(Texto e fotos)
o meu avô Barroso na Rua dos Bragas (Porto) aquecendo-se ao sol de inverno
No Bom Jesus de Braga, em 1963 - avô e neto
Mindelo - Natal 1973 - Foto MNS (+) - Celeste (+), Victor, Maria Emília (+), tio Zé Barroso (+), avô Zé Luís (+), avô Barroso (+), tia Maria Luísa (+), tia-avó Esperança (+)
(+) - já faleceram
(+) - já faleceram
1969
A casa que o avô Barroso está construindo no Mindelo encontra‑se
numa fase adiantada e é interessante. Tem janelas amplas, uma paisagem
encantadora (enquanto não construírem mais casas), quatro salas [assoalhadas],
casa de banho e cozinha, além de poço. Alguns pormenores poderiam ter sido
melhor solucionados, a meu ver, mas cada cabeça cada sentença. (NSF -
1969.10.17)
Hoje fomos ( [...], o José João, o Zé e o avô Barroso) ao Mindelo ver a
casa que este está lá a construir, [...] airosa. (NSF - 1969.12.31)
1970
Estive na casa do Mindelo que me agradou. Está mobilada com bom gosto.
(NSF - 1970.12.25)
1973
Gostaria de passar as férias sossegadas, calmamente lendo e estudando,
com um mergulho nas ondas e passeios ao entardecer em amena cavaqueira com os
amigos ou com as pessoas da terra. O meu avô Barroso tem uma casa no Mindelo,
onde há uma praia rochosa que me deslumbra pela violência com que as ondas
batem na rocha em cascatas de espuma que salpicam o rosto. Ou então aquele
moinho [azenha] que eu visitei ao inquirir dois velhotes, lá para os
lados de Arraiolos. Gostava de passar as férias, p.ex., num sítio assim.
(MCG - 1973.08.02)
1990
Passei as férias lá para o Norte, para as bandas do berço da
nacionalidade, visitando o castelo de Guimarães; igrejas românicas e citâneas
celtibéricas, como Sanfins e Briteiros. Uma aventura andar a conduzir naquelas
estreitas e sinuosas veredas, mal sinalizadas, com pessoas simpáticas que se
metem no carro para nos indicarem o caminho, quando não nos dizem que é já ali
à direita enquanto apontam a esquerda, já ali a dois quilómetros, que não
pertencem ao sistema métrico do contador do Renault 5, que os multiplica sempre
por quatro ou cinco.
Mas outro factor de aventura resulta de possuírem outro código de
estrada: não abrandam nas cruzamentos, mesmo que se apresentem pela esquerda, o
STOP não existe, os motociclistas não usam capacete e entram nas curvas a
cortar a direito, os peões ficam aparvalhados à beira da passadeira quando
paramos para lhes dar passagem, enquanto os automobilistas não facilitam mesmo
nada para entrarmos na "corrente".
Mas aventura também porque assim, deste modo, não há programa que
resista, chegando a noite sem o cumprimento dos objectivos fixados de véspera,
na mesa, debruçado sobre o mapa e o guia turístico das preciosidades a visitar
ou a vislumbrar. Assim ainda não foi desta que fui ao Gerês, a Trás-os-Montes
ou bordejando a margem norte do Rio Douro, para montante.
Mas o Norte está diferente e poucos troços verdejantes se encontram ao
longo dos caminhos ou pelos atalhos. Casas, muitas casas, sejam ou não "maisons"
dos "avec" que irrompem agressivamente na paisagem, numa fúria
de "apagar" o passado, sejam ou não melhoradas as condições de
habitabilídade; os campos e as povoações já não ostentam aquele equilíbrio
entre o "natural" e o humanizado. No Mindelo, onde os meus pais
herdaram a casa de verão do meu avô materno, já pouco resta do
antigamente, havendo um contraste nítido entre o coração do povoado inicial e
as "cogumélicas" casas de grandes ou menos grandes e cuidados jardins
que nascem à beira‑mar duma praia rochosa e arenosa que cheira a iodo. Das
casas do Zé Povinho, persistem algumas poucas e arruinadas, de granito, que
desta feita a máquina fotográfica registou.
