova, actual Praça Vasco da Gama. O Centro
Interpretativo de Memórias ou "Museu" da Santa Casa,
inaugurado em 2015, foi instalado em vivenda profundamente remodelada, de que
se conservaram as paredes exteriores.
Embora pertencendo ás Irmãs Doroteias, esta
publicação inclui fotos do Instituto de S. José, que funciona num
palácio brasonado, sobre o qual não encontrei informação,
Desconheço também se o edifício do actual Centro Hospitalar da Póvoa
de Varzim-Vila do Conde, integrado no SNS, terá pertencido anteriormente à
Misericórdia,
Igreja da Misericórdia e Cruzeiro
(Largo Dr. António José de Almeida, antigo Largo da Misericórdia)
Centro Hospitalar de Vila do Conde - SNS
(Rua Dr. Artur da Cunha Araújo)
Centro Interpretativo de Memórias ou museu"
da Santa Casa da Misericórdia
(edifício na esquina da Rua Dr, Artur da Cunha Araújo com a Rua Dr. António de Andrade)
Instituto S. José,
das Irmãs Doroteias
(edifício na esquina da Rua Dr. António José de Sousa Pereira com a Rua Comendador António Fernandes Costa)
"alminhas" e estações da Via Sacra
nos arredores da Misericórdia
(na esquina da Rua Comendador António Fernandes da Costa com a Rua D. Mendo)
(Largo da Misericórdia)
(na esquina da Rua Comendador António Fernandes da Costa com a Rua da Costeira)
edifícios nas cercanias da Misericórdia
ou Sic transit gloria mundi
(Rua da Misericórdia)
(Igreja de S. João Baptista)
(pelourinho e Casa da Câmara)
(Igreja de S. João Baptista e Capela da Agonia de Cristo)
(Palacete do Costa, em ruínas, na Rua da Costa, que suponho ter pertencido á família Carneiro Pizarro e seria anteriormente do Comendador António Fernandes da Costa. Na 1ª foto, o mirante)
(Chalet construído por José da Silva Meira, em 1891
na Rua Dr. António José de Sousa)
(palacete do Conde de Azevedo, actual Centro Paroquial, na Rua da Misericórdia)
(edifício na Rua da Misericórdia)
(vivendas, uma delas em ruínas, na Rua Dr. António de Andrade)
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