segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Na Póvoa de Varzim, entre o Senhor do Monte e o Mercado Municipal

* Victor Nogueira

O objectivo é visitar o Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim. Confirmo no site da Câmara que está aberto mas dou com o nariz na porta fechada. Estes sites sem manutenção ... como o da Freguesia de Barqueiros, cujos contactos telefónicos e de correio electrónico estão desactivados, embora figurem também no site da Câmara Municipal de Barcelos e como freguesia autónoma, apesar de possivelmente ter sido extinta com a Reforma Relvas do PSD.


Rumo assim para a Rua do Senhor do Monte, onde um frondoso larguito com pequeno fontanário ensombra as capelas laterais da Igreja de N. Sra das Dores, erguida no século XVIII numa pequena elevação, hoje inapercebida, onde se adorava numa ermida o Senhor do Monte. Ao lado da Igreja das Dores um casalito beija-se denodadamente, dum modo que noutras eras menos libérrimas daria ensejo a comentários dos guardiões e guardiãs da moral e bons costumes, caso não  houvesse intervenção policial e prisão com multa Junto dele está a placa informativa da Igreja, pelo que lhes peço se me dão licença que a fotografe, eles sorriem, a moça tira o casaco branco que nela estava pousado e, mal lhes viro costas, retornam à sôfrega e desenfreada beijoquice, como se prestes estivessem  o Fim do Mundo e o Dia do Juízo Final. Ao entardecer transeuntes sentam-se num murete gozando a brisa que sopra ligeiramente. Do início da Rua Senhor do Monte avisto as torres sineiras da Igreja de N. Sra da Conceição mas decido que não irei lá desta vez.

Com efeito a(s) "Casa(s) do Povo de Deus", designação dada salvo erro pelo Concílio Vaticano II aos templos da Igreja Católica, desde há longo tempo estão normalmenthe encerradas, salvo nas horas do ofício relogioso e alguns Monumentos Nacionais. Os representantes de Deus na Terra não terão n'Ele muita confiança para proteger a Igreja de roubos ou depredações.

Contíguo ao Largo das Dores está a Igreja da Misericórdia ao lado do Centro Hospitalar e do Palácio da Justiça. Sigo pela Rua Cidade do Porto até à Praça Marquês de Pombal onde se situa  o Mercado Municipal, lancho num dos torreões e aproveito o sol  para mais uma sessão fotográfica. Reentro no Fiesta rumo à Marginal seguindo pela Avenida Mouzinho de Albuquerque. Das villas ou mansões burguesas antigas e cerca  da Igreja Paroquial de S. José Ribamar vislumbro duas das raríssimas que com a Casa-Museu Manuel Lopes conseguiram resistir ao camartelo na ânsia de dar lugar a mini-"arranha-céus". Verifico posterormente graças à Internet e ao Google Maps que se situam nos nºs 26 (Villa Georgette) e 28. Duas outras localizam-se no nº 140 (Villa Myosótis) e na esquina com a Rua  Gomes de Amorim.

A marginal ou Avenida dos Banhos está pejada de banhistas e veraneantes, que se passeiam indolentemente ou pachorrentamente atravessam nas passadeiras para peões em corrente quase contínua. Passo junto ao Casino, à Fortaleza e o que é ou terá sido uma fábrica conserveira, mas em Caxinas o pára-arranca  torna-se me insuportável pelo que inflicto para o interior até desaguar na EN 13,  rumo ao Mindelo e atravessando o centro de Vila do Conde.

No Mindelo passo pelo Quiosque junto à praia em busca de "salvados" duma edição em fac-simile da "Colecção Autores Ultramarinos" editada  em 1961 pela Casa dos Estudantes do Império, em 2015 gratuitamente distribuída com o semanário SOL. São 14 volumes, mas apenas consegui acrescentar Tomaz Vieira da Cruz aos que no ano passado obtivera: Viriato da Cruz, Agostinho Neto, Alexandre Dáskalos e António Jacinto. Em contrapartida completei a colecção de BD com os números que me faltavam dos "Super-Heróis da História de Portugal", distribuída gratuitamente com o Correio da Manhã. Da autoria de António Gomes de Almeida (texto) e Artur Correia (desenhos) pretende narrar  a vida de vários "heróis" e "heroínas" portugueses duma forma que pretende ser humorística mas  com ligeireza e pouco rigor histórico.


não, este não é o Fiesta em que me desloco

o Senhor do Monte e a Senhora das Dores








Igreja de N. Sra das dores - capelas laterais cada uma delas dedicada a uma das 7 Dores de Nossa Senhora


















Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim









Igreja da Misericórdia, de estilo revivalista, foi inaugurada em 1914, substituindo a antiga Igreja do século XVIII, demolida em 1910, A nova igreja da Misericórdia tem traço inicial do arquitecto Adães Bermudes, mas versão final é do arquitecto portuense Peres Guimarães.


O Largo da Senhora das Dores era outrora uma encruzilhada de caminhos. Na gravura /wikipedia) o largo é visto de antigos campos agrícolas, onde são visíveis a primitiva Igreja Matriz, o Hospital da Misericórdia e a Igreja da Senhora das Dores.


Praça Marquês de Pombal



estátua do Dr. David Alves, que também dá nome ao novo Mercado Municipal





portões das entradas para o antigo Mercado





antigo Mercado Municipal





Monumento aos Mortos da Grande Guerra (1914 / 1918), inaugurado em 1933, da autoria do arquitecto Rogério Azevedo. Representava iconicamente o "Esforço da Raça", através da construção de quatro colunas que sustentavam uma pirâmide onde foi esculpido o escudo nacional. Este monumento esteve inicialmente colocado na Praça do Almada, onde presentemente se encontra o relativo a Eça de Queirós.



Este arquitecto - Ventura Terra - é o autor do projecto do Mercado na Póvoa de Varzim, por iniciativa de David Alves,  inaugurado em 1904. De acordo com a Wikipedia "o mercado encontrava-se rodeado de quatro torreões e no largo central encontrava-se o mercado público onde eram vendidos produtos frescos de produção local, do porto da Póvoa chegava o peixe e da Póvoa rural chegavam os produtos hortícolas, tais como a batata ou a cenoura. Em 18 de Abril de 1904, o Mercado passou a designar-se Mercado David Alves, em homenagem ao seu impulsionador."  Um novo mercado foi edificado de 1979 a 1982 (o antigo era o que tinha na minha memória), levando á demolição dos dois torreões setentrionais. Foi decidida a manutenção dos dois restantes, como memória local, assim como dos portões de ferro e respectivo muro gradeado.

Abaixo uma representação do Mercado em 1920, retirada da Wikipedia.


Entrada do mercado público em 1920. É a parte do mercado que ainda hoje se preserva.


Cruzeiro da Independência (1940)







Causava-me estranheza a arquitectura destes prédios na Praça Marquês de Pombal mas desta vez descobri a razão de ser: os talhões onde os edifícios estão implantados não são rectangulares mas sim oblongos, como se vê na foto seguinte




Rua Paulo Barreto

Caxinas





Vila do Conde









na foto vêm-se as casas "geminadas"  onde nasceu e morreu o escritor José Régio (uma delas Casa-Museu) bem como o Convento de Santa Clara, cujas freiras deram nome a doçaria da cidade

Mindelo



pôr-do-sol



VEM DE 

em torno da praça do almada, na póvoa de varzim    http://kantophotomatico.blogspot.pt/2016/09/em-torno-da-praca-do-almada-na-povoa-de.html

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