Mas, passado o Verão, o Mindelo e a Póvoa de Varzim retomam a calma
e pasmaceira que os "turistas" quebram com o seu
"cosmopolitismo" e juventude. Já em Vila do Conde, onde ainda se
mantém o ar antigo e uma ou duas ruas manuelinas; (com mais janelas e portas do
que em Setúbal), o equilíbrio e o sossego mantém-se pelo ano inteiro.(MBC -
1990.09.19)
1993
Está uma bonita tarde de Verão, soalheira e cheia de luminosidade. Ao
contrário de anteontem, quando o dia amanheceu frio e nublado, tal como
acontece no final de Agosto, lá no Mindelo, perto de Vila do Conde, onde nos
últimos anos tenho passado as férias, férias que este ano começarei na segunda
quinzena deste mês, com as minhas criancinhas, embora ainda não tenha decidido
se vou para o Norte, como nos anos anteriores, ou se fico por Setúbal.
(MMA 1993.08.07)
Finalmente a bagagem está toda ali à porta ou no corredor,
aguardando o seu transporte para o velho Renault 5, meu companheiro de longas
viagens. Tudo isto teria sido mais rápido se as criancinhas ajudassem, mas
entre cada transporte ou arrumação surge sempre uma série na televisão que elas
têm de ver ou um livro para o Rui ler !
Se o meu carro fosse de confiança amanhã metia-me auto-estrada do Norte
acima, pois não tenho paciência para esperas e transbordos. Assim, tenho de
passar por Paço de Arcos, descarregar, comprar bilhetes para o comboio, voltar
a carregar o carro, levá-lo no dia seguinte para Santa Apolónia com uma hora de
antecedência, secar na estação até à hora da partida,
embarcar, desembarcar em Campanhã, esperar pelo descarrego do
carro e ala para o Mindelo. Como se vê, uma aventura que se
repetirá no regresso, onde espero ficar em Paço de Arcos alguns dias, em
Setembro. (MMA 1993.08.17)
Já passou a hora de almoço e já foi tempo de passar por Santa Apolónia
para comprar os bilhetes de comboio para o pessoal e para o carro. Embarcaremos
no domingo após o almoço. Embarcaremos? Não seria mais
apropriada dizer ... encomboioremos?
Gosto de ir até ao Mindelo, embora a casa precise de arranjos,
designadamente pintura, manutenção dos tacos do soalho e das madeiras de
janelas e portas, de um aquecedor de água e de uma banca de alumínio na
cozinha.. Fica a poucos metros da estação, com ligações ferroviárias ao centro
do Porto (a Sul) ou a Vila do Conde e Póvoa de Varzim (a Norte), em viagens que
não ultrapassam os vinte minutos. Para além disso a praia fica a 2
quilómetros. E depois sempre há pessoas que me vão reconhecendo ao fim
destes anos. No centro da aldeia o homem dos jornais, o talhante, os donos do
minimercado, a rapariga da padaria. Mais adiante, junto à praia, a dona de
outra loja, um pouco maior e com maior variedade de mercadoria. (...) Gosto da
casa e do sítio, mas fica demasiado longe para se ir lá durante o ano.
No verão a população aumenta grandemente, pois trata-se duma
praia muito procurada, com cheiro a algas e maresia, calma na zona rochosa
e com ondas alterosas e batidas na zona arenosa, embora fria e ventosa para o
meu gosto de pessoa nascida e criada nos trópicos. Deste modo no verão, com o
comércio, o pessoal da terra procura tirar o sustento para o resto do ano. Fora
isso as pessoas vivem da pesca e da agricultura (por trás da casa há um enorme
campo que se cultiva), enquanto na praia se recolhem as algas para adubar
as terras.
