domingo, 28 de dezembro de 2014

em Guimarães

* Victor Nogueira

1. - Ao longo dos anos múltiplas foram as vezes que fui a Guimarães. Desta feita e neste final de 2014  almoçamos num restaurante, papas de serrabulho, o repasto prolonga-se e a visita a Guimarães começa já tardiamente, as sombras dificultando as fotos. As papas de serrabulho não eram tão saborosas como as que com a Isabel duma feita e a Fátima doutra comemos em  Ponte de Lima.

Hoje deambulamos pelo centro histórico, visitamos o Castelo - onde um homem a troco de 1 euro permite que os visitantes tirem fotos com um falcão no braço protegido por luva de falcoeiro -  damos uma olhadela para o interior da Igreja românica de S. Miguel, circundamos o Paço dos Duques de Bragança (1) (uma recriação das ruínas nos anos '30/'40 que nada terá a ver com o original, como aliás sucede com o castelo) e deste modo terminmos esta deambulação após uma volta pelo Centro Histórico, que me encanta.



1968
Almoçámos em Guimarães e visitámos o Castelo, de que só restam as muralhas e a torre de menagem, além de vestígios das antigas habitações (lareiras, janelas na muralha). A torre de menagem, construção quadrangular ao centro, era o último reduto do castelo, com uma única porta, quase ao nível das ameias; uma ponte levadiça era e é o único acesso a tal torre. O guia empregou uma expressão original: "Se o castelo era a vida da torre, a torre era o castelo da vida". 


Visitámos também o Palácio Ducal de Bragança, edifício com influências normandas, feito de granito, com grandes, escuras e frígidas salas, de espessas paredes. Essa Idade Média, das cavalheirescas e romanescas aventuras, da cavalaria, dos torneios e das cruzadas, não deveria ser tão dourada como a minha imaginação de adolescente imaginara, em grande parte devido aos tão apreciados, naquele tempo, romances de Sir Walter Scott e narrativas de Alexandre Herculano. Salas escuras, cheiro a suor e corpos sujos, frio com o ambiente cheio de fumo dos archotes e das lareiras e o mau cheiro resultante da ausência de latrinas, "aliviando-se" as pessoasem qualquer canto. O Palácio é um edifício acastelado, no interior do qual existe um pátio empedrado rodeado de claustros no 1º piso e de uma varanda coberta no 2º.


A cidade, não sei bem porquê, lembrou me Évora, embora a traça arquitectónica dos seus edifícios seja sem dúvida diferente: como a das cidades dos Países Baixos. Talvez pela pacatez e patine dos prédios.

Para terminar o passeio fomos até à Penha, passeando por aquelas fragas e por entre os penedos, o que muito me agradou. (NSF - 1968.10.04)

1997
O castelo no cimo de colina arborizada e pedregosa, imponente, com a pequena igreja românica de S. Miguel do Castelo e o Paço dos Duques de Bragança, de paredes quebradas por seteiras, cujo ar maciço é quebrado pelas fiadas de janelas. As inúmeras chaminés cilíndricas, estreitas, talvez das lareiras, fazem lembrar. uma cidade industrial dos tempos da máquina a vapor. (A estátua de D. Afonso Henriques tinha uma réplica em Luanda). No pátio central, do lado da capela gótica, as arcadas ogivais da varanda corrida do 2º piso, sob uma outra varanda de arcos mais pequenos, faz lembrar a fachada duma casa cuja porta central fosse encimada por um coberto de duas águas. O Paço é um edifício que faz lembrar construções normandas.

O centro histórico, um dédalo de ruas mais ou menos estreitas e tortuosas, onde coexistem construções de várias épocas - casas setecentistas na Praça de Santiago, com varandas de sacada, muitas delas de balaustrada em madeira. O edifício dos antigos Paços do Concelho, ameado, é uma construção com alpendre de arcadas no piso térreo sob um friso de janelas com sacadas, situa-se no mesmo largo da igreja de N. Sra. da Oliveira, com torre anexa construída posteriormente. Esta igreja, foi mandada edificar por D. João I em cumprimento de promessa feita pela vitória na batalha de Aljubarrota, sobre as hostes castelhanas. Enfim ... de promessas se faziam igrejas, mosteiros e conventos, tudo para maior glória de Deus e dos vencedores! Defronte situa se um cruzeiro coberto por um alpendre sustentado por quatro colunas, templete gótico comemorativo da Batalha do Salado: trata se do padrão de N. Sra da Vitória. Num recanto uma atarracada torre ameada, adjacente à Casa dos Laranjais.

Característico é o conjunto urbano da rua D. João I, com as suas casas de ar medieval e varandas de balaustrada, de múltiplas portas envidraçadas e janelas de guilhotina. (Memórias de Viagem, 1997)

Penha de Guimarães
Tem uma admirável vista, sítio onde afloram enormes pedregulhos graníticos, irrompendo do solo. Num dos blocos graníticos há um memorial esculpido, consagrado a Gago Coutinho e Sacadura Cabral, e noutro a capela de N.Sra. do Carmo. No cimo do monte existe um desgracioso Santuário, ponto de romarias e peregrinação. (Memórias de Viagem, 1997)

2014
O centro histórico encontra-se recuperado mas não me encantou tanto como outrora, talvez pela diferença de percurso. O Castelo – uma invenção reconstruída pelo chamado Estado Novo, pareceu-me miniatural, despojado. Não visitámos os Paços do Duque de Bragança, outra reinvenção pois da traça original pouco se sabia para além das ruínas. No Castelo um homem deixava que os visitantes, a troco de 1 euro, segurassem uma águia na mão enluvada, para a foto do álbum de família. Do conjunto faziam também parte 2 grifos, todas estas aves possivelmente “sedadas”, dada a sua quietude.

Papas de serrabulho foi o almoço, não tão saborosas como as de Ponte de Lima.
 

Guimarães Shoping


Alameda de S. Dâmaso
  


Castelo











Paço dos Duques de Bragança






o fótografo apanhado como se em sombra estivesse a bailar (foto às chaminés do palácio dos duques de bragança) - foto victor nogueira

 Centro Histórico





Praça de São Tiago



  

(antiga Câmara Municipal)



Largo da Oliveira


(Igreja de N. Sra da Oliveira e Memorial da Batalha do Salado)














Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma Photographia por si só vale por mil palavras?