segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Barcelos e Barcelinhos

* Victor Nogueira (texto e fotos)

1997


Barcelinhos é numa margem do rio Cávado e Barcelos  na outra. Sobranceiro à ponte medieval que liga as duas povoações encontra-se o paço dos Condes de Barcelos, arruinado devido ao terramoto de 1755, mantendo-se apenas as paredes e uma alta chaminé, funcionando como museu arqueológico ao ar livre. Ao lado situa se a igreja matriz de Santa Maria Maior,  romano gótico. Imponente é o palácio Solar dos Pinheiros, de aspecto medieval, com duas torres rectangulares.

O progresso, a necessidade de expansão urbana e novos edifícios levaram à demolição das muralhas durante o  século XIX. Subsistem alguns panos da muralha e a torre de menagem (Torre da Porta Nova ou antiga Torre do Cimo da Vila), esta transformada em posto de turismo e de venda de artesanato regional, cerca da antiga rua Direita, hoje denominada de D. António Barroso, lembrado numa estátua defronte do edifício do município. Perto fica a Igreja dao Senhor Bom Jesus da Cruz, de planta octogonal, e o Passeio dos Assentos, florido jardim, seguido dum vasto terreiro arborizado, o Largo da Feira, esta realizada semanalmente às quintas-feiras: é uma feira de origem medieval, especialmente dedicada à venda de olaria, embora os produtos da lavoura e a venda de gado não ocupem lugar menos importante. A cerâmica é característica, de carácter profano ou religioso, colorida - cenas da vida rural, fauna e animais fantásticos. Pratos de barro vidrado vermelho acastanhado com desenhos em traço amarelo.


É de referir a lenda do Galo de Barcelos, que deu origem a uma imagem característica e multicolor, de enorme crista vermelha, o galo de Barcelos; conta-se que um galo morto e cozinhado cantou de madrugada, assim demonstrando a inocência de quem seria justiçado por um crime que não cometera. Doutra lenda dá conta o cruzeiro - figurativo - do Senhor do Galo, com um homem suspenso da forca sobre um personagem barbado com alforge e báculo ou bordão, que não é senão Santiago, o Maior, cuja invocação o salvou. Da primeira lenda dá conta o cruzeiro do Senhor do Galo, proveniente do lugar da Forca Velha, em Barcelinhos, obra do séc. XIV. (Memórias de Viagem, 1997)

2014
No ponto mais elevado da cidade, em posição dominante sobre o rio, o paço dos Condes de Barcelos e Duques de Bragança foi o edifício mais importante de toda a localidade, tutelando o espaço e os homens da região durante séculos. Construído na primeira metade do século XV por ordem de D. Afonso, oitavo conde de Barcelos e primeiro duque de Bragança. Deste Paço, que era um castelo apalaçado, restam pouco mais do que algumas paredes e uma chaminé tubular. A sua ruína  iniciou-se no final do século XVIII. O seu recinto  alberga o  Museu de Arqueologia, onde se encintram testemnhos do povoamento da região, desde sarcófogos medievais, marcos da Casa de Bragança, elementos de igrejas e conventos, para além de pedras brasonadas de antigas casas nobres.

Com quatro chaminés de grande altura, este edifício era a construção mais rica de Barcelos na época em que foi construído. Nas ruínas actuais já não é visível a torre que se situava entre a ponte e as chaminés. Terá sido bastante danificada pelo Terramoto de 1755, ruindo definitivamente em 1801. Em 1872, em face do estado do edifício, o município de Barcelos, mandou demolir o que restava, aproveitando a pedra para calcetamento das ruas da vila, o que se não concretizou na totalidade, devido a diversos protestos, O que subsiste não representa senão uma pálida imagem da sua grandeza inicial. O célebre arquitecto Ernest Korrodi, com intervenções fantasistas no jardim público de Évora  e no Castelo nde Leiria, entre outras, não chegou a concretizar os seus projectos de "restauro", no âmbito da recuperação do património edificado, durante o chamado Estado Novo. Este arqitecto é o ator do edifício da Caixa Geral de Depósitos, na antiga Rua Direita.

