* Victor Nogueira
Ao chegar ao Outlet do Mindelo,
em vez de virar para poente a caminho de Vila Chã prossigo para sul, direito a
Labruge, paralelamente a A28, logo ali à esquerda entrevista por entre as
árvores e arbustos, os aviões sobrevoando o espaço aéreo Chegado perto da praia
de Moreiró sigo uma placa que indica "praia", o estreitíssimo caminho (rua do Fundo da Vila) ladeado de
muros e paredes graníticas e logo me arrependo da minha decisão, pois não
deve haver mais que um palmo para cada lado do Fiesta II, lembrando-me aventura
similar em Alpedrinha, na Beira Baixa (1).
Afinal ainda há bastantes
veículos estacionados ao longo da rua de Sampaio pois as praias por aqui não
estão ainda completamente despejadas de banhistas. Ao chegar ao entroncamento
viro para sul e pronto ... cá está a estação arqueológica, batida pelo vento
ao som do marulhar das ondas aos pés da rochosa e granítica penedia, a 28
metros de altitude, numa zona também de interesse geológico pois situa-se numa falha cujos deslocamentos tectónicos permitiram a criação da praia de S. Paio
ou dos Castros, com a deposição sedimentar (2)
Uma verde vivenda de madeira com
alpendre em redor e um vasto terreiro descampado em torno de uma granítica
capela sobressaem na paisagem. Sigo o passadiço, por entre denso canavial, cruzando-me
com pessoas e bicicletas, transportadas ao ombro nos troços com escadas, aqui e
ali deixando entrever o areal, as rochas e o mar. A estação arqueológica não tem
a dimensão das de Bagunte (3) ou de Terroso (4).
Já não há vestígios nem memória dos
pescadores e produtores de sal que aqui terão habitado até aos tempos da
ocupação romana mas persistem os dos tempos neolíticos e da Idade do Ferro.
Junto á Praia dos Castros (entre
as de Moreiró e de Labruge) situam-se os “penedos amoladoiros” contendo
pequenas depressões alongadas, escavadas na rocha granítica, que teriam servido
no neolítico para polirem ou afiarem instrumentos de trabalho. Nesta zona teria
passado uma estrada romana.
No Alto do Facho, nas cercanias
do marco geodésico existe um afloramento rochoso com gravuras rupestres,
remontando às Idades do Bronze ou do Ferro, entre urzes, cactos (figueiras da
índia ?) e margaridas selvagens. Do castro marítimo, que seria protegido a
poente pela penedia e a leste por uma muralha, conservam-se os vestígios de duas
habitações
A ermida centenária e que já existia no século
XVII, eventual sucedânea de cultos pré-históricos, tem como orago um mártir
cristão, morto às mãos dos sarracenos, de seu nome Pelayo, em 820 E.c. A capela tem vitrais recentemente colocados e a fachada principal está coberta com o que chamo azulejos de casa de banho. As
festas religiosas, essas celebram-se anualmente no 1º domingo de Julho. (5)
(2) Araújo, Maria da Assunção – O
interesse científico e a necessidade de conservação da Área de Sampaio (Labruge,
Vila do Conde) – Universidade de Coimbra - Territorium 4.1997 in http://www.uc.pt/fluc/nicif/riscos/Documentacao/Territorium/T04_artg/T04_Artg09.pdf
(4) entre os rios Ave e Cávado: Terroso, S. Pedro de Rates e Rio Mau in http://kantophotomatico.blogspot.pt/2014/09/entre-os-rios-ave-e-cavado-terroso-s.html
(5) Cuñarro, José Manuel Hidalgo -
CASTRO DE S. PAIO ( VILA DO CONDE ) in http://castrosgalaicos.blogspot.pt/2008/03/castro-de-s-paio-vila-do-conde.html
a caminho de Labruge
em torno do castro de s. paio
ermida de S. Paio
a zona castreja
("penedos amoladoiros")
(subindo para o Alto do Facho)
(praia de Labruge)
(gravuras rupestres)
(praia de Labruge)
(Alto do Facho e marco geodésico)
(praia de Moreiró)
(habitação castreja)
(praia dos Castros)
(praia de Moreiró)
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