Por isso há três zonas habitacionais distintas: a mais antiga e
tradicional, onde existem o centro comercial primitivo, em torno do adro da
igreja velha, e algumas grandes casas típicas de lavradores abastados como a
dos meus bisavós maternos para os lados de Barcelos. Mais perto da estrada
nacional, para o sítio onde fica a casa de verão que foi do meu avô materno (um
homem na cidade criado numa aldeia e que não perdeu o apego ao campo), abundam
as casas de emigrantes, umas mais modestas, outras mais sumptuosas, estilo
maison sem arvoredo, encafuadas em minúsculo quintal. Entre estas duas zonas fica
a estação ferroviária. A terceira zona, junto à praia e ao longo da costa, é a
zona dos veraneantes, mais ou menos endinheirados, com enormes casas no meio de
grandes quintais arborizados ou com prédios compridos de vários andares. Neste
local fica uma outra zona comercial com frutaria, talho, padaria, minimercados,
peixaria, tabacaria, restaurantes e geladaria, entre outros. (MMA - 1993.08.20)
O Mindelo é para mim um quartel-general donde parto para as minhas
explorações paisagísticas e turísticas. Para o interior e ao longo dos rios
dão-se belos passeios, com protestos da Susana, que não aprecia ver pedras e
monos. (MMA - 1993.08.21)
1994
O tempo está frio e cinzento, como aliás sucede desde a nossa chegada. No
entanto, ao contrário dos dias anteriores, o sol ainda não deu um arzinho da
sua graça. Daqui da janela da sala avisto as couves enormes que crescem no
quintal e, mais além, os campos verdejantes e, ao fundo, uma mata [um
renque] de árvores cujo nome desconheço.
O Rui e a Susana vêm televisão na sala da frente enquanto a
minha mãe dorme no quarto dela. Ainda não fui à praia (o tempo não ajuda,
embora esteja cheia de gente) nem dei nenhum dos meus passeios. É difícil fazer
andar uma "carruagem" com tantas locomotivas, cada um com seu gosto e
hora de levantar. (MFP - 1994.08.21)
(...) Hoje à tarde fui dar um passeio turístico, aqui pelos arredores, de
estradas estreitinhas, com muros de pedra e latadas, ou campos verdejantes.
Tirei algumas fotografias para a colecção. Nada mais tenho programado a não ser
irmos a Braga, na próxima 6ª feira, e ao Porto um dia destes. Os dias
melhoraram, estão mais quentes, mas não me apetece ir à praia. Fora isso vou às
compras e passeio‑me por Vila do Conde e Póvoa de Varzim. (MFP - 1994.08.23)
1996
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem
dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal,
resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que
reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da
Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas
que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou
"abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro
de viagens, quer para outros, com diferente temática.
1997
Na praia faz‑se a apanha do sargaço, na praia, utilizado na adubagem dos
campos agrícolas. Aqui situa‑se uma reserva ornitológica. (Notas de
Viagem, 1997)
A VIAGEM
chegada a Campanhã (Porto)
a estação do Mindelo
NA POVOAÇÃO
o largo da igreja com o cruzeiro - 1977
no cruzeiro, onde se realizava uma pequena feira semanal - 1977
cemitério
NA PRAIA
sargaços na praia, adubo para os terrenos agrícolas
Teresa, Zé Luís, Isabel e Carlos
CASA
1976 - Maria Emília (+), Manuel (+), Senhora Conceição (+), Isabel, Zé Luís CF (+), Zé Barroso (+), Zé Luís NS (+), Teresa, Carlos, Alexandrina (+) (foto Victor Nogueira)
por ocasião do falecimento do meu
avô Barroso (a Celeste, grávida da Susana, ficara em Évora. A Isabel está grávida do João)
1977
Maria Emília, vizinha Amélia e Zé Barroso
Alexandrina, Maria Emília, António e José Barroso
1979.08 - Avô António, Maria Emília e Zé Barroso
1983.12
1989
1992
Mindelo - Fotografando Joana Princesa - Foto de Susana Silva
1989
1992
NA RUA
1977 - Celeste, João Filipe, Victor e Susana
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2000
Recordações que perduram.
ResponderEliminarBeijinhos.