Actualmente este Paço alberga o Museu Arqueológico de Barcelos, que aí foi instalado no início do século XX.    Museu com ar de bric a brac.

O Edifício Solar dos Pinheiros ou Paço dos Duques de Barcelos, foi construído no século XV, tendo elementos manelinos O edifício dos Paços do Concelho foi muito ampliado no século XIX,  a partir do original, medieval, de que conserva as arcadas térreas. e a torre.,  tendo incorporado também edifícios circum-vizinhos, como o Hospital do Espírito Santo (que albergava os peregrinos de Santiago de Compostela) e a Capela de Santa Maria, ambos do século XIV, assim como a Igreja e Hospital da Misericórdia. ambos do século XVI. A Matriz de Barcelos, terá começado a ser construída no século XIV sofrendo diversas transformações ao longo dos séculos.

No lado de Barcelinos é de referir a Capela de Nossa Senhora da Ponte, construída em 1328 e reformulada no séc. XVII, sob cujo alpendre podem ainda ver-se os bancos e pias de pedra (lava-pés) para descanso dos peregrinos.

BARCELINHOS











BARCELOS


Barcelos no Livro das Fortalezas, de Duarte d'Armas (1509/1510)



o Paço segundo o pintor Manuel Luís Pereira - 1786


1903 – Restauração do Paço dos Condes de Barcelos (Projecto Korrodi [1870-1944]).





azenha


Rio Cávado



PAÇO DOS CONDES DE BARCELOS E MUSEU ARQUEOLÓGICO







cruzeiro do Senhor do Galo,  proveniente do lugar da Forca Velha, em Barcelinhos, obra do séc. XIV













Paços do Concelho





estátua de António (de Sousa) Barroso, que foi Bispo do Porto
da autoria Arq. Marques da Silva e do escultor Sousa Caldas. (1931)



igreja matriz de Santa Maria Maior ou  da Colegiada


Solar dos Pinheiros



Rio Cávado


Ruínas do Paço dos Duques de Bragança / Ruínas do Paço dos Condes de Barcelos

IPA.00001925
Portugal, Braga, Barcelos, União das freguesias de Barcelos, Vila Boa e Vila Frescainha (São Martinho e São Pedro)
Arquitectura civil residencial, gótica. Paço condal e ducal fortificado, de planta irregular, com a forma predominante de um L, composta actualmente por três corpos rectangulares, de diferentes tamanhos, dois deles dispostos em eixo, assente em plataforma poligonal de granito. Do paço apenas restam parte das fachadas e algumas paredes interiores, assim como três dos cinco corpos que o formariam, e que se uniriam, à torre que se erguia sobre a ponte. Apresenta claramente um marcada influência militar, que se insere bem nas soluções da Idade Média tardia em que a arquitectura militar e a palaciana se tenderam a miscigenar (ALMEIDA, 1990), originalmente com remates em merlões, ligado a uma das torres da muralha que o envolvia, assente sobre plataforma de feições também militares, com panos em talude, remate em cordão e parapeito, assentuadas no séc. 19 com a colocação de merlões e bases para guaritas, que hoje em dia já não existem. As fachadas, em aparelho de granito, de dois registos, são rasgadas por portais em arco quebrado e angular e por janelas de verga recta, algumas com cruzeta e conversadeiras interiormente. No interior subsistem ainda alguns fogões de sala em granito com altas chaminés circulares. Estas características são em tudo semelhantes ao Paço Ducal de Guimarães (v. PT010308340013), também ele construído por volta da mesma altura por D. Afonso, também com inspiração em modelos do Norte da Europa, nomeadamente de França, nos remates em merlões e na forma dos altos e agudos telhados que também existiriam no paço de Barcelos e que coroariam as chamadas "casas torres". O recurso às janelas cruzetadas é uma influência claramente francesa, difundida em diversos palácios a partir do séc. 14. Esta influência poder-se-á explicar pelas viagens de D. Afonso à Europa e aos lugares santos que este havia efectuado antes de iniciar a construção do paço.
Número IPA Antigo: PT010302140002
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http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1925

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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?