* Victor Nogueira
Descendo do castro, transformado em polo religioso da regra de S. Francisco, para a "planície", a povoação desenvolveu-se entre os estaleiros navais e o novo centro centro cívico e religioso, onde coabitavam a Casa da Câmara, o pelourinho e a igreja matriz, todos eles do século XVI, ao estilo manuelino. Nas cercanias em estilos manuelino e renascentista, a Igreja da Misericórdia e a Casa do Despacho, da Irmandade da Misericórdia.
A Casa da Câmara possui uma ampla escadaria que dá acesso à sala das sessões e nas arcadas térreas se reuniam os munícipes e os comerciantes. A Igreja Matriz ou de S. João Baptista tem o pórtico da autoria de João Castilho, o mestre construtor que também interveio na Sé de Braga, no Convento de Tomar e no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. A torre sineira é da autoria do canteiro João Lopes, Velho, possuindo um varandim ou púlpito exterior, mais precisamente, balcão de balaústres, tal como sucede nas matrizes de Azurara e de Moura, talvez para pregações em adros ou terreiros que se situam nas concorrdas rotas dos peregrinos nos Caminhos de Santiago, na Galiza. O despojamento das frias paredes de pedra é coberto por flamejante talha dourada barroca nos vários altares. O pelolurinho, símbolo do poder municipal, tem o fuste torcido com o brasão real no capitel.
Na Rua da Igreja, estreita, escura, fria e sinuosa, que da praça do Município entronca na Rua da Costa encontram-se muitas casas manelinas, de pedra, outras posteriores, algumas com cortinados bordados. Por aqui viveu Eça de Queiroz, também relembrado na vizinha Póvoa de Varzim, para além de outros escritores, como José Rágio (com uma casa-museu), Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro, Rui Belo e Antero de Quental.
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